Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível
Este filme não é muito para o
brasileiro, não que os outros sejam, afinal não somos pensados como público
alvo. Digo isso pela temática de “reencontrar a criança interior”. No nosso
país esse não é problema. Só lembrar episódios patéticos que marmanjos bradam
com convicções defendendo alguma idiotice “Era só um garoto...”, “Ele tem
espírito de criança ainda...”, “São garotos não sabem o que fazem...”. E quando
pensamos que é um problema só dos homens, eu recordo que têm muitas mães que
tratam os “filhilhos” como incapazes etários, lavando passando, cozinhando e
fazendo suas vontades, mesmo o “neném” tenha já seus quarenta anos. Exagero meu?
Conheço quem queira tomar leite com toddy levado na caminha antes de dormir
pela mamãe... Ops... Perdendo o foco...
Eu mesmo não sabia antes que, na história original, o
personagem principal não era o meigo ursinho, era Christopher. E que tinha sido
baseado em fatos reais sobre uma ursa ter chegado ao zoológico de Londres. Nesse
ensejo, o garoto Christopher ganha uma coleção de bichinhos de pelúcia, um
urso, um porco, um tigre, um burro e um canguru que ainda são mantidos relativamente
intactos em Nova York em algum museu, pelo que sei. O filme toma de uma
temática saudosista. Ao contrário do brasileiro, Christopher é assolado pela
vida adulta e esquece seus amados brinquedos que tomaram vida em sua fértil
imaginação. Com os problemas e as descobertas da vida adulta não há espaço mais
para Pooh que espera seu amigo voltar. Contudo a criança interior nunca
abandona a pessoa e numa situação corriqueira com sua filhinha, que sofre com a
ausência do pai, que trabalha demais, através de Pooh, ela acorda e volta para
a vida de Christopher. Como bom anglo-saxão primeiro ele tenta resolver tudo de
forma racional e esbarra em duas coisas: todos conseguem enxergar o Pooh, um
ursinho de pelúcia encardido falante, e segundo, diante de uma barriguinha
faminta como se controlar? É necessário mel, muito mel!
De forma periférica o Ursinho Pooh, aqui ainda era “Puff”,
fez parte de minha infância, pouco com desenho, e mais com os almanaques de
férias da Disney. Gostava muito da figura comilona. Identificava-me muito com a
simplicidade desse urso que vivia se metendo em encrencas por um bocado de mel.
Eu como criança gordinha, que adorava comer, era um Pooh em vida. Assim, fiquei
feliz quando foi anunciado o live action dessa história. De inicio pelo teaser
que vi achei feios os bichos, porém, pela lógica e recordando a aparência dos
originais, que citei acima, faz sentido a estética escolhida pelos produtores. No
mais o filme, tirando a nostalgia, é bem comum. Ewan McGregor faz o garoto que
cresce e esquece seu camarada de pelúcia e todos seus amigos. Uma ressalva
sobre esse ator, ele ficou tão sem graça, prometia tanto em “Transporting” ou
ainda “Cova rasa”. Não que ele seja ruim, ele é bem competente. Mas sem grande
expressão. Ele ficou bem pasteurizado, e olha que ele sempre está em grandes
produções.
Enfim, o filme é fofo, mesmo não falando diretamente a nós. Ver
o Pooh ganhando vida em telas é de dar aquele arrepio na alma. Vibrar com suas atrapalhadas,
como confundir uma prateleira com uma escada ou ficar emocionado e feliz com um
balão vermelho, cutuca lá dentro nossa criança interior, por mais externalizada
que ela seja por aqui. É um filme pipoca que garante um “ownghtchy” de suspiro
nostálgico. Mesmo tratando de clichês já. Mas como um amigo, mais novo, me
lembrou, nem todo mundo presta atenção nisso ou viu outros filmes com esses
clichês. É, realmente acho que meu velho interior colocou a coleira na criança
interior e a amordaçou, ou está tentando, ando bem cri-cri, até termos antigos
uso e estou gostando de coisas de pessoas mais velhas. Socorro!
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