The OA
Como disse, quarta-feira será o dia de comentar alguma série.
E se for o caso destrinchar. Quando a série for mais “tranquila” o comentário
dá para se concentrar em um único texto. Quando não for... bom é o caso dessa
que vou comentar.
Novamente a
Netflix inova com uma série ousada e diferente do que estamos acostumados. Chovi
no molhado dizendo que os produtores de filmes estão destruindo a criatividade
das grandes produções em detrimento do certo e mercadologicamente vendável. E
isso é um ponto muito negativo para eles a nossa sorte é que os filmes
independentes estão ganhando território. E só se deixa levar por essa
estratégia quem não liga de verdade para cinema de qualidade, e quer algo fácil
para digerir ou quem é muito fã de uma franquia por ser adaptação de algum produto
cultural relevante. No mais, o mesmo cansa. Principalmente quem tem horas sentado
numa poltrona de cinema ou de casa.
“The OA” é algo surreal. Diferente mesmo. Ao mesmo tempo é
sutil, esotérico e gostoso de assistir. Tão diferente que já dividiu os
brasileiros no grupo que gostou muito e no grupo que não gostou. Entre os
críticos o mesmo fundamentalismo. Porém, ainda acho, e é quase uma intuição,
que essa série não foi bem compreendida pela maioria. Ela possui inúmeras
referências que eu sequer entendo direito. E como sabemos, nosso sistema de
educação não é o melhor a nos dar um arcabouço cultural para entender de forma
mais ampla e holística o que nos é apresentado. Muita gente assiste à novelas
globais ainda achando alguns autores muito criativos sem perceber que eles
apenas “chupam” as ideias de clássicos de nossa literatura ou ainda, descaradamente,
alguns copiam as ideias dos gringos. Eles partem do princípio que não sabemos
muita coisa.

Indiferente ao nosso problema cultural, hoje, a internet
proporciona uma janela para o conhecimento que antes não tínhamos acesso. Pode
até ser um conhecimento superficial, mas já é algo que baste para mudar um
pouco a mentalidade dos consumidores. Muitos já migraram para as séries
estrangeiras deixando novelas tupiniquins de lado. Enquanto umas emissoras retraem-se
e vão, com uma garantia de adesão, ao texto bíblico, outras até tentam inovar e
são esmagadas pela opinião pudica dos cidadãos de bem.
“The OA” subverte um pouco o formato de séries que
conhecemos. Em primeira instância está a narrativa, e depois a verossimilhança
da história ou até mesmo a verdade. O processo de se contar uma história, o narrar,
nunca foi tão central de uma história quanto nesta nos últimos anos.
Só o fato da introdução, o que precede o início da série com
os créditos, ser de longos mais de 50 minutos já dá outro tom e chama atenção.
Tanto que o primeiro episódio vai ultrapassar o tempo padrão médio. Afinal é um
produto da Netflix e quem conhece o serviço sabe que não há comerciais nem a
necessidade de pausas-ganchos para nos segurar na hora do intervalo. E, também,
entre os episódios há uma fluidez maior, pois temos o recurso de apenas
aguardar o próximo em segundos regressivos sem preocupar em sequer levantar
para mudar para o seguinte.
A série é criação de Brit Marling e Zal Batmanglij, sendo que
a primeira também atua como personagem título, a “OA” e o segundo dirige. Ambos
já fizeram outros filmes de igual potencial místico, e estou procurando-os aqui
para assistir e falar “pro cêis” a respeito.
São vários atores estreantes, principalmente dentro do grupo
de adolescentes que ouvem as histórias de “OA”. Talvez um rosto bem conhecido,
entre os veteranos, seja o Jason Isaacs através da franquia de Harry Potter,
onde interpretou o cabeludo Lúcio Malfoy, grande seguidor de Voldemort e pai de
Draco. Outro nome que desponta também é de Phyllis Smith, que fez a voz, no
original, da fofucha personagem Tristeza em “Divertidamente” sem contar a série
“The Office”. A primeira temporada foi lançada sem estardalhaço na Netflix há algumas semanas e conta com 8 episódios.
Na
próxima quarta começo com um resumo do que é “The OA” para podermos analisar através
das impressões que tive.
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