domingo, 8 de junho de 2025

 Looking




 

 

 

 

        O que uma série gay que estreou em janeiro de 2014 e teve seu fim em março de 2015 com apenas duas temporadas pode nos dizer em 2025? Principalmente para uma comunidade que não se importa muito com a temática que a série aborda?

        A série de 2014-2015 aborda relacionamentos gays e todos os temas que a envolvem em uma das cidades mais icônicas do Orgulho LGBTQIA+, São Francisco. Tenho que lembrar que nossas cidades Campinas e São Paulo não ficam atrás na iconografia gay. Há tempos São Paulo pegou para si o primeiro lugar de maior Parada do Orgulho LGBTQIA+. E, se levarmos em conta todos os ataques que a comuinidade sofre de todos os lados, e uma onda de extrema direita também se anunciando no país, então qualquer filme, série ou arte que seja instrutiva é importante. Eu lembro de ter assistido na époda do lançamento e a minha cosmovisão sobre esse universo era um pouco diferente de agora.

        E é interessante revisitar algumas obras, e perceber que talvez o que nós identificássemos como problemático tenha somente virado algo normal de uma vivência numa cidade grande. Se antes, eu todo careta, ficava horrorizado com o tanto de drogas que eles usavam como se fosse nada, frequentar baladas em São Paulo, e outros lugares me mostrou que a realidade é pior, ou melhor, cada sabe de si, e foi outra coisa que aprendi, não julgar, pois também somos passíveis de julgamentos.

        Nós acompanhamos na série Patrick (Jhonathan Groff), Dom (Murray Barllet) e Augustín (Frankie J. Alvarez) e a tira colo, temos Doris Lauren Weedman), ex namora de Dom da época que os dois moravam numa pequena cidade do interior. Cada um dos personagens está “procurando”, em inglês “looking” algo. Eu gostaria de poder falar o que realmente penso, quer saber, “fodasse”: todos procuram rola, a Doris é heterossexual. Contudo, para também gerar uma dinâmica, eles todos procuram das maneiras mais complicadas que seres humanos podem procurar. Dom só gosta de novinho, mas vê a oportunidade de um “apoio” de um homem mais velho que ele, pois já conta com 40 anos e não tem nada concretizado em sua vida. Augustín é artista que não faz arte e usa seu namoro para explorar uma ideia que dá muito errada e Patrick é o gay branco sonso que teria tudo para ser feliz mas não valoriza o que tem e acaba perdendo. Acho que o personagem mais fofo e doce da série, Richie (Raul Castilho), se apaixona por ele, ele estraga tudo ficanco com o chefe casado, e vira amante desse. Isso tudo na primeira temporada. Para falar da segunda temporada teria que dar mais spoilers. E o que importa é o mundo LGBTQIA+ pré-Pandemia sendo mostrado com uma certa positividade. O mundo é assim como deve ser, os humanos complicam e descomplicam e a vida vai desenrolando sem ou com grandes preocupações.

        “Looking” pode então ser herdeiro de “Crônicas de San Francisco” na temática, até tem uma cena que citam a Sra. Madrigal mas não tem como fazer nada gay se não ter um monte de citação de várias coisas e, para um não iniciado, as citações estão na medida. O hetero top não vai precisar saber pajubá para entender o que passa, só não poderá ter homofobia pois o que mostra de bunda não está escrito... E umas rolas também. Afinal, se tem coisa que gay “Looking” é rola e bunda.

 

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