terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A Teoria de Tudo - Estava Enganado

A Teoria de Tudo - Estava Enganado


 






            Sim, eu estava com preconceito a respeito desse filme. Em grande parte pelo ator principal, Eddie Redmayne. Tinha percebido ele no filme “Os Miseráveis” e não achei lá essas coisas. Mas eu estava enganado e fico feliz por isso. O cara arrebenta na interpretação. Achava que o Cumberbatch estava sendo injustiçado e que esse “moleque” sardento estava sendo superestimado.

           
A história é baseada na vida do famoso Stephen Hawking, começando no período que está fazendo sua tese de doutorado. E nesse tempo conhece sua futura esposa Jane (Felicity Jones) e é acometido pela doença que o faria ficar entrevado numa cadeira de rodas com o risco de ficar sem poder se comunicar. Interessante foi descobrir que os médicos deram 2 anos de vida ao então rapazote. E, não é spoiler, sabemos que ele se encontra vivo até hoje e bem ativo no seu trabalho. O coração do filme é Redmayne e as artérias Jones. Os dois conseguem fluir bem na história. Roteiro bem amarrado e sem grandes reviravoltas. Mostra todo o brilhantismo de Hawking. É meio óbvio no desenrolar da história do gênio que enfrenta uma adversidade. Parece tudo igual, mesma faculdade, mesmas lousas, mesmos bares onde se entopem de cervejas e buscam sexo... Tudo meio nerd. Muito parecido a outros filmes, inclusive com o concorrente “O Jogo da Imitação”. E ao mesmo tempo tão diferente. É bem tocante ver as pequenas mudanças que Redmayne executa. É um pé torto, um tropeço, uma dificuldade em pegar uma caneta, tudo sutil e progressivo. E ao mesmo tempo vai vivendo sua vida. Conhece sua futura esposa e a doença piora, piora e piora. Falar como um doente é fácil, mas passar as matizes de uma pessoa por trás da doença é que faz a diferença. E nesse sentido o personagem desse filme é muito mais complexo que os demais concorrentes que assisti até agora. Um personagem humanizado em sua maior fragilidade. E Felicite Jones não deixa por menos. Apesar de ainda preferir Julianne Moore, Jones dá vida a uma dona de casa sobrecarregada, que fica dividida entre a própria vida e carregar, literalmente, o marido “nas costas” por amor. Ambos dão o gosto ao filme. Dão verdade.

           
Interessante perceber que foi indicado para a categoria de Melhor Filme, mas não para Melhor Diretor. Acho as duas categorias indissociáveis, ideia que a Academia não segue. Boa reconstituição de época e bom exemplo de vida dado pelo personagem. E melhor ainda saber que é uma história real, de uma pessoa real, que é um grande exemplo no mundo apesar de sofrer de problemas tão comuns a todos nós, e não falo de sua doença. Ele trabalha, se apaixona, tem filhos, deixa de gostar, trabalha, vê os filhos crescerem, trabalha, se apaixona de novo, vive. Não é uma cadeira de rodas que o faz parar. Não é a falta de fala que o impossibilita. Com uma atitude estática involuntária devido à doença não se deixa abater e com a ajuda certa consegue desenvolver a sua potencialidade numa teoria que ajudou muito em sua área.

Indefinidamente, Redmayne é o melhor este ano. E Felicity Jones pode não ser a melhor, mas está entre as melhores. Grandes interpretações, grande filme, grande história. “A Teoria de Tudo” vale o preço do ingresso, cada vez mais exorbitante. Porém é filme adulto que pode não agradar os mais novos, ou aos sedentos por emoções fortes, sustos ou “testosterona”. É uma história comum, que de comum não tem muita coisa.




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