O rei do show
Em
2002 houve um musical que brincou com a questão de mulheres perigosas que eram
presas. Era tão irônico que usava a repercussão dos crimes cometidos pelas
garotas para satirizar a questão da busca do sucesso a qualquer custo. E de
forma direta mostrava que a vida delas, por mais glamorosas que pudesse parecer,
não era fácil e que elas eram detentas e seus crimes nem sempre bonitos. O musical
se chamava “Chicago”. E ano passado, 2017, tivemos o agridoce “La La Land” que
elaborou para as telas uma história de amor que durou o tempo que tinha que
durar e depois acabou. Particularmente acho “Chicago” bem melhor que “La La
Land” em vários sentidos. E ambos resgataram um gênero que sempre anda
esquecido, o musical. E este ano temos “O
rei do show”. Se “Chicago” colocou tudo para frente e explorou o tema
da celebridade e suas “sujeiras” este filme de 2018 pegou uma premissa de
exclusão social e jogou para o pano de fundo e fez o musical perder uma força
que poderia dar mais sustança à produção. No fundo não passa de uma fábula de
amor de um cara sonhador e exagerado que decide ficar com a mulher de sua vida
e suas duas filhas. E todo o restante é cenário. O contrário devia acontecer.
Então trabalhemos
o que temos.
Este
musical conta com nomes estrelares como Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac
Efron e Zendaya. Força a barra no pieguismo, junta uma música composta para
agradar o Oscar e coloca uma trupe de “estranhos” combatendo o preconceito, e o
velho drama do empresário americano, conciliar brilhantismo na carreira com a
vida familiar. Momentos lapidados para choro, para enternecimento e o que sobra
no final? É o que o roteiro mesmo diz: um momento de felicidade. Ou apenas um entretenimento
vazio. Valeu pelo momento, valeu o ingresso pago, pois nos deixou bem por duas
horas após o consumo, igual a um Big Mac ou ainda um churros cheio de
granulados coloridos. Porém passado essas horas a fome volta como se nada
houvesse no estômago.
É
pura diversão e nada mais. Querer ter uma reflexão mais profunda ou ainda
tentar conseguir um sentido só se formos tão superficiais quanto o próprio
filme. Então, correndo o risco de ofender uma grande parcela que não me lê, o
filme será um sucesso com, quase, todo o público. Alcança a todos em suas
intenções. Mas há umas verdades lá. Indiferente
a qualquer coisa o show deve continuar. E nem entrarei no mérito desses tipos
de shows serem exploratórios quando surgiram. Há vários vídeos e documentários
sobre isso. Mas o próprio roteiro não deixa questionar isso. É uma fábula com
final feliz. E um comentário besta: Zac
Efron consegue ser duro e denso perto do Hugh Jackman. Apesar de tanta maromba
para compor Wolverine por anos ele tem uma bela de uma ginga para dançar e sacolejar.
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