segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A Chegada - Mais um filme de Alienígenas

A Chegada



       Filme dirigido por Denis Villeneuve, que consta em sua filmografia obras até interessantes, mas não consta do meu repertório. Com Amy Adams, Jeremy Renner e Forest Whitaker que interpretam na ordem, Dra. Louise Banks, Ian Donnelly e Coronel Weber.


O mais mal aproveitado é Whitaker pois é apenas um figurante de luxo. Não existe desenvolvimento para o personagem. Do jeito que aparece, continua até desaparecer de cena. A personagem que mais teria motivação e aprofundamento ficou para Adams, porém o filme é formal demais e ela apenas executa sua função, interpretar bem o personagem, que já é algo acima da média. Já assisti vários filmes com essa atriz. Gosto muito dela. Aparentemente um jeito e rosto comum, mas uma força poderosa de atuação. Não vi um filme que ela estava abaixo da média. Mesmo atuando com a diva Streep, ela não se apagou em “Dúvida”.
Foi contundente e recebeu merecidas indicações de coadjuvante por “Retratos de Família”, o já mencionado “Dúvida”, “O Lutador”, “O Mestre” e, como atriz principal, é em “A Trapaça” que consegue mostrar sua verve (palavra pedante essas... mas deixa aí) justificando a indicação à Melhor atriz no Oscar de 2014. Sem contar as inúmeras indicações ao Globo de Outro, a qual ganhou por “A Trapaça” e “Big Eyes”, como Melhor Atriz – Filme Musical ou Comédia. E aqui sendo um pouco maldoso, para variar, conseguiu dar substância à personagem mais “míope”, para falar o mínimo, de todos os tempos das histórias da cultura pop da atualidade: Lois Lane em “O Homem de Aço”.
E como último dado sobre ela, por esse filme, foi indicada, mais uma vez, ao Globo de Ouro de Melhor Atriz – Drama, perdendo para Isabelle Huppert, que está ótima em "Elle". O Renner, bom, é aquilo né...


       A história se passa quando 12 naves em formato de concha pousam em vários pontos do planeta. E, para variar, quem vai tentar descobrir se os alienígenas são bonzinhos ou não são os americanos através do exército e de dois especialistas, um em Física, e outra a Dra. Banks que é menosprezada pelo colega de consultoria espacial por sua área de atuação ser a Linguística.  No entanto, apesar da ajuda do outro cientista é Banks que consegue contato e as primeiras “palavras” para traduzir. E lógico que a nação rival, China, vai colocar tudo a perder querendo declarar guerra aos forasteiros só pelo fato de fazerem uma má tradução das palavras alienígenas.


       O filme trabalha o tempo todo com omissões de informações até percebermos que fomos induzidos a acreditar em uma coisa quando o que vemos em certos momentos é outra. A história fica um tanto confusa, apesar da simplicidade do enredo, que peca pelo que falei acima. Senti um pouco enganado quando as coisas começam se encaixar. Nada que seja grave. Porém é um filme que extrapola um pouco do entendimento básico do grande público. Brinca com a ideia de linguagem universal e em vários momentos lembra outros filmes do gênero como a música irritante de “trombones” de “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1978) e o vazio filosófico e estético do filme “Contato” baseado no livro de Carl Sagan (1997).


       Mesmo que eu não tenha sido generoso no comentário, estou meio amargo esses dias, é um bom filme. Não o melhor da minha vida, mas um bom filme. Bem executado e com uma fotografia, burocrática, bonita.

       Interessante notar a pedagogia que Banks se utiliza para iniciar a comunicação com os seres estranhos de outro mundo. Enquanto os “cientistas”, militares e os políticos querem algo pronto e determinante, ela sabe muito bem que uma língua nova denota calma e perspicácia para não incorrer em má interpretação. E sua falsa história sobre os “cangurus” da Austrália ilustra bem isso. O filme todo busca dar uma resposta para a falta de comunicação dos humanos e já aponta para uma forma de ajuda mútua entre todos os povos do mundo para se chegar a uma boa relação. E, qual linguagem é a universal no filme?

       Claro que não é a escrita circular e borrada das criaturas. Entregando de bandeja a reflexão: lógico que é o amor. É só o amor que pode salvar a humanidade, um amor que denota relacionar-se com o outro. Um amor prático. Entendedores e “assistidores” entenderão... Eu espero. 


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