Glow
A
Netflix acertou a mão em várias empreitadas. Com “Stranger Things” ela aflorou
a ânsia e desejo nostálgico por um período ainda pouco explorado no
entretenimento, os anos de 1980. Todos os adultos de agora, na faixa dos 40
anos viveram sua infância neste período. Então é óbvio que as pessoas vão
querer ver coisas associadas a essa época. Alguns filmes hollywoodianos já
sacaram isso e tentaram emplacar. A Netflix, com seus algoritmos mágicos e
cabalísticos, percebeu e conseguiu a um custo menor produzir séries que remetem
essa época. E “Glow” parte desse princípio de nostalgia.
O cineasta
decadente Sam Sylvia (Marc Maron) para financiar um projeto decide dirigir um
novo programa para televisão, um programa de luta livre com mulheres. Algo não
feito ainda. Convoca um grupo de mulheres de todos os biótipos para seu
intuito. Entre as suas convocadas estão a desempregada, frustrada e apagada
atriz Ruth (Alison Brie) eu sua melhor amiga que se torna sua inimiga Debbie
(Betty Gilpin).
Essa inimizade surge por Ruth ter dormido com o marido de
Debbie. Além de enfrentar uma crise pessoal na vida, Debbie, está com um filho
recém-nascido e ainda amamenta. E pressionada pelo marido se afasta da carreira
de atriz, do qual também estava sendo boicotada pelo sistema machista que não
consideram mulheres dignas de bons papéis na televisão. Ruth também sofre com
esse processo massacrante que em parte é o grande desencadeador de suas
frustrações e escolhas erradas.
Um grande elenco de mulheres também é escolhido
para a nova produção que consistem em mulheres fazendo luta livre. Todas são
levadas a um hotel de terceira para treinar e iniciar o piloto do programa. E
surgem os conflitoss. Disputa de poder, desentendimentos financeiros com o
produtor inconsequente. Inabilidade no processo de treino. E o atrito entre
Debbie e Ruth se acentua e vários dramas particulares se estabelecem entre os
personagens.
A
proposta de “Glow” é ser uma comédia que revive o clima oitentista. O que
cumpre até certo ponto. O humor não é rasgado e fica mais com cara de uma
novelinha dramática do que realmente algo humorística. E o marketing usado pela
Netflix é mais glamoroso que o retratado nas propagandas. O que acaba criando
uma expectativa que é frustrada por não vermos representado na tela o que foi
prometido. Por todo o contexto a série não é ruim, mas ainda está longe de ser
a melhor do gênero. O que auxilia é a aura simpática que assume. Se lhe falta
brilho, tem-se muita simpatia. Não há personagens marcantes apesar de algumas
tiradas boas. No geral é uma série para se perder algumas horas se não tiver nada
melhor para assistir.
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