Alexandria
Antes
que 2017 acabe, preciso pelo menos postar alguma resenha temática. Não sou
muito adepto de filmes de Natal. Em sua maioria esmagadora são péssimos,
sentimentalóides e incentivam o lado errado da festa ao invés da verdadeira
essência. Não que também ligue muito para essa data com cunho cristão. Pois é
sabido que Jesus não nasceu em Dezembro, foi só uma forma dos padres tentarem
acabar com uma festa popular pagã.
Pelo pouco que se sabe é mais provável que
JC tenha nascido entre Março e Abril. Como não há provas, nem que ele existiu
de verdade, imagina saber a data do nascimento. Porém o marketing foi bem feito
e os cristãos iludidos. Até a chegada do Capitalismo desenfreado que deslocou
uma festa religiosa para uma suruba consumista descomunal. O Deus Dinheiro é o
mais festejado e ainda prevalece.
Então, pensei muito e decidi escrever
sobre filmes que criticam o cristianismo de alguma forma. E de uma maneira
especial a Igreja de Pedro. Afinal não há cristianismo sem contradições... E
Natal é a festa mais contraditória que os adeptos do Nazareno inventaram até
agora.
Primeiro
filme, se não der tempo talvez o único, que comento é “Alexandria”. Um filme
muito bom que ficou praticamente no anonimato. Acabei assistindo em DVD. É a
famosa história da filósofa Hipátia de Alexandria. Ela foi uma filósofa e
estudiosa muito influente e obteve alguns avanços em seus estudos. Claro que o
filme romantiza um pouco. Possivelmente ela morreu com uma idade de 50 anos.
Tudo é um pouco impreciso. E, mesmo para a sociedade helênica, Hipátia estava
além das mulheres de sua época. Era independente e não estava casada. Fazia estudos
e cuidava da biblioteca de Alexandria junto com o pai. Era inteligente e bonita
e isso deu uma comichão de ciúmes e despeito no proeminente bispo da cidade,
Cirilo. Santo de índole apologista, à surdina efetuou um ato “muito” cristão:
incita seus seguidores contra a filósofa por ela ser favorável ao seu inimigo
político, Orestes, governador do Egito.
Ensandecidos eles a abordam no caminho
e a arrastam para uma igreja, no filme para a biblioteca mesmo, e a matam.
Dizem que ela foi esfolada viva com cacos de conchas, outros ainda que foi
desmembrada e queimada. Mas é consenso entre os estudiosos que o termo correto
para se usar é “ASSASSINADA”. Cirilo conseguiu eliminar uma inimiga que ele não
conseguia de forma alguma desmoralizar. Ela era irrepreensível. No filme dão um
jeitinho de tudo acontecer através de um monge mendicante do deserto apaixonado
por aquela mulher estupenda que Hipátia foi. Interpretada pela talentosa Rachel
Weisz que faz bonito na tela e ainda conta com Max Minghela como o monge Davus
apaixonado, Oscar Isaac como Orestes e Sami Samir como Cirilo e direção de Alejandro
Amenábar que fez “Os Outros” com a Nicole Kidman. Tudo é bem executado no
filme.O ar helênico que o filme mostra é fantástico. E ainda temos uma reprodução do que seria o Farol de Alexandria e a poluição que causava a queima do combustível usado para deixa-lo aceso.
O
filme acaba com a morte da protagonista, mas dá uma pequena explicação do
quanto seus estudos foram inovadores. Porém a Igreja a relegou praticamente ao
esquecimento em seu domínio medieval. Era insuportável para homens do clero
aceitarem que uma mulher fosse totalmente proeminente, bela e principalmente
inteligente.
Ela estudava os astros e como eles efetuavam rotas elípticas no
céu e a igreja viu isso como algo inconcebível, pois Deus era perfeito e em sua
perfeição ele usaria um círculo para os planetas se mexerem ao redor do nosso
planeta. Era o modelo ptolomaico de universo com a Terra no centro de tudo que
era conveniente aos interesses clericais. No fim a verdade prevaleceu e a história do assassinato de Hipátia é reconhecida como um marco da intolerância e muitos ainda afirmam ser o fim do período clássico e o início do domínio medieval dos cristãos.
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