How To Get Away With Murder: Embasbacante
Já
faz alguns meses que assisti toda a primeira temporada de “HTGAWM” e só agora
consigo me “desembasbacar” e colocar por escrito o que senti. E não foi
surpresa nenhuma ver Viola Davis ganhando lindamente o prêmio de Melhor Atriz
em Série Dramática no Emmy. E sabe o que
é o mais instigante? Apesar da atuação arrebatadora a série por si mesmo tem
personalidade. Viola se destacou, porém, o roteiro em si, todo fragmentado, é
também um exemplo de um bom texto que nos traz uma boa história. Sem contar o
elenco de apoio de extrema competência que extrapolou o simples “fazer o dever
de casa”. Vou falar de “HTGAWM” por partes.
Primeiramente
o roteiro: Uma história principal permeia todos os episódios, o assassinato de
um personagem, que leva a outro assassinato que desdobra toda a trama intensa.
Para justificar o enredo o título dá a temática da série, em tradução livre
“como se safar de um assassinato”. E junto à essa trama principal vemos
praticamente um caso a ser resolvido no tribunal pela personagem de Viola Davis,
Annalise, advogada e professora numa faculdade que conta com o apoio de
estagiários que ela mesma escolheu entre seus alunos. A máxima, um pouco
preconceituosa, eu sei, de que estagiário só faz merda se encontra nessa série.
Um monte de equívocos, por parte dos jovens estudantes, causa os transtornos
necessários para criar o clima de tensão que nos acompanha até o último
instante do episódio final.
Segundamente
o elenco de “apoio”: Todos estão ótimos em seus respectivos papéis. Jack
Falahee faz o estagiário gay que sai com todos os homens que passam em sua
frente e apaixona-se por um nerd. Alfie Enoch, um remanescente do elenco
secundário de Harry Potter, faz o “cachorrinho” da turma, quase ingênuo e capaz
de surpreender com suas atitudes. Matt McGorry é o estagiário certinho e filho
de ricos que quer a todo custo chegar ao topo da profissão, porém, nunca está
dentro dos acontecimentos do grupo. Aja Naomi King é outra estagiária, que está
prestes a se casar com um “bom partido” e vê essa possibilidade naufragar com
tudo o que acontece. Karla Souza, a última estagiária que aparenta ser uma
sonsa bonitinha, mas tem fibra suficiente para conseguir o que quer, mesmo que
tenha que roubar, enganar... Cada um conta com suas cenas marcantes que acabam
provando que uma boa escolha de elenco faz a diferença.
Liza
Weil e Charlie Weber amarram o grupo como auxiliares diretos de Annalise. Ambos
com seus esqueletos bem guardados nos seus armários e com atitudes totalmente
diferentes são capazes de derramar sangue, literalmente, por sua chefe. E a
Katie Findlay que faz a amiga de uma garota assassinada e acaba se envolvendo amorosamente
com o personagem do Alfie Enoch.
Terceiramente
a diva Viola Davis: esta é um caso passional que adquiri. Desde seu trabalho em
“Dúvida”, onde, em uma cena perturbadora, consegue pelos minutos que dura sua
atuação, cerca de 8 minutos, ofuscar a brilhante Meryl Steep, que lhe rendeu
uma merecida indicação ao Oscar de Coadjuvante, eu virei fã dessa mulher.
Sempre achei que o papel de mulher negra reprimida, que repete em “Vidas
Cruzadas” lhe cabia bem. Porém, em “HTGAWM” sua personagem Annalise Keating não
tem nada de reprimida. É poderosa, é decidida, é controladora, é inescrupulosa
e é uma verdadeira VACA. E por ela ser uma vaca fica impossível não gostar.
Tudo que a personagem precisa para se moldar na tela Violas Davis dá na medida
certa. A densidade, o olhar de quem esconde muita coisa. A direção certa para
transformar as orientações do roteiro numa obra de arte. E como foi merecido o
reconhecimento do Globo de Ouro para seu trabalho. Foi bom ouvir seu discurso
quando recebeu o prêmio: "Na minha
mente, eu vejo uma linha. E sobre essa linha que eu vejo campos verdes e flores
lindas e belas mulheres brancas com seus braços esticados para fora sobre essa
linha. Mas eu não consigo chegar lá, não sei porque. Eu não consigo superar
essa linha. Harriet Tubman disse isso em 1800. E deixe-me dizer uma coisa, a
única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é
oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não
existem."
Por
essas e outras Viola Davis se tornou a minha atriz favorita dos últimos tempos.
Espero vê-la em vários filmes que lhe dê personagens tão formidáveis quanto já
teve até o momento.
Há
inúmeros outros motivos para gostar de “How To Get Away With Murder”. Um grande
suspense policial onde as reviravoltas nos tiram o fôlego a cada episódio. E
quando achamos que haverá uma pausa, o episódio que a mãe de Annalise aparece,
vemos que nem em uma senhorinha há conforto e acalento materno. Só descobrimos mais
coisas perturbadoras da complexa personalidade de Annalise.
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