Feud: Bette e Joan
Sabe quando você assiste algo e ao final só consegue soltar
um “CAR****” ou um “POTALQUILPARILL”? Então esse é o caso. Pelo menos do
primeiro episódio. Já estou para ver o segundo e ainda me sinto embasbacado,
pasmo, passado, atordoado...
A trama acompanha as picuinhas, brigas e desentendimentos
entre dois monstros do cinema no set de filmagem de “O que terá acontecido a
Baby Jane”, Bette Davis e Joan Crawford. Sem se darem conta ambas são
ardilosamente manipuladas pelo então presidente da Warner, Jack (Stanley Tucci)
e pelo próprio diretor do filme Robert Aldrich (Alfred Molina). As duas pegam
fogo e nos ensoberbecem com as deliciosas histórias que ficaram para ser
contadas.
Iniciando-se com o depoimento de Olivia de Havilland (Catherine Zeta-Jones)
e Joan Blondell (Kathy Bates) para um documentário. O teor confidencial não
esconde todo o tom delicioso de fofoca. E isso garante farpas para todos os
lados. Não só entre as duas personagens, mas ao diretor do filme, aos homens
que comandavam a indústria cinematográfica e também às mulheres que viviam
neste contexto. Dá impressão que todas essas informações foram retiradas de uma
grande enciclopédia de boatos controversos e verdades comprováveis e colocadas
ali de uma forma interessante, que causa um efeito cômico, mesmo que afetado, e
nos deixa extasiados.
As
falas de Bette e Joan são dignas de divas, que eram, e ainda são. Bette sempre
mais desbocada e audaciosa, escondendo sua fragilidade e seus problemas
pessoais, contrasta com a falsidade polida e não menos problemática de Joan.
E para interpretar com o peso necessário as duas divas do
passado escolheram duas divas do presente. Por mais que esteja longe das telas
do cinema Jessica Lange provou ser insuperável. Conseguiu ser várias mulheres
pérfidas e más nas diferentes temporadas de “American Horror History” que
participou. Ela é uma mulher que se reinventou na televisão. Considerada velha
para papéis no cinema viu nas séries a oportunidade de brilhar e atuar fazendo
seu melhor. Susan Sarandon é a outra diva escolhida. Mesmo que tenha demorado a
se render aos encantos dos papéis televisivos ela o faz com magistral
desenvoltura e com um papel antológico. Não que não tenha feito nada na
televisão, mas não pareceu ser seu foco até agora. E com ela e Lange ganhamos
desempenhos assustadores em “Feud: Bette e Joan”. É uma fala mais deliciosa que
a outra.
Criada e dirigida por Ryan Murphy tem roteiro
milimetricamente feito para entreter. A força do primeiro episódio está em
apresentar as atrizes que já estava na casa dos 50 anos e sofriam para
conseguir papéis mais dignos nas produções da época. Com dificuldades
financeiras Joan Crawford resolve procurar uma história em que pudesse atuar e
levantar sua carreira sem cair no estereótipo de papeis para mulheres maduras. O
livro em que foi baseado “O que terá acontecido a Baby Jane?” cai em suas mãos
e ela vê o potencial da obra para a tela. Não contente em estrelar um filme que
seria ótimo, em sua previsão, ela escolhe uma “coadjuvante” de luxo para poder
lhe auxiliar a brilhar ainda mais: Bette Davis.
É um risco pois o melhor papel
é dado a Davis e Joan, só querendo angariar simpatia num papel mais ameno fica
com a personagem que julga melhor, Blanche, irmã paralítica de Jane, esta
última dá mais recursos para se talhar a personagem pois mostra uma louca
amargura pelos erros do passado. As cenas onde se reproduzem clássicos do cinema são aterradoras de similares
aos originais. O foco não é o filme, mas o que acontece nos bastidores. Bette
percebe o potencial do roteiro e decide se entregar soberbamente ao personagem.
As cenas em que escolhe as paramentas, figurinos, para compor sua personagem são
venenosamente hilárias. Tudo é venenoso no filme. Tudo. Como disse acima as
farpas são jogadas para todos os lados, são tantas que não sairá apenas essa
resenha, terei outras sobre a série.
Lembro que começou agora há pouco, estamos apenas no segundo
episódio então poderá demorar um pouco o próximo texto. O intuito não é
escrever um comentário por episódio... Apesar de achar que renderia...
Veremos... veremos...
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