quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Séries: The OA - Resumo Levemente Crítico

The OA - Resumo Levemente Crítico

***Contém Spoilers... Muitos Spoilers!!!***









          A série inicia-se com um dos maiores prólogos que já vi. São cerca de 56-57 minutos que estendem o primeiro episódio em seus mais de uma hora e dez minutos. No fundo o recurso de narrativa procurou englobar o primeiro episódio ao segundo de forma não ter uma quebra pontual entre os episódios. E isso ocorre pela série toda dando uma fluidez contínua entre os episódios. Efeito bem interessante de continuidade que é muito favorecida pelo modo que eles são exibidos no sistema da Netflix. Geralmente, quem se utiliza desse serviço de Streaming assiste mais de um episódio seguidos de suas séries. A forma, de forma genérica, das séries são padronizados. Com cada episódio contendo uma história ou parte de uma história maior que se encerra em si mesma. Então, a série, no geral, é constituída de um monte de peças que darão o formato final ao que conhecemos. Sem contar que quando é uma série padronizada, pelo menos mais que o normal, com muitos episódios, ocorre de repetições de ideias clichês, tais como víamos nos desenhos dos anos de 1980-1990, com temas, geralmente moralistas, sobre o uso de drogas, a questão de obedecer, alguém que sofre alguma perseguição, o malvado que acaba ajudando o bonzinho por algum bem em comum, enfim, os mais atentos captam os “plágios” existentes nesses episódios muletas com temáticas coringas.

      De uns tempos para cá, muitas séries contam uma história fechada. Exemplo é “American Horror History” que em cada temporada aborda um enredo diferente, mesmo que mantenha o elenco todo da história anterior. “The AO” é uma história contínua. Não se encerra completamente nessa temporada mas dá indícios de uma continuidade. E isso faz toda diferença pois alguns pontos abordados, aparentemente, dependem dessa continuidade.

      Voltando ao prólogo. Ele é um pouco modorrento, quase chato. Porém, ao fim de pelo menos 30 minutos nós já estamos fisgados pela história da garota que ressurge depois de 7 anos desaparecida. Prairie Johnson (Brit Marling) aparece do nada, entre os carros numa grande ponte, e vai até a borda da mesma, olha para trás, e se joga nas águas que estão a metros abaixo de si. Tudo gravado por um celular de uma criança que só ouvimos a voz.

      Ao invés de se estabacar na água, ela apenas sofre alguns danos, nada graves, pela pancada. Encaminhada ao hospital a polícia vai descobrir que ela está desaparecida há 7 anos. Seus pais são chamados e ela é reintegrada ao convívio familiar, há uma comoção da mídia e da população. Principalmente pelo milagre que Prairie sofre. Ela quando sumiu era cega e agora voltou enxergando. A reintegração não é nada fácil. Principalmente por ela ter a necessidade de voltar e resgatar outras pessoas que estavam com ela no cativeiro.
Não consegue se abrir para os pais nem para a polícia. Então, numa atitude desesperada, contrariando ordens médicas, convoca pessoas que possam ouvir sua história para conseguir ajudar os outros reféns.

      O grupo que ouve seu chamado é constituído de 5 pessoas deslocadas e com seus problemas pessoais nada simples:
- Alfonso/French (Brandon Perea) – garoto inteligente, que carrega a casa nas costas por causa de uma mãe problemática que não consegue trabalhar, ele acaba usando droga para conseguir lidar com a tripla jornada, trabalho, cuidar do irmão e estudos;

- Jesse (Brendan Meyer): um garoto quieto que afugenta a tristeza de ter perdido a sua mãe e a solidão com drogas;
- Buck Vu (Ian Alexander): transexual que se utiliza dos serviços do traficante do bairro para conseguir seus hormônios para a transição e ainda lida com a incompreensão de parte da família por sua condição;
- Steve Winchell (Patrick Gibson): o garoto problema do bairro, traficante que provê, por preços justos, o vício dos demais, não sabe lidar com seus próprios problemas e tem grave dificuldades com sua raiva interior, e devido as complicações que causa os pais o querem colocar num colégio militar;
- Betty (Phyllis Smith) – a professora dos outros jovens citados na escola da região e com seus 50 anos já amarga pela vida está descrente na melhora das pessoas, ainda leva o peso de um relacionamento conturbado com o irmão que faleceu há pouco.

      O quadro está fechado e Praire inicia seu relato, e é aqui que os créditos surgem, enquanto ela vai revelando sua vida, como foi adotada pelo casal Johnson, filha de um russo rico que foi preso e assassinado por um grupo de bandidos. Nesse período que esteve com o pai foi vítima de uma emboscada, e sua van, que a levava para a escola, cai num rio e ela “morre” pela primeira vez. No outro lado, conversa com uma entidade sobrenatural denominada Cathun que dá a chance dela voltar, porém, ficaria cega e sofreria. Ela aceita e volta a vida de sua experiência de morte. Com o pai morto uma tia nos EUA cuida dela, que por coincidência era uma traficante de crianças e assim os Johnsons conseguem sua adoção e começa sua jornada à fase adulta. Diagnosticada a ter tendências à problemas psicológicos é medicada a vida toda com uma droga que a deixa “desligada”. Um dia, motivada por um sonho ela vai tentar achar o pai e é capturada pelo Dr. Hunter Aloysius/ “Hap” Percy (Jason Isaacs) e no cativeiro conhece seus companheiros que servirão de cobaias humanas para os experimentos sobre vida pós-morte de “Hap”. Que os mata sucessivamente para observação os trazendo sempre de volta. Os quatro companheiros são: o determinado Homer (Emory Cohen), quieta Rachel  (Saron Van Etten), o doente e resmungão Scott Brown (Will Brill) e a novata, enganada por Homer, Renata (Paz Vega).

      Entre tentativas frustradas de escape Prairie descobre um lance místico que poderá ajudar a se livrarem do cativeiro acessando outros planos de existência. E tudo é mais que frustrado por “Hap” que pega a garota e a abandona, por ela ser a cabeça do grupo, numa estrada longe do lugar do cativeiro.  

      Sim, tudo cheira a piração da Nova Era mas é o modo que Prairie conta as coisas que faz diferença. A série toda celebra o “contar uma história”. A narrativa tem mais importância em si do que o que realmente acontece na tela. E tudo leva a crer que há sim um jogo de verdade e mentira por trás. E é isso que vou tentar analisar na próxima parte desse meu comentário semana que vem.

       
















Nenhum comentário:

Postar um comentário