terça-feira, 24 de março de 2015

Séries e Desenhos: Avatar: A lenda de Korra: Livro 2, 3 e 4 (Espíritos, Mudança e Equilíbrio)

Avatar: A lenda de Korra: Livro 2, 3 e 4 (Espíritos, Mudança e Equilíbrio)



São quatro temporadas que dão uma nova visão ao mundo dos desenhos animados comerciais: “Livro 1 : Ar”, “Livro 2: Espíritos”, “Livro 3: Mudança”, “Livro 4: Equilíbrio”. Como já comentei sobre a primeira temporada em outra resenha e fiz as devidas apresentações também vou me esquivar de falar diretamente da história. Só rapidamente o que acontece em cada temporada para saber onde estamos nos metendo. Então prepare-se para spoiles leves.

Na primeira temporada “Livro 1: Ar” Korra, a Avatar, único ser humano que pode dominar (dobrar) os quatro elementos clássicos da natureza, tentava aprender a controlar suas emoções para conquistar o elemento ar e é obrigada e enfrentar ao mesmo tempo um vilão que quer livrar os seres humanos que não possuem poder nenhum do domínio dos que dobram os elementos. Nessa empreitada conhece o trio de amigos que irão acompanhá-la de perto na série: os irmãos Mako e Bolin, lutadores de um esporte popular que se utiliza da “dobra” e Asami Sato, filha de um industrial criador dos “satomóveis”, um versão do mundo paralelo de Avatar para os automóveis.  Além desses personagens outros são apresentados e terão maior ou menor destaque de acordo com o desenrolar da história.  Na segunda temporada, “Livro: 2 Espíritos”, Korra já dominou o ar e agora enfrenta outro vilão que quer libertar um espírito primordial, Vaatu, o princípio do caos e da destruição, e aniquilar  Raava, o espírito oposto, do equilíbrio e ordem. No processo desencadeia a abertura dos portais para o mundo espiritual e isso dá margem para a temporada seguinte. “Livro 3: Mudança” vai tratar justamente desse mundo que se transformou com a abertura do portal e o fim da separação dos espíritos e dos humanos. Considerada a melhor temporada, o que eu  também achei, a mais criativa e com roteiro mais “redondo”, e aqui outros vilões se mostram na forma de um grupo que quer destruir não só a Avatar como também todos os líderes mundiais promovendo a anarquia. E finalizando essa série, temos a última temporada “Livro 4: Equilíbrio” onde toda a desordem promovida na temporada anterior vai levar ao poder uma tirana tão perigosa quanto todos os outros vilões da série.

Gostaria muito de fazer uma análise do perfil de cada personagem principal, mas ficaria inviável no momento. Então só comentarei de forma geral essas temporadas.

É um desenho de produção norte-americana que tem características dos animês japoneses (sei que fui redundante). Tem todas as características típicas: caretas, humor, personagens falastrões e muita violência. Nada além para os que estão acostumados a assistir “Dragon Ball Z”, “Naruto”, “Cavaleiros do Zodíaco” entre outros. O mais gostoso é que os roteiristas e criadores (Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko) usaram toda uma mitologia oriental, com uma forte influência chinesa, mas deram pitadas de situações bem contemporâneas num ritmo próprio dos americanos sem enrolações tão comuns a esse tipo de desenho. O mundo mítico de Korra é só uma releitura de nosso próprio mundo com um pouco de magia. Como já disse é impossível não ver na Cidade da República uma Nova York de 1910-1920 de nossa era. E no Reino da Terra é evidente uma China pré-revolução socialista. Mas pode ser meramente uma visão de um Oriente idealizado como centro do mundo, deixando de lado um pouco a Europa e a América. Outro ponto instigante de perceber é que em alguns personagens existem o arquétipo típico de alguns países pelo mundo. Deixando essa especulação de lado, a série é sim violenta. Porém contem um monte de situações que justificam isso e as motivações para as lutas nem sempre vão pelo caminho mais fácil. Dão uma diversidade temática digna de grandes épicos. É retratado situações de golpes de estado, brigas familiares, transtornos sociopatológicos, espiritualidade, mesquinharia, amor, fidelidade, lealdade, política, transtornos pós-traumáticos, quebras de paradigmas, força interior para se dar a volta  por cima, amizade e para espanto de todos, por ser uma série “infantil” vinculada a um canal infantil (Nickelodeon), a questão da sexualidade.


Sim, sexualidade. Cheguei onde queria. É tudo muito sutil, como um rinoceronte dentro de uma sala cheia de prateleira com objetos de cristais. O desenho é tão claro em algumas evidencias que acaba cegando todo mundo. E com isso nos delicia com um bom questionamento sobre o tema. O final é impressionante e com uma delicadeza que amarra a situação toda. E fica uma ótima forma de mostrar que existe algo além de um mundo pasteurizado e monótono para crianças. Em si a série acaba ficando um pouco pesada para criancinhas. Mas adolescentes e adultos devem assistir por menos que goste de desenhos. Quando iniciei o primeiro episódio eu não conseguia parar de assistir, levei uma semana para ver as 4 temporadas pois tinha que conciliar com outros afazeres. Como não gosto muito de entregar as surpresas da história eu não me atrevo falar mais a respeito. Só que vale muito a pena assistir. Lembre-se que por ser um desenho “infantil” é algo absurdamente evoluído. E isso o torna grandioso. Gostamos de poupar nossos filhos por acharmos que são crianças inocentes demais. Porém a vida ensina mesmo que os protejamos. Então qual o motivo de não ensinarmos um pouco do mundo com desenhos de qualidade? Perto de “A Lenda de Korra” um “Tom & Jerry” é totalmente descabido, caricato, arcaico, violentamente vazio e idiota. E os pais insistem em não ver mal nessas peripécias do gato e rato que só brigam sem nenhum acréscimo dramático. Então vamos promover aos jovens e crianças o que é bom, e Korra e sua turma são simplesmente ótimos.















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