segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

La La Land: Cantando Estações - Nostalgia Desengajada

 La La Land: Cantando Estações






Sabe quando um filme vem cheio de charme, saudosismo e com uma mensagem bonitinha porém contemporânea?
“La La Land” é esse filme.

Estrelado por Ryan Gosling e Emma Stone e com uma participação mais que especial de John Legend esse filme fisga, pelo menos a maioria das pessoas. Bom, de início eu fiquei nem um pouco impressionado. Parecia mais um filminho simpático “água com açúcar”. Porém, o final dá uma tonificada em toda a história que a faz realmente brilhar. Sem o fim o filme seria mais um.

Indo de encontro com as relações amorosas reais o velho e insosso “happy end” tem uma pegada amarga como a vida neste filme. “La La Land” recorda um cinema de pura diversão, sem engajamentos, porém não consegue fugir de uma posição criticável.

A história se passa entorno de Mia, Emma Stone, candidata a atriz que largou a faculdade de direito por um sonho e de Sebastian, Ryan Gosling, que é um branco, lembro que o jazz surge no meio da população negra americana, apaixonado por Jazz e que acaba deixando de lado, por um momento, seu sonho de possuir um estabelecimento onde poderia tocar a melhor música do mundo, segundo seu gosto.

O problema está por todo filme. Como disse é um filme simpático, mas que tem um ranço forte de preconceito subjacente. Sebastian em certo momento para afirmar a supremacia do Jazz acaba por menosprezar outros ritmos, principalmente o samba, tão caro a nós brasileiros. E é muito estranho que em todos os clubes de Jazz que ele vai todos são negros, só ele e Mia brancos. Em época de discussões sobre apropriação cultural aqui em Pindorama, vemos um filme que caiu no gosto de muita gente no nosso país sem contar os votantes do Oscar que lhe renderam 14 indicações. Só levanto uma lebre em meio a discussões de apropriação cultural.  

Entre as indicações ao Oscar inclui-se aí: melhor filme, ator, atriz, diretor, roteiro original, fotografia entre outros. O diretor é Damien Chazelle que também roteiriza o filme. Para quem não se lembra ele dirigiu “Whiplash” em 2014 que conquistou algumas indicações, uns óscares e um tanto de outros prêmios.

Polemizações à parte, afinal estamos em momento crítico acrítico no Brasil, o filme conquistou o coração de muita gente, como já disse. Porém o meu ainda não completamente. Falta algo quase impossível de se comunicar. Stone e Gosling sustentam toda atuação do filme. Por mais que J. K. Simmons apareça nada mais é que uma ponta, sem desenvolvimento. Quase um mimo por ter contribuído tanto com o diretor no filme anterior. Ainda sobre os atores Stone é sem dúvida simpática e domina o papel. Porém sua beleza não é dilacerante de diva, ela é bem comum, no padrão gringo, e sua interpretação é mais para o comum ainda. Gosling é um homem bonito também, mas tem uma aura de gente chata nas tela. Aquele cara que é o insuportável da turma. Como galã ele fica burocrático e só consegue um pouco de humanidade quando tenta ajudar a personagem de Stone ir a uma audição. No mais ele é o cara desagradável que gosta da garota, mas gosta muito mais de si mesmo e por isso não merece felicidade amorosa no fim. Ambos se esmeram em cantar bem e dançar certinho. Stone mais desenvolta na música, Gosling surpreendendo na dança com movimentos bem ritmados, ele aparenta ser meio durão mas mostra ginga.

Bom, a música é um espetáculo junto ao figurino e a fotografia. Uma pegada retrô com cores fortes que remete vários filmes antigos e homenageia vários musicais famosos. Certo momento eu jurei ver um trecho, pequeno, de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulan”. Foi só um vislumbre. Talvez as cores fortes escolhidas para certos momentos e cenários contribuíram para essa impressão.

Entre tantas músicas virtuosas eu sinceramente torço por “Audition (The Fools Who Dream)” que além de bonita se encaixa perfeitamente ao momento do filme em que se encontra. E não é a única indicada neste filme, tem também a "City of Stars" que também é muito bonita. 

Apesar dos pecados o filme diverte e como disse caiu nas graças da maioria. E isso tem que ser levado em conta. Mesmo não sendo o meu favorito, ainda tenho um monte de filmes para assistir, torço por ele.


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