quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Fevereiro - Mês Temático: Filmes Adultos de Televisão - ...E o Vento Levou

...E o Vento Levou













        É agora que a coisa fica séria. Com Fevereiro se inicia o Mês Temático: Filmes Adultos de Televisão. Não espere putaria, vá para o X-Vídeos. O que considero “Filmes Adultos” são aqueles que não passavam na Sessão da Tarde, com raras exceções. Geralmente eram grandes produções esperadas com afinco pelas pessoas que não tinham cinema nem um videocassete. O que era muito comum até meados de 1990 numa cidade de interior do Estado de São Paulo. Esses filmes passavam na “Tela Quente”, “Super Cine” ou mesmo na “Sessão de Gala” da Rede Globo.
Ou ainda nos incontáveis programas que, de acordo com o humor do Silvio Santos, recebia de tempos em tempos, nomes diferentes. Algumas vezes um filme bom dava o ar da graça na Bandeirantes. E Record era um pouco ruim demais nessa época, junto com a Manchete.  Como disse todos passavam à noite. E nem sempre uma criança poderia assistir sozinho. Principalmente por colocarem a “Tela Quente” numa maldita segunda-feira. Era de esmigalhar a paçoca no bolso da calça.

      
  Entre tantos eu começo com um dos meus queridos que consta na lista dos meus 50 filmes favoritos “...E o Vento Levou”.


        Eu nem sei por onde começar. Assisti pela primeira vez com cerca de 8 anos numa madrugada de sábado. E já pela chamada dos comerciais eu sentia que aquele filme era diferente do que estava acostumado.
Depois ainda assisti mais 3 vezes, em nenhuma eu me arrependi. Tudo era encantador. Não conhecia muito de mundo na ocasião, mas ver aquelas roupas de época com pessoas distintas e em casas grandes de fazendas era muito instigante para mim. Scarlet O’Hara além de bonita era uma figura fascinante de mulher, caprichosa, mimada, porém decidida. Anos depois descobri o termo certo para definir não só Scarlet, como sua intérprete:  “Diva”.
Sabia o que queria e ia atrás mesmo que “mentisse, roubasse ou matasse”. Era inteligente e esperta e teve o azar de sua vida ser abalroada pela Guerra Civil nos EUA. Dizem que Vivien Leigh praticamente se ofereceu sem opção de recusa para interpretar esse papel. E hoje não tem como imaginar esse filme sem ela. Diziam que já estava velha para interpretar uma jovem sulista cheia de vida. Já contava com seus 26 anos. E quem disse que isso a impediu. O filme foi uma obra prima do romance dramático melado. Histórias que se cruzavam com dramas de pessoas afetadas por um período conturbado. No início, todos se preparam para uma festa.
Há euforia, alegria. Até que rumores do começo de uma guerra surge e deixa os rapazes alvoroçados. Até se esquecem que estavam cortejando as donzelas da festa. E tudo começa, mulheres deixadas para cuidar do lar elas que se mostram as verdadeiras heroínas esquecidas. Todo o estilo de vida de Scarlett desmorona assim como um casarão que queima até desabar.
Uma cena bela, e difícil de executar à época. Scarlett no calor do momento se casa com Charles Hamilton (Rand Brooks) irmão de Melanie Hamilton/Wilkes (Olivia de Havilland) para contrariar Ashley Wilkes (Leslie Howard) por lhe ter jurado amor e este preferir Melanie. Porém logo fica viúva e escandaliza a sociedade deixando-se cortejar por Rhett Butler (Clark Gable) um cínico pretendente seu.  

    Os percalços continuam até Scarllet perder tudo e protagonizar a famosa cena onde come um legume podre tirado da terra e caindo aos prantos retira forças de sua “divanice” e brada aos céus:  
“Por Deus eu juro! Por Deus eu juro eles não vão acabar comigo! Eu vou passar por tudo isto e quando terminar, jamais sentirei fome de novo. Nem eu nem minha família. Mesmo   tendo que matar mentir, roubar ou trair eu juro por Deus jamais sentirei fome novamente! ”


        Simplesmente não há mais o que falar. Páginas seriam gastas (espaço no blog) e o amor por esse filme não seria explicado totalmente. Porém tenho que ressaltar a façanha que esse filme nos deu. Em uma época em que ainda não se tinha consciência das questões de preconceitos raciais uma mulher negra ganha o primeiro Oscar na história. Um Oscar de atriz coadjuvante merecidíssimo: Hattie McDaniel pela carismática serva “Mama” ou “Mamãe”. E digo merecidíssimo pois, pelo mesmo filme, Olivia de Havilland também concorreu. E olha que seu papel era fenomenal.
Mas Hattie era espetacular, conseguia até ofuscar, um pouco, Leigh e era uma das poucas que controlava Scarlett, digamos assim. Sem contar que mesmo fazendo uma coadjuvante Olivia era linda já Hattie já era uma senhora e toda fofa de gordinha. Só amor nesse papel.




Direção: Victor Fleming, George Cukor, Sam Wood
Baseado na obra homônima de Margaret Mitchell
Música composta por: Max Steiner
Roteiro: Sidney Howard, Ben Hecht, John Van Druten, Jo Swerling, Oliver H.P. Garrett, Barbara Keon baseado na obra homônima de Margaret Mitchell
Elenco: Vivien Leigh; Clark Gable; Olivia de Havilland; Leslie Howard; Hattie McDaniel


Até a publicação deste texto o filme “...E o Vento Levou” se encontrava disponível no YouTube. 

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