Garotos de Programa
Como já
disse, trabalhei numa locadora nos anos de 1990. E entre tantos títulos havia
esse, “Garotos de Programa” com dois atores bonitos e bons: River Phoenix e
Keanu Reeves. Keanu nos assola até hoje com seus filmes já River morreu de
overdose em 1993. Esse filme, para se ter uma noção da precocidade da morte de
River, estreou em 1992 no Brasil. Assim que pude eu assisti e gostei muito.
Neste
filme seguimos um recorte da vida de Mikey Waters (River Poenix) que é um garoto de programa com narcolepsia,
distúrbio que o faz dormir de repente. O
cotidiano duro de Mikey faz com que anseie por uma boa companhia, mas seus
clientes o usam, pagam e vão embora. Sua carência é representada pela procura
perene de uma mãe perdida. Quando aparece em sua vida Scott Favor (Keanu Reeves)
que se torna um amigo. Porém, um afeto mais íntimo não é desejo de Scoot que
não se “identifica” com a homossexualidade suja das ruas e só está na vida para
desagradar o “pai” rico. E como sempre
parece acontecer no jogo de amor, o que se apaixona é o mais vulnerável, Mikey
fica evidentemente em desvantagem diante de Scoot e sua narcolepsia não ajuda
nem um pouco.
Na
época que assisti estava morando numa pequena cidade e essa temática era tão longínqua
que não vi aquilo como nada além de ficção. Passados bem uns 20 anos, e morando
em um grande centro urbano, percebo que aquela realidade é mais presente que
deveria. Como bom observador, noto os inúmeros Mikeys se perdendo em seus
distúrbios narcolépticos, uma metáfora para drogas ou outros escapismos, e
apaixonando-se por Scoots que só estão ali para contrariar algo, mas são
bancados, material e afetivamente, por “pais”. Não entenda com um peso de
julgamento o que acabei de escrever. Por mais que pareça não julgo só observo. Não
acho que nessa dialética haja um “bonzinho” e um “malvadinho”. O interessante mesmo é que um filme de 1992
ainda seja tão representativo em 2017. Por certo que é um filme amargo e
esquecido. A tendência é querer assistir outros filmes mais “leves”. Para quem
gosta de cinema, é um bom exemplar do segmento gay dirigido pelo sempre
instigante Gus Van Sant que imprime uma direção forçadamente crua e com
pretensa neutralidade.
Assista.
Vale para enriquecer seu arcabouço cultural. Não espere um “happy end” e nem
espere ver uma cena tórrida de sexo. Van Sant é sofisticado demais para
promover algo desnecessário.
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