Demônio Neon - Vazio, Inveja e Terror
Eu estava
planejando outro filme para que fosse o primeiro deste ano. Porém, alguns
probleminhas técnicos me forçaram a escolher “Demônio Neon” e tive uma
surpresa.
E ainda estou
digerindo o filme para entender melhor e poder considerar bom ou ruim. O que
posso dizer é que o filme não é fácil. Em vários sentidos. O começo é estranho,
o desenrolar é um pouco lento e pode provocar um pouco de tédio e o fim é de
embrulhar o estômago.
Basicamente a
história acompanha uma linda garota de 16 anos que, órfã, vai para uma cidade
perigosa e cheia de desafios e tenta uma profissão que também não é nenhuma
tranquilidade e cheia de falsidade, vazio e inveja: modelo.
No caminho
encontra com pessoas que não se mostram muito confiáveis e que querem abusar do
que ela tem de mais perfeito, a beleza e a “inocência”. E o ritmo lento é
justamente intencional para mostrar o vazio que há na indústria de moda. O
tempo todo os atores parecem entorpecidos em seus sentimentos e objetificados.
Não é mostrado nada profundamente para dar a superficialidade necessária. Tudo
é insinuante em relação ao abuso e assédio que a jovem Jesse (Elle Fanning)
pode sofrer a qualquer momento, seja o sexual, moral ou até físico. A única
pessoa que poderia ser uma amizade desinteressada é afastada pela garota com
uma aterrorizante autoconsciência de saber o quanto se é bela e o quanto ela
sabe que a invejam.
E, junto a outros elementos, essa autoconsciência, é que dá
um clima aterrorizante à história. Pois somos sempre induzidos a achar que a
“inocência” adolescente/infantil não é perversa, no sentido psicológico. E é,
pelo menos a Jesse sabe o quanto é bonita e o quanto é única e se utiliza
desses dons para se impor diante das outras modelos e até conseguir alguns
favores.
E aí que o
terror do que era superficialmente sugerido toma o filme e tudo fica mais
direto e dramático.
Não é um filme
para estômagos sensíveis. Tem tudo para se tornar um filme cult entre os
moderninhos. Com metáforas fortes e acessíveis a todos. Como disse, tudo é
intencional e dramático, principalmente diante do fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário