sexta-feira, 21 de junho de 2019

Mistério no Mediterrâneo

Mistério no Mediterrâneo




         Assisti “Mistério no Mediterrâneo” sem nenhuma pretensão e em função da Jennifer Aniston. Ainda gosto dela mesmo fazendo uma repetição de seu papel, Rachel, de “Friends”, em diferentes fases da vida. Somente em “Cake – Uma razão para viver” e  “Amigas com dinheiro” que ela consegue dar um salto mostrando que não é de um personagem só.  Contudo a personagem de mulher comum, não lá muito brilhante e que se enrola em situações cotidianas e atrapalhadas lhe cai bem.
O que imagino não ser fácil, pois é uma mulher muito bonita e já alcançou o patamar de estrela, e o episódio em que ela se posicionou a favor de seus colegas de elenco para que ganhassem o mesmo salário na série que lhe rendeu sucesso mostra que é inteligente e muito generosa, não se pode dizer que seja comum. Já o Adam Sandler parece estar no piloto automático. Não há camadas em sua interpretação e não há filmes onde o tenha achado melhor. Sempre o mesmo personagem, o cidadão de bem, médio americano que se atrapalha em atitudes um tanto quanto questionáveis. E sei que muita gente foi assistir esse filme por causa dele. Percebi também que a imprensa fala mais dele do que de Aniston, como se o filme fosse só dele.
        
“Mistério no Mediterrâneo” é uma sátira aos filmes de mistério em que um detetive investiga um assassinato num cenário luxuoso. Contudo a ironia é que o detetive não é detetive de verdade, e o mistério não é tão mirabolante quanto se imagina e o jogo de deduções não leva para o lado certo nunca. Cada conclusão a que se chega um novo fato aparece e dá a impressão que só se revela o assassino definitivo porque o acaso assim o faz. Há um empenho bem elaborado no roteiro que aparentemente se mostra bobo. A escolha do elenco de apoio também é acertada e a cada cenário luxuoso que é apresentado só realça a “mediocridade” do casal comum que se torna pivô de um crime. A diversão é garantida, não esperem uma sofisticação na história. Tudo é feito e calculado para levar a diversão. Por isso entendo a escolha, apesar de não gostar de Sandler, ele tem peso junto com Aniston para desenrolar uma história que cativa o público. E a produtora do filme sabe bem disso, Netflix, que não dá ponto sem nó. A produção explora bem locações fantásticas mostrando o mundo dos verdadeiramente ricos, passando pela França, um iate fabuloso, Monte Carlo e Itália.
        
Todos os elementos clássicos e clichês estão ali representados, um idoso podre de rico insuportável casado com uma mulher mais jovem, um artefato antigo, os parentes e agregados parasitas, um caso de amor mal resolvido, um playboy, uma atriz, um general, um capanga, um esportista, no caso um piloto, um membro de alguma realeza obscura, o detetive internacional, só falta o mordomo. Esses elementos todos são distorcidos e colocados de forma patética para criar o fator cômico. Até as pistas colocadas aleatoriamente no meio da narrativa se fazem presentes como forma de adensar a sátira sobre o gênero, cheio de caricaturas e bem esgotado no formato.
         Como disse não é o filme de uma vida, arrebatador, mas garante o que propõe: diversão.  

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