Meu antigo trabalho: PEI
Nota do dia 27 de novembro de 2023: Não era intenção manter o texto no formato que eu chamo de "cru". Ele precisa ser revisto para eliminar erros de digitação, ortográficos e concordâncias e, quiçá, tudo que desvirtua a gramática. Eu estava doente (continuo) e, simbolicamente, esse texto um desabafo/conscientização de meus problemas mentais. Assim, como os "erros" que farão minha mente se emaranhar em um turbilhão de equívocos, deixo esses "erros" da norma padrão para mostrar uma mente se emaranhar em seus próprios problemas com a tentativa de se expressar e se dar mal com isso. Muitos torcem o nariz, outros dizem que é falta de esforço para superar, outro tanto diz: desleixo. Eu: só vivencio e sofro as consequências, antes inconsciente, consciente que preciso só de uma coisa: tratamento. Os outros, como já li por aí (ou foi uma música? Me falta a memória no momento.), "não calçam meus sapatos." E como eles apertam e sangram meus calos. Por isso não me calo (mais).
Segue o texto como foi no dia que o fiz.Sem tirar nem por mais nada no dia 24 de Outubro de 2023:
Eu antes de ser
desligado trabalhava na E.E. de São Paulo. Uma escola histórica que a Diretoria
de Ensino (instituição do Governo do Estado que é responsável geograficamente pela
manutenção da mesma, mas só dos processos burocráticos e do ensino de forma
geral) não trata como deveria. Situações políticas que mudam a cada mandato a
fazem perder sua importância e e não estar ligada a um orgão federal a deixa como
um “João-Bobo” gigantesco empurrada segundo necessidade para lados e lados. Até
então, ela está vinculada a um projeto de ensino chamado PEI – Projeto de
Ensino Integral. Reduz o contintenge de professores ao limite para que cada um
pege em média aulas por semana. Reduz o
quadro de gestão, um diretor, um vice e um coordenanor e junto também o contingente
de apoio, agentes internos e tal. Com cerca de vinte pessoas. E junto ao quadro
de funcionários a escola é munida de equipamentos básicos como lousa digital,
televisões e alguns recursos a mais que uma escola de período regular. Conforme
a necessidade dos professores a gestão vai promovendo outros recursos. O
sistema funciona bem. Desde que todos sigam as diretrizes que estão bem
amparadas por uma “legislação” própria. De inicio parece ser uma coisa de extrema
burocracia, e é, contudo é uma burocracia um tanto funcional. Fichas e
planilhas e planos de aulas mais efetivos. Se na escola de período regular isso
fica atropelado pela demanda de substituiões, saídas e trocas de professores. No
PEI tudo é sanado por uma gratificação de exercício de atividade em período
integral. Quando comecei era dada o número de 75% do salario base de um
professor com carga fechada de aulas. Como disse vinte cinco aulas, em média,
podeendo variar para mais ou menos, e o restante das aulas para gerar quarenta horas
de trabalhos semanais são distribuídos em reuniões, chamadas de alinhamentos,
obrigatórios e, uma cereja tão bem vinda quanto aviltada por gestores que não
confiam em seus professores, horas de estudos. Essas horas de estudos são
realizadas na escola, isso impedia que eu levasse qualquer trabalho para casa. Nesse
período de trabalho no PEI não corrigi nada em casa, não preparei aula em casa,
minha cara só foi o que devia ser uma casa para me acolher e dar descanso. Salvaguardo
o período de pandemia que subverteu esse esquema. Mas a Pandemia foi algo fora
do que todos estávamos acostumados e preparados.
E justamente eu entrei
no PEI cerca de 20 dias antes de estourar o surto coletivo que culminou nos “lockdown”
que nos ensinou o inglês na marra “confinamento” um ano e meio nesse surto de
desespero e aflição para muitos. Para outros, o trabalho continuou em casa. Foi
o caso dos professores. Labutamos, e com o aparato do PEI conseguimos ser umas
das melhores escolas nos índices. A equipe, mesmo com as novas aquisições, eu
entre eles, estava azeitada e segurou a onda. E, mesmo com nosso esforço
mostrou que o Brasil não está preparado para ensino a distância. Precisa-se de
muito preparto. Para nós ficou claro. O governo está imbuído de fazer isso
descer guela a baixo da população. Índices numéricos são fáceis de articular
para o bem ou para o mal. Enfim, para garantir uma seriedade existe uma forma
de avaliação que todos avaliam todos. Para justamente haver um comprometimento
e justiça e equidade nas avaliações. Nas escolas convencionais somente a
direção avalia os professores. No PEI todos avaliam todos. Até os alunos são
convidados a fazer sua parte e avaliar gestão e professores. Aqui temos um
pequeno calcanhar de Aquiles. Essa avaliação pode ser usada, erradamente para
assediar o professor a ser “bonzinho”. Mas não deveria, e um bom gestor vai
avaliar e saber elevar críticas construtivas e desconsiderar críticas
destrutivas. Contudo em outros PEIs fiquei sabendo que não é assim. A demanda
degringola e se cria um ambiente tóxico. Contudo, não posso falar pelo que não
vivi e na E.E. de São Paulo vigorava um ambiente menos tóxico que eu já tinha
vivenciado em qualquer outra escola que tivesse passsado. Estava encantado. Eu
não acreditava que uma equipe podia ser tão amiga e um ajudando o outro do
jeito que era. Por certo, que ingenueidade não me acometia a ponto de não saber
que problemas tinham. E se um grupo fica tanto tempo juntos com certeza que os
problemas alheios se sobressaem. Se lembram que eu falei dos 75%? Então, ele
era o grande aglutinador e amenizador do que vem a ser um problema humano: a
discórdia. Pelos 75% a mais de gratificação o professor receberia um “cala-boca”
para deixar de reclamar e criar soluções. Isso fazia os problemas não serem encarados
como problema de comportamento ou falha alheia. O problema existia tinha que
ser resolvido. Se não ajudava no mínimo não criticava. Isso me encantou
novamente. Eu que sou um crítico de primeira. Vi que muitas brigas eram abafadas
por “foco na solução” do problema. E assim foi. Muitas pendências foram
suplantadas, muitas picuínhas diminuídas.
Como disse entrei no
PEI pouco antes da pandemia. Eu fui contatado pelo diretor que era o gestor da
época dizendo que seria bom eu ir conhecer a escola. Um diretor me trarando com
distinção e sabendo quem era. Olha só. Nunca tinha acontecido isso. Sou Categoria
O, isso quer dizer que sou contrado por tempo determinado e sem nenhuma
garantia e sem direito a nenhum seguro desemprego ou benefícios de quem perde o
emprego. Mais ponto para o PEI. E só foi aumentado essa numeração. Até que a Pandemia.
Fiquei isolado em casa, longe do trabalho, mas trabalhando, acordando todo dia
para trabalhar sem sair de casa, contudo com a segurança de ter conseguido
garantir meu salário diário. E a saúde mental sem eu perceber degringolando. Sendo
minada pela ansiedade, solidão e um pouco pela depressão. Minha família morava
no interior, na verdade só conto com minha mãe viva e um tio casado. Os poucos
amigos que mantive ou deixei em Campinas ou estão espalhados pelo país. Estava
morando em Santo André, e não gostei muito, por um relacionamento que nalfragou,
fiquei por lá até a situação melhorar. Consegui aulas, uma longa jornada, no Sistema
Prisional, e fiquei por três anos. Depois, desligado pelo que hoje eu percebo
ser um sinal, estresse. Logo consegui o PEI. Gratidão ao universo, ou a
divindade, no meu caso mais específico a uma boa Pombogira que me ajuda até
hoje, Laroyê, RC, Laroyê!
Contudo, religiosidade
tem que ser moderada senão desmerece todo o discurso, principalmente as de
matrizes africanas. Sou católico, mas nesse relacionamento eu tive muito
contato, de forma bem intimista, com o
Candomblé e com a Umbanda. E, de desconfiança e descrença, eu passei a
respeitar e observar. E, indiferente ao que se acredita, sendo justo e reto, as
coisas acontecem para o bem. Por isso, mesmo não “sendo” da religião me faço valer
do que aprendi e do que me proteje. E como não bradar nos momentos de angústia,
quando sempre fui acalmado por um retumbante “LAROYÊ!”. E nunca corri para
fazer mal para os outros, e só pedindo força e caminho para continuar a vida. E
sempre proteção muita proteção. E sob esse signo da proteção eu me acheguei do
PEI. Meus pedidos eram sempre, que se eu saísse de onde estivesse era para um
lugar melhor. Pois quem tinha me dado aquele lugar não ia me deixar
desamparado. E isso aconteceu. Lá era muito melhor. E o salário algo que nunca
tinha conquistado até então. Mas não tratei da mente. E, como um embrião, aquele
problema doi crescendo e eu não percebendo. Na verdade ele já existia desde que
eu me fiz gente. Minha prédisposição a esse comportamento nunca antes
diagnosticado foi passando. Por mais de 20 anos eu tive o mesmo padrão de comportamento
destrutivo e nunca havia percebido, é só meu jeito de ser. Caindo e levantando,
caindo e levantando. Construindo e destruindo tudo que conquistava. E, agora
aos 45 anos isso ficou claro. Não por mim. Por uma ajuda.
Este ano, 2023, depois
de muitos percalsos, eu surtei. E não percebi. Meus colegas de trabalho só viam
a manifestação mais tóxica, meu mau comportamento. Meu deboche, agressividade,
contraditoriedade, tinha dias que estava elétrico, capaz de mudar o mundo,
outros dias sorumbático, incapaz de dar “bom dia”, uma alternancia de humores e
jeitos de ser entre outros sintomas que ao invés de criar um alarme em quem
estava em volta criou rancor, antipatia, distanciamento, etc. Somente, após
assinar uma advertência por “estar dormindo em sala de aula” sendo que eu me
escondia na sala de aula na hora do almoço para desabar em choro ou me prostar
de cansaço uma professora me levou a um Caps. E lá dei início ao meu
tratamento. O primeiro remédio foi péssimo, não conseguia levantar da cama. E
parei de tomar e esperei a próxima consulta. Contudo meus rompantes de sincerisídio
e de falas inapropriadas continuavam. E, lembram a pandemia? Assim que ela
acabou o gestor que me tratou com a dignidade se ser humano saiu e entrou a
nova gestora diretora. Ela nunca se apropriou do que era o PEI, ela nunca quis ser
diretora de PEI. Ela viu lá os índices, e quis ser a diretora da equipe dos sonhos.
E, ela não percebeu que a equipe dos sonhos dependia do direcionamento de um
gestos “dos sonhos”. Primeiro pedido a mim, cuidar de uma Acolhida, eu passei 3
horas e meia preparando material, música, e roteiro. Ela destruiu querendo aparecer
mais e não entregando o microfone e só falando sem parar. E, para você
entender, temos sempre os horários em atenção pois tudo tem que seguir cronograma
de horas de aulas e atrasos são sempre evitados. Com dez minutos, 10!!! Minutos
ela vira e fala “E agora vamos ficar com o professor Vinícius que preparou uma
acolhida para todos nós” o qual eu rebati em voz alta “Você ferrou meu roteiro
e meu cronograma, passou por sima de tudo que eu preparei e agora quer que eu faça
tudo em 10 minutos??? Desculpe, se vira e termina o que você começou!” Talvez
essa tenha sido minha sentança, reforçada por outras críticas e situações. Até aí
eu estava suficiente bem para me safar e não gerar “problemas”. Quando a doença
mental tomou mais seu espaço em minha cabeça, eu fui um alvo fácil. Cavar uma
advertência aqui e ali foi fácil. Usar minha vulnerabilidade contra mim. Sem
nunca perguntar se eu precisava de ajuda, só julgar comportamentos considerados
inadequados com falta de urbanidade do espaço escolar. Não entendia por que eu
estava assinando advertência, eu devia estar pegando remédios, sendo encaminhado
a um profissional. Mas “devemos separar o profissional do pessoal” eu nunca
consegui, no máximo eu escondia meu pessoal. Contudo quando eu chorei em frente
de uma sala de aula inteira sem controle não era só o pessoal era o
profissional também que sofria. Ninguém separou, precisei ficar horas com o
vice diretor me acalmando e saindo da escola “escondido” para não ser exposto.
Eu já estava exposto pela tentativa da gestão em não considerar minha doença mental.
Toda fala era para esse lado. Até que veio a derradeira, o desligamento da
escola. No PEI o diretor tem total poder sobre isso. Contudo só esperar o fim
do ano. Eu pedi, implorei que se fosse desligado e ficasse sem emprego ia ser
destruido. E naquele dia, véspera do feriado do dia doze eu fui destruído. Sem,
considerar minha vulnerabilidade, sem considerar que não teria mais forças para
me defender fui escurraçado da escola. Assinei um papel, que dizia que eu tinha
usado termos chudos com os alunos e tentado contra patrimônio público. Aí percebi
que a reclamação protocolada na Diretoria de ensino tinha sido forjada num
requinte de crueldade de tamanha grandeza, eu sempre falei palavrão diante dos
alunos, e jamais tentei quebrar nada da escola. E, de repente, falar um
palavrão virou problema e uma tentativa de quebrar algo apareceu. Não tinha
como me defender em 3 dias úteis. Passei o feriado prolongado, 12, 13, 14 e 15
chorando e angustiado numa prostração de não conseguir levantar da cama. Não tinha
com quem desabafar, lembra? Amigos dispesos por outras cidades, e os colegas de
trabalho já me evitavam. E achei que seria um peso para a professora que me
levou ao Caps. Até hoje ela continua me ajudando. E na segunda, eu desnorteado
não sabia o que fazer, e terça veio e o desnorteio continuou, e só começou a
dissipar essa semana. A diretora ainda alegou que eu pegaria aula fácil. Já é
dia 24 de outubro e nenhuma aula. Nada. Essa época do ano não se consegue
facilmente. Estou a deriva, paguei contas, e não esperava que seria escorraçãdo
da escola no dia 11. Agora, angustiado, pensando em coisas que não devia, que
até então não pensava, sem dinheiro, sem vontade de continuar e de me levantar
eu estou aqui. Me mantendo com a ajuda de amigos, me mantendo com a força do
olhar das três criaturas que me deram muita força na pandemia, quando sozinho,
Nox, Luna e Margot. Minhas três princesas, minhas estrelas que iluminam o céu escuro
da minha vida minhas duas cachorrinhas e uma linga gata preta.
Elas andam me dando
forças, mas fico preocupado sem trabalho. Logo faltará comida, logo o aluguel,
logo as necessidades das filhotas.... minhas forças não votaram ainda. Contudo,
vejo uma esperança pois consegui escrever este texto.
(se
houver erro, desculpem, foi de um jorro de desespero só, vou com o tempo
revisar, mas hoje tô cansado demais para isso, posto com os erros de digitação
e concordância mesmo... depois vou modificando e corrigindo..)
vinimotta2012@gmail.com
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