A Teoria de Tudo - Estava Enganado
Sim,
eu estava com preconceito a respeito desse filme. Em grande parte pelo ator
principal, Eddie Redmayne. Tinha percebido ele no filme “Os Miseráveis” e não
achei lá essas coisas. Mas eu estava enganado e fico feliz por isso. O cara
arrebenta na interpretação. Achava que o Cumberbatch estava sendo injustiçado e
que esse “moleque” sardento estava sendo superestimado.

A
história é baseada na vida do famoso Stephen Hawking, começando no período que
está fazendo sua tese de doutorado. E nesse tempo conhece sua futura esposa
Jane (Felicity Jones) e é acometido pela doença que o faria ficar entrevado
numa cadeira de rodas com o risco de ficar sem poder se comunicar. Interessante
foi descobrir que os médicos deram 2 anos de vida ao então rapazote. E, não é
spoiler, sabemos que ele se encontra vivo até hoje e bem ativo no seu trabalho.
O coração do filme é Redmayne e as artérias Jones. Os dois conseguem fluir bem
na história. Roteiro bem amarrado e sem grandes reviravoltas. Mostra todo o
brilhantismo de Hawking. É meio óbvio no desenrolar da história do gênio que
enfrenta uma adversidade. Parece tudo igual, mesma faculdade, mesmas lousas,
mesmos bares onde se entopem de cervejas e buscam sexo... Tudo meio nerd. Muito
parecido a outros filmes, inclusive com o concorrente “O Jogo da Imitação”. E ao
mesmo tempo tão diferente. É bem tocante ver as pequenas mudanças que Redmayne
executa. É um pé torto, um tropeço, uma dificuldade em pegar uma caneta, tudo
sutil e progressivo. E ao mesmo tempo vai vivendo sua vida. Conhece sua futura
esposa e a doença piora, piora e piora. Falar como um doente é fácil, mas
passar as matizes de uma pessoa por trás da doença é que faz a diferença. E nesse
sentido o personagem desse filme é muito mais complexo que os demais
concorrentes que assisti até agora. Um personagem humanizado em sua maior
fragilidade. E Felicite Jones não deixa por menos. Apesar de ainda preferir
Julianne Moore, Jones dá vida a uma dona de casa sobrecarregada, que fica dividida
entre a própria vida e carregar, literalmente, o marido “nas costas” por amor. Ambos
dão o gosto ao filme. Dão verdade.

Interessante
perceber que foi indicado para a categoria de Melhor Filme, mas não para Melhor
Diretor. Acho as duas categorias indissociáveis, ideia que a Academia não segue.
Boa reconstituição de época e bom exemplo de vida dado pelo personagem. E melhor
ainda saber que é uma história real, de uma pessoa real, que é um grande
exemplo no mundo apesar de sofrer de problemas tão comuns a todos nós, e não
falo de sua doença. Ele trabalha, se apaixona, tem filhos, deixa de gostar,
trabalha, vê os filhos crescerem, trabalha, se apaixona de novo, vive. Não é
uma cadeira de rodas que o faz parar. Não é a falta de fala que o
impossibilita. Com uma atitude estática involuntária devido à doença não se
deixa abater e com a ajuda certa consegue desenvolver a sua potencialidade numa
teoria que ajudou muito em sua área.
Indefinidamente,
Redmayne é o melhor este ano. E Felicity Jones pode não ser a melhor, mas está
entre as melhores. Grandes interpretações, grande filme, grande história. “A
Teoria de Tudo” vale o preço do ingresso, cada vez mais exorbitante. Porém é
filme adulto que pode não agradar os mais novos, ou aos sedentos por emoções fortes,
sustos ou “testosterona”. É uma história comum, que de comum não tem muita
coisa.
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