Que horas ela volta? - Preguiça!
Eu
sempre gostei de filmes “arte”. Já tive muita coragem de enfrentar títulos que
não são do agrado de muita gente. E até consegui gostar de filmes absurdamente
chatos. Mas sempre perco um pouco de paciência com os tupiniquins. “Central do
Brasil” foi um filme que achei “chato pra kharalho”. E lá estava ele no Oscar.
Já “Cidade de Deus” achei um pouco melhor, e lá foi ele para o Oscar.
Dificilmente rio em alguma comédia nossa, se bem que nem nas comédias gringas,
Sinceramente não vejo vantagem nas nossas produções. Principalmente diante do
valor exorbitante que um ingresso de cinema atinge. E realmente não ligo para o
bordão “devemos valorizar o que é nosso”. Valorizo sempre o que quero, e
principalmente o que gosto. Não sou nacionalista, sou sim fruto do sistema
capitalista, e ultimamente ando percebendo que meu dinheiro é muito suado para
“investir” em porcaria. Ando pesquisando antes de consumir. Sem contar que em
muitos casos me assusta os “incentivos” que os filmes nacionais conseguem.
Filmes que deveriam se bancar sozinhos, não o são, e mais uma vez o dinheiro
público anda ajudando muito mais a interesses escusos que a verdadeira arte.
Sem
entrar mais nessa questão, e sei que muitos não concordarão comigo, vou de supetão
com uma crítica ao “Que horas ela volta?”: é chaaaato... Dá preguiça. Tem um
monte de cenas que enchem linguiça. Daria um ótimo curta, mas um longa perde o
fôlego e brinca com nossa tolerância. Como muitas histórias de nosso repertório
nacional. E andei lendo a respeito de uns brasileiros “envergonhados” com as
atitudes retratadas no filme, sendo que é mais que comum. Minha mãe foi
empregada doméstica e os patrões conseguem ser até piores. E tudo envernizado
com a famosa frase: “Mas a fulana é praticamente da família”. E antes que menos
se espere eles metem o pé na bunda da dita cuja que “é praticamente da família”
ou a exploram mais. O raro é o que acontece no filme, que não vou dizer o que é
por não querer entregar o fim...
Tanto
é normal o regime escravocrata das empregadas domésticas no Brasil que elas
conseguiram os poucos “direitos” trabalhistas recentemente. E ainda tem patroa
que achou o cúmulo ter que seguir as novas normas.
No filme
vi um roteiro arrastado, uma atuação competente de Regina Casé, que a todo
momento se centrava para fazer uma nordestina reprimida pelo ambiente de
trabalho que deixa a filha na sua terra natal para ganhar a vida em São Paulo, evitando
ao máximo sua veia cômica, e só temos a ganhar quando não consegue. Há atuações
mornas dos demais atores. E a história é bem típica nas classes médias por aí. O
pai é um bundão que vive um casamento de fachada que já não o completa mais, e
tem medo de se envergar a um novo patamar. O filho, que herdou "hereditariamente" (percebam a redundância) a incompetência paterna, não consegue passar no vestibular, se reconforta na
maternidade roubada da empregada, que carente por ter abandonado a filha, o
mima como jamais fez pela sua cria e ainda ganha o prêmio dos grandes
fracassados de classe média alta: uma viagem de intercâmbio. A mulher é
simplesmente a figura “trabalhadora” que, encostada no dinheiro do marido se
faz a grande mulher de sucesso, numa simulação de uma carreira eficiente e
reconhecida. Incapaz de ter o amor do filho, incapaz de sequer dar valor a um
presente dado pela empregada, incapaz de ver a infelicidade do marido, incapaz
de ver a própria infelicidade. Só se torna capaz de se sentir ameaçada pela
filha novinha, porém comum, da empregada, pois esta acaba por avançar os
limites que uma mulher de bem e rica sempre impôs à sua serviçal.
O
filme não avança para ser mais ousado. Fica em águas rasas e por pouco, bem
pouco mesmo, não afunda de vez. Porém como todos andam tão ansiosos por uma
grande produção brasileira, as migalhas dadas por “Que horas ela volta?”
parecem um grande banquete.
Para
finalizar, só ilustrarei com a imagem abaixo meu sentimento em 10 minutos de
filme, que se estendeu até o fim:
PS. Discordem de mim... Faz
parte!!!
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