segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Animais Noturnos - Filme de Excelências

Animais Noturnos





           “Animais Noturnos” é um filme que conta uma história dentro da outra. Cada qual com sua textura própria, com sua personalidade bem distinta apesar de intimamente ligadas. Enquanto tentamos entender que acontece com Susan Morrow, que só empacota coisas em sua mansão, chega-lhe um texto de um livro de seu ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal) que enquanto personagem só aparece nos flashbacks das lembranças de Susan.
Em si mesmo é a própria lembrança do que Susan deixa para trás em busca de uma vida mais condizente com sua expectativa de vida com o bonitão Walker Morrow (Armie Hammer). A separação dos dois foi pautada por um evento traumático que só descobrimos quase ao fim. Enquanto vemos que o verdadeiro problema de Susan é falência do marido e consequente traição, filha distante, e insatisfação com a carreira que escolheu. Ao invés de ser uma artista ela negocia arte. E diante da leitura da obra do ex-marido se vê permeada de sentimentos nostálgicos não tão superados. Todo o livro de Tony é uma referência velada por uma história fictícia ao que Susan lhe causou.


        O livro, por sua vez, vai acompanhar a trajetória  de Tony Hasting numa dupla interpretação de Gyllenhaal, que está viajando durante a noite com sua esposa e filha Laura (Isla Fisher) e India (Ellie Bamber) que são atacados por três homens que os barbarizam. No restante da história vemos um Tony desesperado buscar por justiça com a ajuda do xerife que cuida de seu caso, em estado de câncer terminal nos pulmões, Bobby Andes (Michael Shannon). Mesmo que o resultado seja um tanto patético Tony vai até o fim.


      
  O filme é de excelência técnica. O mais interessante é que nas duas histórias temos um tratamento diferenciado na fotografia. Enquanto na história “real” de Susan vemos tudo realçado pela beleza. Vemos todos muito maquiados e bem vestidos, a casa com limpeza antisséptica. Roupas da moda. É uma parte feita por rico para rico ver, com um tratamento praticamente publicitário. Tenho que lembrar aqui que o diretor não é ninguém menos que Tom Ford, estilista de moda mundialmente famoso. Porém isso ficaria na mesmice e no “nada original” não fosse a contraparte “ficcional” do filme. Onde a história escrita por Edward é mostrada. Ela tem uma fotografia mais crua, pautada por um realismo.
Vemos as marcas nos rostos dos atores. “Não” há maquiagem. É como se o diretor quisesse mostra na “realidade” a ficção do mundo de Susan que tem seus sonhos desfeitos mas tenta manter as aparências e na “ficção” a realidade do sofrimento de Edward que se revela através da literatura.


        Como disse o filme é de excelências. Por mais que se fale apenas da Amy Adams temos os coadjuvantes perfeitos em suas atuações. No mais o roteiro baseado no livro de Austin Wright, Tony & Susan, com falas interessantes e direção pontual e clínica de Ford. Com certeza já temos um grande injustiçado no Oscar levando apenas a indicação de Melhor Ator Coadjuvante para Shannon.
Mas quem ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza não necessita de um prêmio que cada dia está mais e puramente mercadológico. Nem sempre os realmente bons ganham por lá.  




Um comentário:

  1. Considero que todos os aspectos do filme estiveram muitos cuidados. O personagem de Michael Shannon é o melhor, ele fez um ótimo trabalho. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes em 2018 acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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