segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A esposa


A esposa




  Glenn Close arrasa com a cara da sociedade.
         Assim que soube desse filme já me chamou atenção e quis assistir. E semana passada Close ganha o Globo de Ouro e fico mais curioso. Quando assisto percebo que o filme é nada mais nada menos que a história de milhares de mulheres que perdem espaço para que seus maridos, pelo simples fato de serem homens, se destaquem.

E o filme não é de falas, o que torna tudo tão mais instigante, é de gestos, olhares, choros reprimidos, ponderações e máscaras sociais. E, novamente, sendo repetitivo, Glenn Close arrasa. O filme tem uma história bem construída, um elenco, mínimo, afiado e, mesmo assim, ele é todo da atriz principal. Close faz a resignada Joan Castleman esposa do renomado escritor Joe Castleman (Jonathan Pryce) que já no início do filme é notificado que é o ganhador do Nobel de literatura. Ego inflado Joe se vê laureado com a premiação que considera sua obra toda. À sua sombra, Joan também curte a grandiosa nomeação ao prêmio. Contudo, a viagem e a insistência de um jornalista, Nathaniel Bone, feito por Christian Slater, faz surgir um espinho doloroso, talvez os escritos não sejam realmente de Joe e sim de Joan. Flashbacks vão nos mostrar que não é algo tão simples assim a história. Após essa revelação, só percebemos o brilho de Close.
Tudo até então que aparentava uma coisa se torna com um sentido mais profundo e triste. Uma mulher que faz jus ao ditado popular “Por trás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher” e que mulher grandiosa é Joan, ela sabe o que fez, o motivo do que fez, não se arrepende, mas sofre, tudo poderia ter sido diferente se o mundo não fosse de homens inseguros que podam as mulheres de todas as formas para se manterem nos seus cargos/pedestais de sublimidades e privilégios.
        
O discurso de Close na premiação do Globo de Ouro foi eloquente, ela disse que a mãe dela foi uma Joan na vida, e quantos de nós já não foi amigo, vizinho, colega de trabalho, sobrinho, neto, filho, namorado ou até mesmo marido de tantas Joans por esse mundo afora? A Joan é alguém próxima a nós que vivemos num mundo onde o patriarcado domina e prende, domina ou mutila a capacidade feminina. E muitas vezes, nem no momento de libertação, o homem desse patriarcado permite que a mulher se solte, pois esperneia e tenta roubar o tempo todo a atenção para si. Mais que isso é dar spoilers pesado. Contudo, se o que te contei, sendo você homem, te assusta ou te “entedia” é sinal que é o filme que falta na sua vida.  Quanto às mulheres, elas entenderão muito mais, como sempre.


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