Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo!
Julie Newmar
Se
antes de 1995 se ouvisse dizer que Patrick Swayze e Wesley Snipes fossem fazer
um filme juntos, mesmo com a adição de um ator como John Leguizano como
contrapeso, com certeza se esperaria um ótimo filme de ação ou aventura. Mas
veio uma simpática e divertida comédia. E ainda como fundo o mundo das Drag
Queens.
Para
quem não conhece, só lembro que até 1994 havia na Rede Bandeirantes, nos
sábados à tarde um programa que se chamava o Clube do Bolinha. Uma imitação do
Chacrinha sem roupas circenses, mas com roupas de “bicheiro”. Coisas que faziam
sentido num Brasil semicolonial dos anos 1960-1970-1980. Nesse programa havia
um quadro que se chamava “Eles e Elas” onde artistas transformistas,
supostamente todos heterossexuais, se vestiam de mulher e performavam dublando
alguma diva brasileira da música.
Ou até mesmo algum cantor “excêntrico” como
Ney Matogrosso. Esses artistas “transformistas” podem ser chamados de Drag
Queens. Apesar que a condição homossexual ser intrínseca ao grupo não é uma
regra fundamentalista. Se eu lembrar um artista heterossexual que faz Drag eu
comunico. Sei que muita gente gostava desse quadro pois não tinha, na mente
pequena dos anos 1980, “maldade”. Por maldade entenda-se “homossexualidade”.
Coisa que o Bolinha sempre frisava ao falando da vida pessoal de algum dos
artistas que iam ao seu programa, sempre informando sobre a quantidade de
filhos que o transformista tinha. Então, Drag Queens são homens, geralmente,
que se vestem de mulher para fazer alguma performance artística. Por certo que
essa definição anda um pouco fluída e há muitas variáveis.
Voltando
ao filme, os machões do cinema que sempre se valeram de sua testosterona
resolvem aceitar participar de um filme sobre homens que ganham a vida se
vestido de mulheres e assumem todos os trejeitos femininos possíveis. Swayze
encarna Vida Boheme, Snipes Noxeema Jackson e Leguizamo Chi Chi Rodriguez. As
duas primeiras querem viajar para o outro lado do país para continuarem sua
investida em concursos de Drags. E Chi Chi por falta de dinheiro acaba entrando
na jogada e para conseguir ir juntas as outras desistem do conforto de um avião
e vão de carro por longos quilômetros. Em determinado momento esbarram com um
policial que as confunde com mulheres “de verdade” (já vi essa história por
aqui em algum lugar) e ao tentar tirar uma casquinha de Vida descobre o vergão da
verdade. E, acaba inconsciente e com raiva homofóbica. E depois tenta a todo
custo pegar as moçoilas para coloca-las na cadeia. E no meio do caminho, mais
para frente na verdade há uma pequena cidade que se encanta/escandaliza com a
situação das Drags. Porém o percurso é um pouco mais complexo até a descoberta
dos rostos masculinos por baixo de tanta base.
Apesar
do final um pouco piegas e previsível, temos também que lembrar que são anos de
1990, o filme é muito divertido. E como em basicamente todos os filmes
americanos, se relevar os pontos negativos ligados a estereótipos e machismo,
podemos nos divertir. Sou da opinião que é melhor que se mostre do que se esconda,
por pior que seja o retrato desenhado ao mostrar pelo menos se assume que existe,
não se nega. O problema está quando a sociedade nega a existência de alguma
minoria e não a representa nunca em sua produção cultural.
E
se você vier a pensar que “Drag” não faz parte da sigla LGBT, digamos que elas
são a parte linda e cômica de uma subdivisão do “G” com pitadas do “T”. Apesar
de nem toda Drag ser transgênero. É só pelo jogo com a imagem
masculina/feminina que ambos os lados citados se entrelaçam. Sem Drags o mundo
Gay ficaria um pouco menos engraçado e sem brilhos.
Beijos
de Luz.
Estava
esquecendo... Que cabecinha de vento a minha... Sobre o título, diz a lenda,
que o roteirista do filme viu uma foto em um restaurante chinês com o autógrafo
da diva Julie Newmar que dedicava e agradecia ao um desconhecido Wong Foo por
algo. E essa diva faz uma ponta como ela mesma no filme. Agora se você não
conhece Julie Newmar... Google já!
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