sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Séries: How To Get Away With Murder: Embasbacante

How To Get Away With Murder: Embasbacante




        Já faz alguns meses que assisti toda a primeira temporada de “HTGAWM” e só agora consigo me “desembasbacar” e colocar por escrito o que senti. E não foi surpresa nenhuma ver Viola Davis ganhando lindamente o prêmio de Melhor Atriz em Série Dramática no Emmy.  E sabe o que é o mais instigante? Apesar da atuação arrebatadora a série por si mesmo tem personalidade. Viola se destacou, porém, o roteiro em si, todo fragmentado, é também um exemplo de um bom texto que nos traz uma boa história. Sem contar o elenco de apoio de extrema competência que extrapolou o simples “fazer o dever de casa”. Vou falar de “HTGAWM” por partes.

        Primeiramente o roteiro: Uma história principal permeia todos os episódios, o assassinato de um personagem, que leva a outro assassinato que desdobra toda a trama intensa. Para justificar o enredo o título dá a temática da série, em tradução livre “como se safar de um assassinato”. E junto à essa trama principal vemos praticamente um caso a ser resolvido no tribunal pela personagem de Viola Davis, Annalise, advogada e professora numa faculdade que conta com o apoio de estagiários que ela mesma escolheu entre seus alunos. A máxima, um pouco preconceituosa, eu sei, de que estagiário só faz merda se encontra nessa série. Um monte de equívocos, por parte dos jovens estudantes, causa os transtornos necessários para criar o clima de tensão que nos acompanha até o último instante do episódio final.


        Segundamente o elenco de “apoio”: Todos estão ótimos em seus respectivos papéis. Jack Falahee faz o estagiário gay que sai com todos os homens que passam em sua frente e apaixona-se por um nerd. Alfie Enoch, um remanescente do elenco secundário de Harry Potter, faz o “cachorrinho” da turma, quase ingênuo e capaz de surpreender com suas atitudes. Matt McGorry é o estagiário certinho e filho de ricos que quer a todo custo chegar ao topo da profissão, porém, nunca está dentro dos acontecimentos do grupo. Aja Naomi King é outra estagiária, que está prestes a se casar com um “bom partido” e vê essa possibilidade naufragar com tudo o que acontece. Karla Souza, a última estagiária que aparenta ser uma sonsa bonitinha, mas tem fibra suficiente para conseguir o que quer, mesmo que tenha que roubar, enganar... Cada um conta com suas cenas marcantes que acabam provando que uma boa escolha de elenco faz a diferença.

        Liza Weil e Charlie Weber amarram o grupo como auxiliares diretos de Annalise. Ambos com seus esqueletos bem guardados nos seus armários e com atitudes totalmente diferentes são capazes de derramar sangue, literalmente, por sua chefe. E a Katie Findlay que faz a amiga de uma garota assassinada e acaba se envolvendo amorosamente com o personagem do Alfie Enoch.


        Terceiramente a diva Viola Davis: esta é um caso passional que adquiri. Desde seu trabalho em “Dúvida”, onde, em uma cena perturbadora, consegue pelos minutos que dura sua atuação, cerca de 8 minutos, ofuscar a brilhante Meryl Steep, que lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar de Coadjuvante, eu virei fã dessa mulher. Sempre achei que o papel de mulher negra reprimida, que repete em “Vidas Cruzadas” lhe cabia bem. Porém, em “HTGAWM” sua personagem Annalise Keating não tem nada de reprimida. É poderosa, é decidida, é controladora, é inescrupulosa e é uma verdadeira VACA. E por ela ser uma vaca fica impossível não gostar. Tudo que a personagem precisa para se moldar na tela Violas Davis dá na medida certa. A densidade, o olhar de quem esconde muita coisa. A direção certa para transformar as orientações do roteiro numa obra de arte. E como foi merecido o reconhecimento do Globo de Ouro para seu trabalho. Foi bom ouvir seu discurso quando recebeu o prêmio:  "Na minha mente, eu vejo uma linha. E sobre essa linha que eu vejo campos verdes e flores lindas e belas mulheres brancas com seus braços esticados para fora sobre essa linha. Mas eu não consigo chegar lá, não sei porque. Eu não consigo superar essa linha. Harriet Tubman disse isso em 1800. E deixe-me dizer uma coisa, a única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem."

        Por essas e outras Viola Davis se tornou a minha atriz favorita dos últimos tempos. Espero vê-la em vários filmes que lhe dê personagens tão formidáveis quanto já teve até o momento.

        Há inúmeros outros motivos para gostar de “How To Get Away With Murder”. Um grande suspense policial onde as reviravoltas nos tiram o fôlego a cada episódio. E quando achamos que haverá uma pausa, o episódio que a mãe de Annalise aparece, vemos que nem em uma senhorinha há conforto e acalento materno. Só descobrimos mais coisas perturbadoras da complexa personalidade de Annalise.
       
A segunda temporada já está correndo na TV por assinatura. E promete tanto quanto a primeira. Mesmo perdendo o impacto de ser novidade. Agora iniciarei nova maratona para poder ver onde vai parar as artimanhas de Annalise Keating e tentarei contar tudo o que for possível a todos vocês.

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