Kill Bill Vol. 1
Meus queridos leitores, todos os dois
que leem com afinco meus escritos, hoje coloco Kill Bill no panteão de filmes
de minha nada mole vidinha desvirtuada. Para quem não sabe, estive um período
numa vida ligada ao espiritual. Era um “consagrado” do senhor. E no processo o
capataz, digo, reitor que assumiu uma das fezes, digo fazes, que todos tinham
que passar mudou.
Da doce e gentil Glinda, a bruxa Boa do Sul, para a peçonhenta,
pútrida e falsa Bruxa Má do Oeste. Quem não entendeu a referência é de “O
Mágico de OZ” de 1939. Dá um Google. Tudo isso um ano antes de eu iniciar meus
estudos lá naquela etapa de salvação. Logo essa fase se mostrou umas das piores
desgraças e esse reitor que tinha o princípio de ação “não tive direito na
minha época, então ninguém vai ter...” ou ainda “vou moralizar essa situação
toda que o meu antecessor por incompetência deixou acontecer...”. Detalhe, o
antecessor dele foi bispo com 35 anos, um feito bem raro na atualidade, e hoje
é um arcebispo reconhecidíssimo pela sua competência. E esse reitor?
Por causa
de suas maldades foi deposto do cargo, e relegado a seu feudo agonizante. O lugar
tem um puta potencial, mas a “competência” dele não permite crescer mais. Contudo
antes de tirarem ele do poder houve muita maldade espalhada pela terra. E ele
só saiu do poder, pois, não tinha só pisado em nós, seminaristas, tinha também
pisado em vários padres, e isso é um pecado mortal dentro do clero, pois se
você puxa o tapete de um par seu, logo, algum padre mais ambicioso e
competente, puxa o seu tapete. Tem algo relacionado ao amor que Cristo tanto
pregou, pode conferir lá.
Meu primeiro ano nessa fase do período
de estudo passou com muita angustia. Já estava em crise, já pensava em sair,
mas tinha medo do que aconteceria, possivelmente teria que voltar para a cidade
pequena que tanto odiava. Resolvi ficar mais um pouco. Quando começou umas
perseguições gratuitas. E entre os perseguidos logo eu estava no meio. Digamos
que tinham fortes indícios que eu praticava sexo desenfreado sempre que podia.
Essa era a acusação. E essa foi a causa de minha “ruina” que hoje vejo como
redenção plena. E como todos sabem nenhum candidato a padre comete o pecado
contra a castidade... Sei que fui jogado do dia para a noite num furação de
situações que culminou na minha expulsão da noite para o dia do seminário.
Sem
uma causa plausível exposta. A Bruxa Má só disse que eu e mais meia dúzia de
outros garotos éramos imaturos para continuar lá. E, injustiça, pois não havia
homem naquela casa que não dava suas escapadinhas, um com bispo, outro com
velhos, outro com quem tivesse rola, outro com a vizinha, e até desconfiamos
que o próprio infeliz reitor tinha uns “trelelês”
com a outra vizinha... Hoje, analisando melhor, acho que não era uma “relação”
onde se consumava algo de fato... Era algo mais sórdido e doentio, coisa de
psicopata. Um dia desses conto em outro tipo de texto.
E justamente neste período conturbado
estreou “Kill Bill – Vol. 1”. Foi o que deu a gana de tentar buscar justiça.
Pena que na época uma espada samurai verdadeira não estava ao alcance... Para
quem não sabe o filme nos mostra, em duas partes, a trajetória de “A Noiva” que
não sabemos o nome. Só no Vol. 2 que será dito. “A Noiva” está num hospital em
coma inerte numa cama. E dois enfermeiros surgem para abusar daquele corpo. E
bem nessa hora que ela acorda com toda a sua ira em chamas.
Mata os dois e,
após colocar seus pensamentos em ordem, vai atrás de quem a colocou lá naquele
hospital: Bill. E para matar Bill “A Noiva” tem que primeiro matar seus antigos
colegas de “trabalho”, matadores de aluguel perigosos a serviço de Bill. E
assim faz uma listinha e vai matando um por um para chegar até no grande chefe.
O primeiro filme ela fica praticamente com duas mortes de sua lista de cinco,
sem contar os jagunços que ela decepa, fatia, tritura e pica. Mas a vingança se
faz presente e clara. E isso que me deu forças para tentar lutar com os outros
colegas na mesma situação. Tanto que dizíamos que teríamos o nosso “Kill Bill”
mas seria “Kill Biltela” em referência ao tamanho gigantesco do reitor. No fim,
não houve vingança real de nossa parte.
Todos os padres tentaram amenizar a
situação e por panos quentes em na situação. Ainda mais que depois descobrimos
que havia algo mais pesado e problemático por trás. A diocese tinha levado um
desfalque de um milhão e meio de reais, um funcionário que respondia
diretamente a esse reitor, se apossou da grana. Então nosso caso foi uma
cortina de fumaça para algo maior que nem ouso insinuar.... errr... enfim...
A justiça veio depois de formas
inusitadas, ainda não da minha parte... que fique claro.
Mas o filme veio num momento perfeito
de uma injustiça sofrida. Calçou como uma luva. No filme “A Noiva” teve sua
vingança. Na vida real eu ainda sequer tive justiça... Mas terei...
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