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domingo, 17 de setembro de 2017
Setembro - Filmes Nacionais: O Quatrilho
O Quatrilho
Como comecei com um indicado ao Oscar,
vou agora ao segundo filme brasileiro também indicado, o que ocorreu somente em
1996: “O Quatrilho”. Se com o primeiro perdemos para “Les Dimanches de Ville
d'Avray” do francês Serge Bourguignon, que lembro vagamente quem seja, temos no
segundo filme a família Barreto por trás. Novamente perdemos e para um ótimo
filme, “A Excêntrica Família de Antônia” de Marleen Gorris, lá dos Países
Baixos.
“O Quatrilho” aborda uma situação que
anda mais comum ultimamente, a troca de casais. Se fosse hoje a MBL ou algum
grupo fanático religiosos iria protestar diante as portas do cinema ou iam pedir
para um juiz tapado proibir a exibição, pois “atenta contra a moral e contra a
família”. A nossa grande sorte é que esse povo nunca é muito inteligente e na
maioria dos casos não conseguem avaliar uma obra artística verdadeiramente. E
artistas geralmente são inteligentes e hábeis nas suas técnicas e conseguem
driblar sempre esse povo “de bem” que presa pela moral e pelos bons costumes.
Como “O Quatrilho” surgiu nos anos de
1990 temos um bom exemplo de uma “contravenção” artística. Baseado num fato
real, duas famílias de colonos italianos no Rio Grande do Sul vão morar numa
mesma casa, para poderem sobreviver, temos um jogo de troca de parceiros que
beira a ingenuidade para os dias de hoje. A obra tem o esforço de reproduzir
uma comunidade rural do início do século passado, quando os italianos chegam ao
Brasil, fugindo da guerra e tentando nova vida. O meio moralista católico traz
o entrave do impudico na relação dos casais. O falatório, o preconceito velado,
típico que sempre tivemos por aqui. Mas o que pesa mais é a percepção de que
houve a escolha errada de parceiro. Vemos uma sonhadora e solar Teresa
(Patrícia Pilar) casada com o introspectivo e calado Angelo.
E num viés inverso
temos Pierina (Glória Pires), que perto de Teresa é até feiosa e séria demais,
casada com o bonitão e falador Massimo (Bruno Campos). Com o convívio, lógico que os solares se
atraem e pegam fogo e dão um pé na bunda dos lunares. Por Teresa e Massimo
serem mais impetuosos e seguros de si eles percebem logo o equívoco que se
meteram ao se casarem com os seus respectivos parceiros. Pierina e Angelo por
serem mais introspectivos demoram um pouco para assimilar a situação. E praticamente
quando são abandonados é que se unem em uma parceria de necessidade e carência.
O nome “quatrilho” vem de um jogo que parecia
ser muito comum na região e entre os colonos onde se trocava de parceiro
durante a partida. Esse jogo representa bem o caso de infidelidade e troca que
o filme retrata. Ainda consta no elenco nomes conhecidos da nossa televisão
brasileira como os saudosos Gianfrancesco Guarnieri, José Lewgoy e Cláudio
Mamberti, grandes atores cooptados e pasteurizados pela Globo que eram de um
nível de talento que ia além das novelas.
Um “porém” deve ser dito, o filme é
meio arrastado. Bem arrastado. Não que seu concorrente e ganhador do Oscar não
seja um pouco, mas a direção de Fábio Barreto ganha. Mesmo para o padrão
daqueles anos de 1990 o filme deixava os mais acostumados aos filmes pipocas
com sono. Bom, neste quesito o próximo comentado também tem o mesmo efeito soporífero.
Aguardem.
Mesmo causando tédio “O Quatrílho” é um
grande filme. Lento, mas bem executado e com qualidade reconhecida pela
crítica. Temos que lembrar que saíamos de um período que o cinema nacional
tinha sido tão sucateado que praticamente só os filmes dos Trapalhões e da Xuxa
faziam sucesso. “O Quatrilho” foi um bem vindo fôlego novo ao nosso cinema e
deu a força necessária para retomar roteiros mais sérios e adultos em nossos
cinemas.
Título: O Quatrilho
(Original);
Ano produção - 1995;
Dirigido por Fábio
Barreto;
Estreia - 20 de Outubro de 1995 ( Mundial );
Duração 92 minutos;
Classificação: L - Livre para todos os públicos;
Gênero: Drama
Nacional/Romance
Países de Origem: Brasil.
Roteiro: Antônio Calmon, José Clemente Pozenato, Leopoldo
Serran;
Elenco: Alexandre Paternost, Bruno Campos, Glória
Pires, Patrícia Pillar, Antônio Carlos Pires, Cecil Thirré, Clláudio Mamberti,
Gianfrancesco Guarnieri, José Lewgoy, etc.
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