Um Senhor Estagiário: Não Deixe passar
Esse é bem
daqueles filmes que assistimos o trailer e deixamos para depois. E o depois se
estende e quando percebemos já não é lançamento e deixamos para lá. Seu destino
corria nesta direção se por vários infortúnios da vida eu não acabasse o
feriado prolongado sozinho em casa e enfastiado de tudo, sem ânimo para nada,
nem assistir filmes. Até que resolvi dar uma chance para “ Um Senhor
Estagiário”. E digo que o trailer não faz jus ao que o filme é.
É um “água com
açúcar” bem feito, honesto e muito simpático. Antes de falar qualquer coisa
tenho que citar a diretora, que é também roteirista e produtora: Nancy
Meyers. Tem um repertório de comédias
românticas em seu currículo de diretora: “Simplesmente Complicado”, “Amor Não
Tira Férias”, “Alguém Tem Que Ceder”, “Do Que As Mulheres Gostam”. Também
responsável pelos roteiros, com exceção do “Do Que As Mulheres Gostam”. E uma
surpresa agradável é que ela foi uma das roteiristas de “Recruta Benjamim”, uma
comédia divertida com a Goldie Hawn no papel de uma mulher rica que acaba se
alistando no exército e sofre todos os tipos de humilhações possíveis, no
longínquo ano de 1980. O interessante que o foco dessa diretora parece ter
mudado, antes comédias românticas com mulheres jovens, de um tempo para cá
passou a ter um viés mais amadurecido. Falando de uma idade onde muita gente
quer apenas pendurar as chuteiras, principalmente no quesito amor. Ela dá uma
mostra que o mundo dos idosos é mais que netos e clubes de terceira idade.
Lógico que isso nos EUA, onde não há os problemas brasileiros. Onde uma pessoa
precavida consegue ter um fundo de aposentadoria digno, mesmo que privado.
Em “Um Senhor
Estagiário” vemos Ben Whittaker voltar a trabalhar em uma empresa de comércio
eletrônico por um programa social de estágio para idosos. E lá ele começa a
fazer diferença na vida dos funcionários de forma divertidamente anacrônica.
Mas a principal afetada, positivamente, pelo “novo” estagiário é a dona da
empresa, uma mulher totalmente atarefada e que não gosta de intimidade com os
funcionários, Jusles Ostin, e acaba tendo no antiquado, porém sempre correto,
Ben um apoio maior do que imaginaria. Até aí tudo bem, se não fossem os atores
que interpretam esses papéis: Robert De Niro e Anne Hathaway.
Há anos que não
vejo uma interpretação de De Niro que realmente me prenda. Pode ser uma heresia
o que escrevo aqui, mas nunca gostei muito dele como ator. Sei o quanto ele é
“venerado” na indústria cinematográfica, só que eu não consigo gostar tanto
dele assim. E confesso que por isso, até hoje, não assisti “Taxi Driver”. Sim,
me julguem, e muito. Contudo dificilmente vejo outro ator para esse papel. Depois
de ver De Niro e sua “química” com Hathaway é inegável que eles são a alma do
filme. Lógico que não são um par romântico, isso seria muito avançado para os
padrões de Hollywood, mesmo que a realidade o contradiga, ficam na zona de
conforto da amizade paternal/filial. E funciona bem. Com a única exceção da
situação da casa da mãe da Jules, o filme todo funciona tão perfeitamente que
nos dá aquela sensação gostosa que só um filme leve pode proporcionar, com
certos momentos de ternura sem cair na pieguice. O filme faz acontecer o que
propõe: diversão.
Entre vários
filmes que ousam prometer algo que não cumprem, este foi um grande alívio para
a alma neste feriado. E olha que não esperava nada dele. É um filme
“mulherzinha”? Acho que não. Só homens inseguros com sua própria sexualidade
pensariam dessa forma. Pelo contrário, percebo que tenta mesclar o que há de
melhor nos filmes de público feminino com uma visão masculina, um tanto
romantizada admito, do que é ser um homem. Infelizmente se estiver acostumado a
soco, pancadaria e homens anabolizados, esse não é seu filme. Porém ajudaria
mais nessa visão um tanto estereotipada do que é ser “machão”. No mais, quem
gosta de filmes leves assista esse. Aproveite... De preferência com a namorada
ou namorado do lado, com umas guloseimas... Eu assisti sozinho... :’(
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