quarta-feira, 15 de março de 2017

Séries- Feud: Bette e Joan

Feud: Bette e Joan



        Sabe quando você assiste algo e ao final só consegue soltar um “CAR****” ou um “POTALQUILPARILL”? Então esse é o caso. Pelo menos do primeiro episódio. Já estou para ver o segundo e ainda me sinto embasbacado, pasmo, passado, atordoado...
      


     A trama acompanha as picuinhas, brigas e desentendimentos entre dois monstros do cinema no set de filmagem de “O que terá acontecido a Baby Jane”, Bette Davis e Joan Crawford. Sem se darem conta ambas são ardilosamente manipuladas pelo então presidente da Warner, Jack (Stanley Tucci) e pelo próprio diretor do filme Robert Aldrich (Alfred Molina). As duas pegam fogo e nos ensoberbecem com as deliciosas histórias que ficaram para ser contadas.

     Iniciando-se com o depoimento de Olivia de Havilland (Catherine Zeta-Jones) e Joan Blondell (Kathy Bates) para um documentário. O teor confidencial não esconde todo o tom delicioso de fofoca. E isso garante farpas para todos os lados. Não só entre as duas personagens, mas ao diretor do filme, aos homens que comandavam a indústria cinematográfica e também às mulheres que viviam neste contexto. Dá impressão que todas essas informações foram retiradas de uma grande enciclopédia de boatos controversos e verdades comprováveis e colocadas ali de uma forma interessante, que causa um efeito cômico, mesmo que afetado, e nos deixa extasiados.

As falas de Bette e Joan são dignas de divas, que eram, e ainda são. Bette sempre mais desbocada e audaciosa, escondendo sua fragilidade e seus problemas pessoais, contrasta com a falsidade polida e não menos problemática de Joan.

       
E para interpretar com o peso necessário as duas divas do passado escolheram duas divas do presente. Por mais que esteja longe das telas do cinema Jessica Lange provou ser insuperável. Conseguiu ser várias mulheres pérfidas e más nas diferentes temporadas de “American Horror History” que participou. Ela é uma mulher que se reinventou na televisão. Considerada velha para papéis no cinema viu nas séries a oportunidade de brilhar e atuar fazendo seu melhor. Susan Sarandon é a outra diva escolhida. Mesmo que tenha demorado a se render aos encantos dos papéis televisivos ela o faz com magistral desenvoltura e com um papel antológico. Não que não tenha feito nada na televisão, mas não pareceu ser seu foco até agora. E com ela e Lange ganhamos desempenhos assustadores em “Feud: Bette e Joan”. É uma fala mais deliciosa que a outra.

       
Criada e dirigida por Ryan Murphy tem roteiro milimetricamente feito para entreter. A força do primeiro episódio está em apresentar as atrizes que já estava na casa dos 50 anos e sofriam para conseguir papéis mais dignos nas produções da época. Com dificuldades financeiras Joan Crawford resolve procurar uma história em que pudesse atuar e levantar sua carreira sem cair no estereótipo de papeis para mulheres maduras. O livro em que foi baseado “O que terá acontecido a Baby Jane?” cai em suas mãos e ela vê o potencial da obra para a tela. Não contente em estrelar um filme que seria ótimo, em sua previsão, ela escolhe uma “coadjuvante” de luxo para poder lhe auxiliar a brilhar ainda mais: Bette Davis.

É um risco pois o melhor papel é dado a Davis e Joan, só querendo angariar simpatia num papel mais ameno fica com a personagem que julga melhor, Blanche, irmã paralítica de Jane, esta última dá mais recursos para se talhar a personagem pois mostra uma louca amargura pelos erros do passado. As cenas onde se reproduzem  clássicos do cinema são aterradoras de similares aos originais. O foco não é o filme, mas o que acontece nos bastidores. Bette percebe o potencial do roteiro e decide se entregar soberbamente ao personagem. As cenas em que escolhe as paramentas, figurinos, para compor sua personagem são venenosamente hilárias. Tudo é venenoso no filme. Tudo. Como disse acima as farpas são jogadas para todos os lados, são tantas que não sairá apenas essa resenha, terei outras sobre a série.

       
Lembro que começou agora há pouco, estamos apenas no segundo episódio então poderá demorar um pouco o próximo texto. O intuito não é escrever um comentário por episódio... Apesar de achar que renderia...


        Veremos... veremos...  

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