Mistério no Mediterrâneo
Assisti
“Mistério no Mediterrâneo” sem nenhuma pretensão e em função da Jennifer
Aniston. Ainda gosto dela mesmo fazendo uma repetição de seu papel, Rachel, de “Friends”,
em diferentes fases da vida. Somente em “Cake – Uma razão para viver” e “Amigas com dinheiro” que ela consegue dar um
salto mostrando que não é de um personagem só.
Contudo a personagem de mulher comum, não lá muito brilhante e que se
enrola em situações cotidianas e atrapalhadas lhe cai bem.
O que imagino não
ser fácil, pois é uma mulher muito bonita e já alcançou o patamar de estrela, e
o episódio em que ela se posicionou a favor de seus colegas de elenco para que
ganhassem o mesmo salário na série que lhe rendeu sucesso mostra que é
inteligente e muito generosa, não se pode dizer que seja comum. Já o Adam
Sandler parece estar no piloto automático. Não há camadas em sua
interpretação e não há filmes onde o tenha achado melhor. Sempre o mesmo
personagem, o cidadão de bem, médio americano que se atrapalha em atitudes um
tanto quanto questionáveis. E sei que muita gente foi assistir esse filme por
causa dele. Percebi também que a imprensa fala mais dele do que de Aniston,
como se o filme fosse só dele.
“Mistério
no Mediterrâneo” é uma sátira aos filmes de mistério em que um detetive
investiga um assassinato num cenário luxuoso. Contudo a ironia é que o detetive
não é detetive de verdade, e o mistério não é tão mirabolante quanto se imagina
e o jogo de deduções não leva para o lado certo nunca. Cada conclusão a que se
chega um novo fato aparece e dá a impressão que só se revela o assassino
definitivo porque o acaso assim o faz. Há um empenho bem elaborado no roteiro
que aparentemente se mostra bobo. A escolha do elenco de apoio também é acertada
e a cada cenário luxuoso que é apresentado só realça a “mediocridade” do casal
comum que se torna pivô de um crime. A diversão é garantida, não esperem uma
sofisticação na história. Tudo é feito e calculado para levar a diversão. Por
isso entendo a escolha, apesar de não gostar de Sandler, ele tem peso junto com
Aniston para desenrolar uma história que cativa o público. E a produtora do
filme sabe bem disso, Netflix, que não dá ponto sem nó. A produção explora bem
locações fantásticas mostrando o mundo dos verdadeiramente ricos, passando pela
França, um iate fabuloso, Monte Carlo e Itália.
Todos
os elementos clássicos e clichês estão ali representados, um idoso podre de
rico insuportável casado com uma mulher mais jovem, um artefato antigo,
os parentes e agregados parasitas, um caso de amor mal resolvido, um playboy,
uma atriz, um general, um capanga, um esportista, no caso um piloto, um membro de alguma realeza obscura, o
detetive internacional, só falta o mordomo. Esses elementos todos são
distorcidos e colocados de forma patética para criar o fator cômico. Até as
pistas colocadas aleatoriamente no meio da narrativa se fazem presentes como
forma de adensar a sátira sobre o gênero, cheio de caricaturas e bem esgotado
no formato.
Como
disse não é o filme de uma vida, arrebatador, mas garante o que propõe:
diversão.
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