terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Star Wars – Tudo o que Tenho a Dizer é:

Star Wars – Tudo o que Tenho a Dizer é:





         Preguiça!!!!

         Juro que tentei assistir aos anteriores e nunca consegui. Só vi pedaços e o que descobri sobre essa papagaiada marqueteira do Lucas foi por ler muita coisa na internet. Eu até me propus a assistir esse novo e nada moveu minha bunda de casa para perder o tempo de sua exibição e o valor do ingresso.
         Incrível que essa franquia é idolatrada por milhares de pessoas e não me chama atenção, mesmo tendo um dos vilões mais icônicos de todos os tempos. Nesse mesmo limbo existencial eu incluo “Mad Max” que também me dá preguiça extrema. E olha que não sou preconceituoso com filmes, já vi vários que são apenas caça-níqueis. E não são só filmes “mercadológicos”, nessa lista incluo “Blade Runner” e “2001 – Uma Odisseia no Espaço” e com muito esforço eu assisti “Laranja Mecânica”.
         Enfim, estou evitando descaradamente ao “SW”. Tudo indica que passarei por mais uma década sem assistir. Gostaria de fazer uma análise melhor dessa falta de ânimo para com esses filmes. Mas toda vez que penso só me vem à cabeça “Não estou disposto!!!”
         E como é de praxe, quanto menos me interesso pelo filme menos escrevo. Fica aqui minha “crítica”...
         Vou me voltar aos filmes cults, estou ficando muito “árido”. Então, assistirei logo a “Tangerine” para ver se serei enternecido pela Sétima Arte novamente...

         Feliz Ano Novo a todos, pelo que parece essa será a última postagem deste ano. Que 2016 traga mais filmes interessantes a serem comentados e resenhados. 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Séries: How To Get Away With Murder: Embasbacante

How To Get Away With Murder: Embasbacante




        Já faz alguns meses que assisti toda a primeira temporada de “HTGAWM” e só agora consigo me “desembasbacar” e colocar por escrito o que senti. E não foi surpresa nenhuma ver Viola Davis ganhando lindamente o prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática no Emmy.  E sabe o que é o mais instigante? Apesar da atuação arrebatadora a série por si mesmo tem personalidade. Viola se destacou, porém, o roteiro em si, todo fragmentado, é também um exemplo de um bom texto que nos traz uma boa história. Sem contar o elenco de apoio de extrema competência que extrapolou o simples “fazer o dever de casa”. Vou falar de “HTGAWM” por partes.

        Primeiramente o roteiro: Uma história principal permeia todos os episódios, o assassinato de um personagem, que leva a outro assassinato que desdobra toda a trama intensa. Para justificar o enredo o título dá a temática da série, em tradução livre “como se safar de um assassinato”. E junto à essa trama principal vemos praticamente um caso a ser resolvido no tribunal pela personagem de Viola Davis, Annalise, advogada e professora numa faculdade que conta com o apoio de estagiários que ela mesma escolheu entre seus alunos. A máxima, um pouco preconceituosa, eu sei, de que estagiário só faz merda se encontra nessa série. Um monte de equívocos, por parte dos jovens estudantes, causa os transtornos necessários para criar o clima de tensão que nos acompanha até o último instante do episódio final.


        Segundamente o elenco de “apoio”: Todos estão ótimos em seus respectivos papéis. Jack Falahee faz o estagiário gay que sai com todos os homens que passam em sua frente e apaixona-se por um nerd. Alfie Enoch, um remanescente do elenco secundário de Harry Potter, faz o “cachorrinho” da turma, quase ingênuo e capaz de surpreender com suas atitudes. Matt McGorry é o estagiário certinho e filho de ricos que quer a todo custo chegar ao topo da profissão, porém, nunca está dentro dos acontecimentos do grupo. Aja Naomi King é outra estagiária, que está prestes a se casar com um “bom partido” e vê essa possibilidade naufragar com tudo o que acontece. Karla Souza, a última estagiária que aparenta ser uma sonsa bonitinha, mas tem fibra suficiente para conseguir o que quer, mesmo que tenha que roubar, enganar... Cada um conta com suas cenas marcantes que acabam provando que uma boa escolha de elenco faz a diferença.

        Liza Weil e Charlie Weber amarram o grupo como auxiliares diretos de Annalise. Ambos com seus esqueletos bem guardados nos seus armários e com atitudes totalmente diferentes são capazes de derramar sangue, literalmente, por sua chefe. E a Katie Findlay que faz a amiga de uma garota assassinada e acaba se envolvendo amorosamente com o personagem do Alfie Enoch.


        Terceiramente a diva Viola Davis: esta é um caso passional que adquiri. Desde seu trabalho em “Dúvida”, onde, em uma cena perturbadora, consegue pelos minutos que dura sua atuação, cerca de 8 minutos, ofuscar a brilhante Meryl Steep, que lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar de Coadjuvante, eu virei fã dessa mulher. Sempre achei que o papel de mulher negra reprimida, que repete em “Vidas Cruzadas” lhe cabia bem. Porém, em “HTGAWM” sua personagem Annalise Keating não tem nada de reprimida. É poderosa, é decidida, é controladora, é inescrupulosa e é uma verdadeira VACA. E por ela ser uma vaca fica impossível não gostar. Tudo que a personagem precisa para se moldar na tela Violas Davis dá na medida certa. A densidade, o olhar de quem esconde muita coisa. A direção certa para transformar as orientações do roteiro numa obra de arte. E como foi merecido o reconhecimento do Globo de Ouro para seu trabalho. Foi bom ouvir seu discurso quando recebeu o prêmio:  "Na minha mente, eu vejo uma linha. E sobre essa linha que eu vejo campos verdes e flores lindas e belas mulheres brancas com seus braços esticados para fora sobre essa linha. Mas eu não consigo chegar lá, não sei porque. Eu não consigo superar essa linha. Harriet Tubman disse isso em 1800. E deixe-me dizer uma coisa, a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem."

        Por essas e outras Viola Davis se tornou a minha atriz favorita dos últimos tempos. Espero vê-la em vários filmes que lhe dê personagens tão formidáveis quanto já teve até o momento.

        Há inúmeros outros motivos para gostar de “How To Get Away With Murder”. Um grande suspense policial onde as reviravoltas nos tiram o fôlego a cada episódio. E quando achamos que haverá uma pausa, o episódio que a mãe de Annalise aparece, vemos que nem em uma senhorinha há conforto e acalento materno. Só descobrimos mais coisas perturbadoras da complexa personalidade de Annalise.
       
A segunda temporada já está correndo na TV por assinatura. E promete tanto quanto a primeira. Mesmo perdendo o impacto de ser novidade. Agora iniciarei nova maratona para poder ver onde vai parar as artimanhas de Annalise Keating e tentarei contar tudo o que for possível a todos vocês.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Sr. Holmes - Velhice, Decrepitude e Esperança

Sr. Holmes - Velhice, Decrepitude e Esperança




“Sr. Holmes” foi um filme que acabou passando despercebido pelos grandes lançamentos anabolizados da temporada. Porém, acabei me deliciando com ele. É um filme de atuação e com uma história interessante.


Aqui vemos um grande personagem da literatura,  que Sherlock Holmes, o grande detetive, está vivendo sua velhice na solidão e amargura. Tentando se lembrar de seu último caso que o fez se aposentar. Porém, todo o brilhantismo e toda lógica sucumbe diante da inefável passagem do tempo que leva consigo as memórias do velho homem. A luta desesperada de Holmes é de resgatar suas lembranças do limbo que seus neurônios criaram em seu cérebro.  Para tanto ele vai virar assíduo consumidor de geleia real e de uma planta japonesa milagrosa. Porém a devastação da velhice é implacável. Nenhum elixir pode ajudá-lo e essa falta da lembrança o tortura. Ele precisa recordar para poder entender o motivo de sua aposentadoria e culpa.

Morando em uma casa de campo ele se vê cercado pela infantil presença do garoto Roger (Milo Parker), filho de sua governanta. E toda essa amizade se forma através de um apiário que o detetive aposentado cultiva. E o inusitado, para a mentalidade contemporânea, começa a acontecer. Estimulado pela curiosidade e vigor pueril do garoto, Holmes vai exercitando suas capacidades mentais a tal ponto de recordar-se de tudo o que é necessário para poder colocar um ponto final naquele caso.

A história em si não é das mais fantásticas e mirabolantes, mas tem o seu charme compensatório. E como um roteiro bem escrito, e bem executado por um bom diretor, Bill Condon, faz adiferença. Para o velho Holmes foi escolhido o ator Ian McKellen que convive com sua governanta, Sra Munro, viúva e desgostosa com o apego que o filho demonstra pelo patrão, a ótima Laura Linney. Ambos estão ótimos. É de angustiar ver um detetive, que sempre foi retratado com muito vigor, sucumbido aos nefastos efeitos da terceira idade.

Antes, sempre interpretado como um homem de lógica irrefutável, capaz de deduzir os fatos mais verdadeiros a respeito dos outros, quase um deus idolatrado pela humanidade através das histórias que Watson escrevia a seu respeito. E agora um senhor, frágil, que luta com as poucas forças que lhe resta para recordar de algo que julga ser importante. E essa fraqueza se desdobra em erros passados que um “deus” jamais deveria cometer.


“Sr. Holmes” é um filme sensível, que apesar da velhice e decrepitude encenada, mostra um grande senso de esperança e amor à vida. Um filme que celebra um grande personagem de nossa literatura dando-lhe não o fim, mas a dignidade uma história que resgata seu espírito ao mesmo tempo que a atualiza. Pode não ser um “recomeço” para lançar franquias infinitas de cunho comercial, mas é uma homenagem bonita ao detetive que Sir Arthur Conan Doyle compôs há mais de 120 anos. E muito melhor que os últimos filmes baseados em suas histórias. 

domingo, 29 de novembro de 2015

Victor Frankenstein: Da Perspectiva do Assistente Corcunda

 Victor Frankenstein: Da Perspectiva do Assistente Corcunda




         Quando sentei na poltrona do cinema eu estava esperando algo como “Van Helsing”. Uma produção caprichada, porém, descontraída, sem pretensão de se levar a sério. E não foi bem isso que vi. A produção é bem caprichada sim. Afinal com os avanços nas tecnologias cinematográficas tudo é possível. A reconstrução de uma Londres suja que está iniciando a era industrial juntamente com avanços científicos, como a luz elétrica, e o crescimento populacional dão ao filme uma “poluição” urbana que só ajuda a criar o clima. A história não é só baseada na obra original de Mary Shelley. E ao que parece se utiliza de vários “mitos” e “iconografias” que a história adquiriu ao longo de quase dois séculos de existência. O que também não é um defeito.




         O filme parte do ponto de vista do assistente de Victor, o Igor. Nos filmes antigos e paródias da história, Igor era um corcunda quase imbecil que obedecia cegamente ao seu chefe. Neste filme, isso é desconstruído de uma forma bem divertia, por um lado, e bem interessante, de outro. Daniel Radcliffe dá vida a esse personagem encarquilhado e com um corte de cabelo horrível, uma espécie de "Channel de bico". E aqui noto um certo amadurecimento do ator “harrypotteriano”. Ele ainda não é o melhor ator do mundo, mas já dá sinais que está levando a sério sua carreira e tenta fazer a lição de casa. Já não vemos o garoto “bruxo” e sim o ator que tenta se firmar pelo talento e não só pelo sucesso prematuro. Há anos ele insiste em reverter sua sina de “ator mirim de sucesso” para apenas ator. E, pela luz que demonstra lá no fim do túnel, uma hora dessas consegue. Então, lá se vai o personagem Igor apadrinhado pelo louco Victor, o charmoso James McAvoy que se firma no gênero “ação”. O jovem Professor Xavier mostra aqui uma certa “demência” atribuída aos gênios. E não é interessante perceber, numa nuance da interpretação do roteiro de Max Landis, que mesmo sendo o tempo todo eloquente, ao necessitar falar em público, para apresentar o protótipo de sua obra, ele gagueja, se atrapalha, afinal é um cientista e não um orador? E lá vai a sua primeira criatura dar trabalho mostrando quão perigosa é sua experiência. E como não teríamos história se ele não persistisse o enredo nos leva ao aprofundamento da loucura de Victor e o crescente espanto de Igor que não quer mais uma criatura rediviva em seu carma. A todo custo tenta fazer Victor abandonar o projeto. Como conhecemos a história, e isso o roteiro nos lembra na voz de Igor, Victor segue seu experimento para o inevitável monstro inicializado com os raios de uma tempestade. E para aproveitar os acontecimentos recentes, uma atualização bem “atual”, vemos um inspetor da Scotland Yard que persegue Victor, mais por questões religiosas do que por real crime contra a sociedade, o Inspetor Turpin realizado com uma gana cristã pelo ator Andrew Scoot que participou da série “Sherlock”. 

         O contraponto romântico fica apenas com Igor e a trapezista do qual é apaixonado: Lorelei. Interpretada pela atriz de “Downton Abbey” Jessica Brown Findlay parece só servir para tirar a tensão homoerótica e afetiva que existe entre Victor e Igor. Quase numa espécie de afirmação da sexualidade dos personagens. O que é contradito o tempo todo nas falas do início do filme. No começo do filme, quando numa cena, estranhamente engraçada, após Victor dar umas belas de umas encoxadas em Igor, para tirar sua corcunda, este, fala e repete algo como “Eu estou em pé” que na expressão em inglês dá evidente e claramente um duplo sentido.



O filme convence o tempo todo ao brincar com as referências míticas da história e nos dá uma nova perspectiva do que muitos conhecem. Mesmo assim, como na época de Shelley, fica difícil acreditar na “ciência” que Victor usa. Soa mais como um misticismo do que como ciência. Enfim, o que penso é que vale a diversão. Passando de drama a suspense, com pitadas de humor e romance, enverga para uma ação onde o hibridismo desponta fazendo uma grande colcha de retalhos. Com direção competente de Paul McGuigan do qual ainda não conhecia nenhuma obra. E como vi depois na internet que ele acabou por dirigir uns episódios da série televisiva “Sherlock”.


         Pode não ser uma das melhores adaptações do universo de Frankenstein, mas diverte. Bem melhor que “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte II” que ainda infesta os cinemas, esgotando as salas disponíveis a filmes melhores. Tão ruim que ainda não tive nem ânimo de escrever a respeito. Enfim, para quem gosta de pipoca e um filme que diverte, aproveite. Se bem, esqueci de escrever isso anteriormente, tem muitas gosmas nojentas. Talvez comer assistindo esse filme não seja uma boa ideia. Ou sou eu que estou muito fraco para pedaços de corpos e vísceras que andam aparecendo nos filmes.  


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Séries: Jessica Jones – Impressões do Primeiro Episódio

Jessica Jones – Impressões do Primeiro Episódio




         O universo Marvel, para mim, ainda possui lados, desdobramentos, situações e histórias que desconheço. Um verdadeiro buraco negro de informações me falta. E Jessica Jones está nesse limbo que fica fora do meu foco de visão. Há alguns meses acompanho o alvoroço em torno da série que a Netflix está disponibilizando no seu serviço. Então, como bom “virjão”, evitei o máximo de contato com a história para não me deixar influenciar. Sei que é um costume meio tonto... Mas a tonteira pode forjar um homem... Ou deixar ele mais tonto ainda!!!!

         As únicas informações que colhi sem detalhes foram:
- Ela era casada com um parente do Nicolas Cage, um tal de Luke Cage. (Antes de alguém começar a pensar que eu sou o cara mais burro da face da Terra, relaxa, é só uma piada, não leve tão a sério o que escrevo aqui, “Sorria!”);
- Também teve contato com muitos personagens “marvianos”;
- Num “trelelê” foi dominada por um vilão do mundo do Demolidor;
- Acaba na mansão dos Vingadores;
- Apanhou tanto que ficou em coma e foi tratada na S.H.I.E.L.D;
- Aposenta da vida de superpoderes e vira detetive particular, algo bem mais seguro e rentável;
E transcorre um monte de “baphoss” com mais uma porrada de heróis “marvianos” e vira uma bela de uma salada. Um tanto complicado para alguém como eu.
Então, com essa parcas informações, by Wikipédia, que eu estava “cagando & andando”, fui assistir a série tão esperada.


         Como coloquei no título, isso é só uma primeira impressão do primeiro episódio. E não foi das melhores. Para alguém que talvez já saiba algo a respeito e admire essa personagem, esse primeiro episódio deve ter causado furor, elásticos de calcinhas e cuecas arrebentando, suores, “tremeliques”, esse tipo de coisa. Para mim foi chato. Sei que geralmente o primeiro episódio apenas introduz o personagem e já dá um apontamento do que ocorrerá na trama. O personagem decide algo importante e desencadeia uma série de ações que nos levará ao clímax bombástico, que sempre é um gancho para a próxima temporada, onde todos xingam muito por ter que esperar um ano inteiro para voltar a assistir, isso se não for cancelada por falta de audiência. Ou seja, não vi ainda os demais episódios e o primeiro me deixou meio aborrecido. Por mais que tenha acabado com uma suposta reviravolta nos planos de fuga de Jessica.

         Tento sempre ser justo, então não falarei (mais) mal da série. Apenas sinto que não me surpreendeu esse primeiro episódio. Vou assistir os outros e já farei um novo comentário logo. Por isso, aqui, não falo de atores, de interpretações, direção e afins. Por enquanto está tudo abaixo do bom. Nada além, nada aquém.
         Aguardem novos apontamentos.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Beasts Of No Nation - Não É Fácil de Assistir

Beasts Of No Nation - Não É Fácil de Assistir





         Não é um filme fácil de assistir. Mostra uma realidade que está, supostamente, tão longe de todos nós que acabamos por classificar como pura ficção, imaginação. Porém se soubermos um pouco do que acontece no continente africano, lermos as poucas informações que chegam em nossos jornais e televisão, vamos ver que a realidade é bem mais tenebrosa pelo simples fato de acontecer.




         Eu já tinha algumas informações sobre o que ocorre na África através de alguns “missionários” e há dois anos tive uma palestra na faculdade sobre um grande genocídio ocorrido em Ruanda. A palestrante, Andréia Terzariol Couto, relata as informações que coletou sobre o assunto no livro “O país das Mil Colinas” (Editora Appris, 2013). Foi um massacre, em 3 meses cerca de 1 milhão de pessoas morreram. Isso em 1994. Há cerca de 20 anos. Pouco tempo. E o pior é que em tudo teve um “toque” dos brancos por trás.


         “Beasts Of No Nation” não fala de Ruanda. É uma adaptação do romance homônimo de Uzodinma Iweala, escritor norte-americano de origem nigeriana. Então tudo acontece na Nigéria, onde ocorre uma guerra civil. E coloque-se aí qualquer país africano que o roteiro acaba cobrindo grande parte das guerrilhas que lá ocorrem. Essa guerra atinge a cidade do protagonista principal do filme, Agu, interpretado pelo estreante Abraham Attah. Sua mãe é forçada a fugir com os dois irmãos mais novos e ele acaba ficando com o pai, o avô, que não interage mais com ninguém, e o irmão mais velho. O filme mostra um pouco como é a vida do garoto antes da invasão armada ao seu vilarejo. Era uma criança normal, de um lugar pobre, que vivia sua vida alheio aos problemas adultos, e tirando o proveito, com suas traquinagens, de tudo o que podia. E de repente tudo acaba. Com sua mãe longe, vê seu pai ser fuzilado e logo em seguida seu irmão. Sem opção foge para a floresta. É “resgatado” por uma milícia de resistência que  é tão feroz quanto os soldados que mataram sua família. Lá ele conhece o Comandante, interpretado por Idris Elba. É um personagem de extremo carisma e ao mesmo tempo letal. Suas palavras são de um messianismo assustador. Tudo o que faz é quase um rito religioso para convencer os jovens que “pega” pelo caminho. Faz uma lavagem cerebral a ponto de perderem a infância de um jeito assustador. E mesmo assim, com toda essa perversidade, Elba consegue dar a humanidade necessária para quase nos “afeiçoarmos” ao seu Comandante. Digo quase, pois seu carisma não é maior que suas atrocidades. Principalmente em relação ao que rouba das crianças. Agu, sem escolha, se rende e começa a fazer parte do grupo. E neste grupo vai viver sua vida entre sangue, drogas e abusos: é a bestificação proposta pelo título em inglês. Consegue até ter momentos de “molecagem” mas a tensão sufoca qualquer resquício possível de felicidade infantil. Consegue amizade na figura de outro garoto, mudo, Strika, outro ator mirim, Emmanuel "King Kong" Nii Adom Quaye. Sem falar uma palavra consegue transmitir o necessário para seu personagem. E aqui eu comento como foi difícil achar maiores informações sobre esse elenco. Parece que o filme quase “não existe”.



         Como já comentei em várias outras resenhas, eu tento não ler nada antes de assistir aos filmes. Fico apenas com informações básicas e  assisto o trailer para ver se me apetece. E qual não foi minha surpresa, ao começar a subir os créditos desse filme quando vejo o nome do diretor: Cary Fukunaga, ou como ele coloca nos créditos Cary Joji Fukunaga. E não só, também é o roteirista e o diretor de fotografia. Para quem não lembra ele é responsável pela direção da soberba primeira temporada de True Detective, pelo qual ganhou o Grammy de melhor Diretor por série dramática em 2014. Apesar de fotografar um lugar todo devastado pela guerra, há uma beleza retratada na tela, um tanto mórbida, mas bela. E tudo funciona tão bem que é impossível não ficar de boca aberta.



         O roteiro segue o livro, vemos os acontecimentos pela ótica do garoto Agu, o que deixa tudo mais devastador. Como disse no início não é um filme fácil de ver, mas é um filme necessário. Para quem lembra é só imaginar “Os Gritos do Silêncio”, mas dessa vez com uma criança, para sentir um pouco do que seria. Não somos poupados em momento algum do terror de estar no meio de uma guerra e a única saída para a paz parece ser a própria morte. É incrível que essa reflexão faz parte dos pensamentos do garoto Agu.



         Um filme exemplar, distribuído e “encomendado” pelo Netflix. Resta esperar ano que vem se os “acadêmicos” do Oscar vão reconhece-lo como a pérola que é ou vão esnobar pois não foi vinculado no padrão “convencional” da indústria cinematográfica.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Goosebumps – Monstros e Arrepios: Expectativa x Realidade

Goosebumps – Monstros e Arrepios: Expectativa x Realidade




         Expectativa: assistir um grande filme clássico de terror e fazer um comentário “phodásticohhh” para o Halloween e ter uns 50 milhões de acessos e comentários favoráveis...

         A realidade é que eu assisti “Goosebumps – Monstros e Arrepios” e a resenha é no mesmo nível de sempre, sem comentários favoráveis, sem milhões de acessos e estou postando no fim do dia de Finados.

         Pois éh!!!

         Eu vi esse filme quase que sem querer. Particularmente gosto muito de filmes baseados em obras literárias infanto-juvenis. Nem sempre são um primor de produção, mas é muito bacana ver personagens de “tinta” se materializarem na tela do cinema. Há alguns anos eu vi essa série nas livrarias, e senti curiosidade, porém nem sempre, como disse acima, a expectativa condiz com a realidade. E passou o tempo... De repente um dia vejo um comentário sobre essa série virar filme e mais um tempo depois me deparo com os anúncios nos cinemas.

         Pelo que consta sobre o livro, cada exemplar é uma história com personagens principais diferentes. No filme fizeram uma “grande brincadeira” com o autor e suas obras. Robert Lawrence Stine, que é autor verdadeiro, vira o personagem do filme, interpretado por Jack Black, que escreve livros onde os monstros criam vida e por isso os prende nos próprios livros à chave. Porém, um novo vizinho, um tanto intrometido, acaba por soltar alguns dos seus personagens mais aterrorizantes. E a confusão começa.

         A pegada é bem infantil. Com piadas simpáticas, um casal de protagonistas bonitos com um amigo atrapalhado, um coadjuvante de peso, o próprio Black. Um típico filme baseado em livros de adolescente. A produção é competente, como a grande maioria. Porém a história é um tanto manjada e já sabemos de algumas “reviravoltas” que tentará dar mais dinâmica a trama. Contudo não se prenda a essas mesmices hollywoodianas. Tudo acontece bem, para a faixa etária que se propõe. Pode não ser o sucesso de bilheteria dos últimos dois finais de semana, porém diverte. O terror no qual se baseia é meramente ilustrativo pois casa muito mais com comédia, mesmo usando personagens típicos e genéricos de filmes de horror B. O que só deixa mais divertido.

         Particularmente eu não gosto do Jack Black. Ele e Adam Sandler estão no mesmo patamar interpretativo em comédias: piloto automático. Não tenho como negar que ambos chamam bilheteria, por isso a quantidade de comédias com eles é grande. Já os demais atores são novos e com rostinhos bonitos, pelo menos o casal que surge desde o começo. Já o amigo inusitado, não podemos dizer que é bonito mas tem um “time” cômico muito bom. O casal é interpretado pela fofa Odeya Rush e pelo candidato a galã teen Dylan Minnette e o amigo é o Ryan Lee.



         No mais o Halloween me trouxe outras travessuras e nenhum doce. Para matar minha “gordice” só atacando a lata de leite condensado.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Vai Que Cola: Funciona Melhor na TV

Vai Que Cola: Funciona Melhor na TV



        Nem sempre uma ideia que dá certo para a televisão consegue uma boa adaptação para o cinema. “Vai Que Cola” derrapa em tudo que dá certo no programa do canal Multishow. Toda a química do elenco e improvisação que dão o tom de comédia de auditório se perde. No programa da TV o ótimo Paulo Ricardo consegue fazer suas piadas darem certo com o tempo preciso da improvisação. No filme, ele tenta e pouco consegue.

        Basicamente o filme é a tentativa de Valdomiro voltar a morar na Zona Sul e limpar seu nome, e de quebra, por um problema típico carioca o povo da pensão vai morar com ele na sua cobertura dos sonhos.

        Enfim, o que dizer do roteiro, que tenta transpor para a “realidade” a vida dos personagens que estão sempre na pensão da matrona, que cultiva e gosta de umas ervas suspeitas, D. Jô/Catarina Abdala. A personagem Jessica/Samantha Schmütz, uma das mais engraçadas, acaba prejudicada e relegada e mera coadjuvante. Velna/Fiorella Mattheis consegue se destacar mais, coisa que não acontece na TV. Cacau Protásio que faz a impagável Teresa quase não aparece. É dado somente piadas manjadas com seu peso e seu jeitão suburbano. Os demais, como na televisão continuam sendo coadjuvantes e “escada” para as piadas mais engraçadas e motes para Valdomiro/Paulo Gustavo e para Ferdinando/Marcus Majella. Caruso tenta e só consegue ser ele mesmo. Realmente o carisma e a habilidade de improvisação que é o diferencial no programa faz muita falta no filme. Direção, fotografia e no geral produção bem básica.

Porém temos que dar o braço a torcer para com as produções nacionais que concorrem injustamente com as produções americanas. E em vários casos conseguem uma boa bilheteria.

        Vale prestigiar, vale quere assistir por não ser “legendado”, vale por ser fã do programa e nada mais. Caça níquel brazuca desnecessário. Entre o filme e o programa da televisão, o programa acumula todas as qualidades e o humor.


        Um “ps”: certa vez assisti um vídeo do ator Paulo Gustavo ridicularizando uma crítica do filme “Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou”. Era um crítico conceituado de uma revista “conceituada”. Só fico imaginado se ele lesse a aminha humilde resenha/crítica. Coitado de mim... Nada pessoal viu!!!  

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um Senhor Estagiário: Não Deixe passar

Um Senhor Estagiário: Não Deixe passar




         Esse é bem daqueles filmes que assistimos o trailer e deixamos para depois. E o depois se estende e quando percebemos já não é lançamento e deixamos para lá. Seu destino corria nesta direção se por vários infortúnios da vida eu não acabasse o feriado prolongado sozinho em casa e enfastiado de tudo, sem ânimo para nada, nem assistir filmes. Até que resolvi dar uma chance para “ Um Senhor Estagiário”. E digo que o trailer não faz jus ao que o filme é.

         É um “água com açúcar” bem feito, honesto e muito simpático. Antes de falar qualquer coisa tenho que citar a diretora, que é também roteirista e produtora: Nancy Meyers.  Tem um repertório de comédias românticas em seu currículo de diretora: “Simplesmente Complicado”, “Amor Não Tira Férias”, “Alguém Tem Que Ceder”, “Do Que As Mulheres Gostam”. Também responsável pelos roteiros, com exceção do “Do Que As Mulheres Gostam”. E uma surpresa agradável é que ela foi uma das roteiristas de “Recruta Benjamim”, uma comédia divertida com a Goldie Hawn no papel de uma mulher rica que acaba se alistando no exército e sofre todos os tipos de humilhações possíveis, no longínquo ano de 1980. O interessante que o foco dessa diretora parece ter mudado, antes comédias românticas com mulheres jovens, de um tempo para cá passou a ter um viés mais amadurecido. Falando de uma idade onde muita gente quer apenas pendurar as chuteiras, principalmente no quesito amor. Ela dá uma mostra que o mundo dos idosos é mais que netos e clubes de terceira idade. Lógico que isso nos EUA, onde não há os problemas brasileiros. Onde uma pessoa precavida consegue ter um fundo de aposentadoria digno, mesmo que privado.


         Em “Um Senhor Estagiário” vemos Ben Whittaker voltar a trabalhar em uma empresa de comércio eletrônico por um programa social de estágio para idosos. E lá ele começa a fazer diferença na vida dos funcionários de forma divertidamente anacrônica. Mas a principal afetada, positivamente, pelo “novo” estagiário é a dona da empresa, uma mulher totalmente atarefada e que não gosta de intimidade com os funcionários, Jusles Ostin, e acaba tendo no antiquado, porém sempre correto, Ben um apoio maior do que imaginaria. Até aí tudo bem, se não fossem os atores que interpretam esses papéis: Robert De Niro e Anne Hathaway.

         Há anos que não vejo uma interpretação de De Niro que realmente me prenda. Pode ser uma heresia o que escrevo aqui, mas nunca gostei muito dele como ator. Sei o quanto ele é “venerado” na indústria cinematográfica, só que eu não consigo gostar tanto dele assim. E confesso que por isso, até hoje, não assisti “Taxi Driver”. Sim, me julguem, e muito. Contudo dificilmente vejo outro ator para esse papel. Depois de ver De Niro e sua “química” com Hathaway é inegável que eles são a alma do filme. Lógico que não são um par romântico, isso seria muito avançado para os padrões de Hollywood, mesmo que a realidade o contradiga, ficam na zona de conforto da amizade paternal/filial. E funciona bem. Com a única exceção da situação da casa da mãe da Jules, o filme todo funciona tão perfeitamente que nos dá aquela sensação gostosa que só um filme leve pode proporcionar, com certos momentos de ternura sem cair na pieguice. O filme faz acontecer o que propõe: diversão. 



         Entre vários filmes que ousam prometer algo que não cumprem, este foi um grande alívio para a alma neste feriado. E olha que não esperava nada dele. É um filme “mulherzinha”? Acho que não. Só homens inseguros com sua própria sexualidade pensariam dessa forma. Pelo contrário, percebo que tenta mesclar o que há de melhor nos filmes de público feminino com uma visão masculina, um tanto romantizada admito, do que é ser um homem. Infelizmente se estiver acostumado a soco, pancadaria e homens anabolizados, esse não é seu filme. Porém ajudaria mais nessa visão um tanto estereotipada do que é ser “machão”. No mais, quem gosta de filmes leves assista esse. Aproveite... De preferência com a namorada ou namorado do lado, com umas guloseimas... Eu assisti sozinho...  :’(

domingo, 27 de setembro de 2015

Que horas ela volta? - Preguiça!

Que horas ela volta? - Preguiça!




         Eu sempre gostei de filmes “arte”. Já tive muita coragem de enfrentar títulos que não são do agrado de muita gente. E até consegui gostar de filmes absurdamente chatos. Mas sempre perco um pouco de paciência com os tupiniquins. “Central do Brasil” foi um filme que achei “chato pra kharalho”. E lá estava ele no Oscar. Já “Cidade de Deus” achei um pouco melhor, e lá foi ele para o Oscar. Dificilmente rio em alguma comédia nossa, se bem que nem nas comédias gringas, Sinceramente não vejo vantagem nas nossas produções. Principalmente diante do valor exorbitante que um ingresso de cinema atinge. E realmente não ligo para o bordão “devemos valorizar o que é nosso”. Valorizo sempre o que quero, e principalmente o que gosto. Não sou nacionalista, sou sim fruto do sistema capitalista, e ultimamente ando percebendo que meu dinheiro é muito suado para “investir” em porcaria. Ando pesquisando antes de consumir. Sem contar que em muitos casos me assusta os “incentivos” que os filmes nacionais conseguem. Filmes que deveriam se bancar sozinhos, não o são, e mais uma vez o dinheiro público anda ajudando muito mais a interesses escusos que a verdadeira arte.


         Sem entrar mais nessa questão, e sei que muitos não concordarão comigo, vou de supetão com uma crítica ao “Que horas ela volta?”: é chaaaato... Dá preguiça. Tem um monte de cenas que enchem linguiça. Daria um ótimo curta, mas um longa perde o fôlego e brinca com nossa tolerância. Como muitas histórias de nosso repertório nacional. E andei lendo a respeito de uns brasileiros “envergonhados” com as atitudes retratadas no filme, sendo que é mais que comum. Minha mãe foi empregada doméstica e os patrões conseguem ser até piores. E tudo envernizado com a famosa frase: “Mas a fulana é praticamente da família”. E antes que menos se espere eles metem o pé na bunda da dita cuja que “é praticamente da família” ou a exploram mais. O raro é o que acontece no filme, que não vou dizer o que é por não querer entregar o fim...


         Tanto é normal o regime escravocrata das empregadas domésticas no Brasil que elas conseguiram os poucos “direitos” trabalhistas recentemente. E ainda tem patroa que achou o cúmulo ter que seguir as novas normas.

No filme vi um roteiro arrastado, uma atuação competente de Regina Casé, que a todo momento se centrava para fazer uma nordestina reprimida pelo ambiente de trabalho que deixa a filha na sua terra natal para ganhar a vida em São Paulo, evitando ao máximo sua veia cômica, e só temos a ganhar quando não consegue. Há atuações mornas dos demais atores. E a história é bem típica nas classes médias por aí. O pai é um bundão que vive um casamento de fachada que já não o completa mais, e tem medo de se envergar a um novo patamar. O filho, que herdou "hereditariamente" (percebam a redundância) a incompetência paterna, não consegue passar no vestibular, se reconforta na maternidade roubada da empregada, que carente por ter abandonado a filha, o mima como jamais fez pela sua cria e ainda ganha o prêmio dos grandes fracassados de classe média alta: uma viagem de intercâmbio. A mulher é simplesmente a figura “trabalhadora” que, encostada no dinheiro do marido se faz a grande mulher de sucesso, numa simulação de uma carreira eficiente e reconhecida. Incapaz de ter o amor do filho, incapaz de sequer dar valor a um presente dado pela empregada, incapaz de ver a infelicidade do marido, incapaz de ver a própria infelicidade. Só se torna capaz de se sentir ameaçada pela filha novinha, porém comum, da empregada, pois esta acaba por avançar os limites que uma mulher de bem e rica sempre impôs à sua serviçal.


         O filme não avança para ser mais ousado. Fica em águas rasas e por pouco, bem pouco mesmo, não afunda de vez. Porém como todos andam tão ansiosos por uma grande produção brasileira, as migalhas dadas por “Que horas ela volta?” parecem um grande banquete.

         Para finalizar, só ilustrarei com a imagem abaixo meu sentimento em 10 minutos de filme, que se estendeu até o fim:





PS. Discordem de mim... Faz parte!!!