Elle - Provocativo
É
interessante assistir um filme europeu depois de um tempo só assistindo
americanos. O ritmo é diferente, a atuação e até a fotografia. E mais que tudo
a ousadia de abordar alguns temas polêmicos. Os americanos são falsamente
cheios de pudor e nunca falam diretamente. Poucos diretores investem nisso,
principalmente os “megaloprodutores” pois o “grande público” não gosta.
Podeia
falar um pouco do “grande público” mas dzázz uma preguizzzzzzzzz.
O
diretor é Paul Verhoeven que conta com filmes provocativos em sua carreira,
entre eles a versão de 1987 de “RoboCop” e “Instinto Selvagem”. E provocação é
algo que acontece em “Elle” pois a trama começa com um estupro. Michèlle, a
“Elle” do título, uma mulher fria, dura e bem-sucedida e ativa sexualmente.
Isso é importante para compor a personagem complexa que ela se revela. A
escolha da atriz que a interpreta é acertada, Isabelle Huppert, que já conta
com outras personagens frias e duras. As cores usadas na fotografia também
revelam essa tentativa de não fetichizar as cenas. Tudo é crú, pesado e gélido.
Não é um filme para fazer apologia a uma modalidade sexual a homens que se
excitam com esse tipo de ideia. É um filme para revelar. E a única coisa a ser
revelada são as dimensões da personalidade intrincada de Elle. O estupro é algo
que a afeta, mas sua interação com seus pais, seu passado, seu filho e seus
amigos e funcionários é mais densa e pesada.
Ela carrega segredos e pendências que
nos desconfortam tanto quanto o estupro. Ela é uma vítima sim do abuso do poder
de um homem que tem problemas psicológicos mas também é alguém que tem os seus
próprios problemas e até certos distúrbios. E a cada ação que ela desvela é um
entendimento que aparece e atenção ao prelúdio final que, de tão sutil, pode
passar despercebido umas nuances.
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