Para sempre
Alice – "Still Alice" o melhor título
Mais uma vez, o título em português falha. Pois dá a
entender de algo que dura, eterno, e o filme é do que se perde, do que se esvai
contra a vontade... E o original “Still”(ainda) soa bem mais interessante, pois
impulsiona para o caráter forte da protagonista diante de seu problema que a faz esmorecer se descaracterizar de si mesma.
Quando comecei esse blog, eu queria resgatar minhas memórias
sobre um período bem significativo de minha vida e tentava usar o humor como
tom da narrativa. E vez ou outra comentava um filme assistido, sem pretensão.
Continuo sem pretensão, mas vejo o quanto é difícil usar de humor em certos
assuntos. Tento no que posso. No que não posso fico tentando apenas não ser
piegas. E para falar desse filme realmente não dá para se usar um tom satírico,
ou humorístico escrachado. No máximo alguma pontuação levemente bem humorada.
No máximo! Esse filme é um drama sobre um tema simpático a muitos. E não digo
simpático no sentido de sentirmos empatia e ternura por algo “gostosinho”. É
simpático por se tratar de uma doença muito presente, porém “recém” descoberta
em nosso vocabulário, apesar de não ser tão nova assim. Simpática pois ataca
principalmente nossas “vózinhas” ou “vôzinhos”. Uma doença que vem de mansinho, que se
instala, via genes, fica e deteriora o que há de mais precioso em um ser
humano: as lembranças de uma vida que faz a pessoa ser do jeito que ela é.
Então, o filme é sobre Alzheimer. Alice, mulher de seus 50
anos, bem sucedida como linguista começa a perceber certos lapsos,
esquecimentos. E quando essas faltas de lembranças começam a afetar sua vida
profissional e afetiva ela vai a um médico e o diagnóstico é devastador:
Alzheimer precoce. E o filme todo vai mostrando a evolução do seu quadro.
O mais triste é Alice ter noção do que virá. Ela sabe que
vai perder aos poucos tudo o que tem. Em uma fala ela deixa o ápice da amargura
transparecer dizendo que preferia ter câncer. Não são só recordações que se
vão, são palavras que ela usava tão magistralmente na sua comunicação, como
disse era linguista. Nomes, endereços. É angustiante uma cena que ela não acha
o banheiro na casa que estava passando as férias. É frustrante saber que aquele
problema não é só de Alice. Muita gente sofre desse mal, e nem é diagnosticada
a tempo. Dramaticamente, no filme, ela tem a doença evoluindo de forma rápida.
E surge a urgência, de querer ver os filhos bem, de querer ver os netos que vão
nascer. O mais difícil é perder, perder, perder e perder... E não lembrar.

Apesar de tratar de um tema pesado, o roteiro é leve. Como uma
borboleta, usada em uma analogia singela. E também o filme não cria fórmulas
miraculosas para salvar a personagem. É fiel ao que a doença causa.
Na corrida ao Oscar, Julianne Moore tem todas as chances de
ganhar. Melhor que Rosamund Pike em “Garota Exemplar”. Porém tenho que assistir
aos filmes das outras indicadas. Mas intuo que Marion Cotillard pode
surpreender. Vou logo assistir o seu filme, “Dois dias, uma noite”, e falo de
minhas impressões.
Por fim, o filme rende choro. Principalmente se houver algum
caso na família de Alzheimer. Pode preparar os lencinhos de papel.
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