segunda-feira, 30 de março de 2015

Cinderela, o Filme - Meio termo

Cinderela, o Filme - Meio termo




         Tudo hoje em dia precisa passar por explicações. Não aceitamos as coisas como são sem o crivo de algum tipo de especialista para atestar que aquilo é desse ou daquele jeito por ter uma história, um contexto ou uma cultura por trás. Só quem acha que não precisa dessas coisas são religiosos fundamentalistas que acabam distorcendo com essa visão suas crendices. Então é mais que normal a Disney querer dar outros tons às maldades de suas vilãs. Isso aconteceu com Maléfica e agora é a vez da “Madrasta” de Cinderela. Ao contrário de sua colega de estúdios, que foi totalmente redimida, Lady Tremaine, o nome dado à madrasta, não é acometida pela heresia de se tornar boa no final.

         Continua rancorosa e mesquinha até o fim. Mas tem uma história que justifica tudo isso. Que não vou contar para não estragar. Porém esse fato de se ter uma justificativa não é desculpa para suas atitudes. Todos têm escolha para seguir fazendo o bem ou não. E como madrasta ela simplesmente foi o cão chupando manga do avesso para a jovem e não tão bela, neste filme, Cinderela.



         Enquanto as princesas encantavam as pequenas crianças o mesmo não ocorre com as moçoilas na adolescência. Muitas parecem esquecer-se da docilidade servil dessas personagens e algumas até viram as bruxas e as madrastas que tanto odiavam. E o simples fato é de se haver humanidade em cada uma dessas adoráveis “princesinhas” que crescem um dia. Parece que muitos desenhos e animações já estão percebendo que ninguém é 100% bom, e muito menos 100% mau, pode haver uma gama de coisas que nem sempre se encaixam numa explicação de vilania existencial simplista.

         E artisticamente falando, sempre os malvados e megeras deram mais possibilidade de desenvolver um personagem. Então uma Cate Blanchett é escolhida a dedo para ser a rancorosa e amarga mulher que casa com o pai de Cinderela. É fabulosa para dar a cor certa e emoldurar sua personalidade e suas ações. Contrasta a sutileza de olhares fulminantes e desdenhosos junto ao glamour de uma “dama” bem vivida. Tanto que a heroína da trama fica bem apagada, coitada, some, tanto na atuação quanto no visual. Nem o vestido de baile icônico consegue suplantar a elegância pérfida da vil antagonista.


          O velho clássico revisitado não é em si ruim,  simplesmente linear. Sem excessos de efeitos especiais com figurinos eficientes, alguns belíssimos, e uma reconstituição de uma época híbrida entre a encantada idade média e um passado não tão longínquo, onde tudo parece ser bem mais real que nos contos de fadas, a história fica no meio. Possivelmente será sucesso, pois acessa a memória afetiva de várias gerações. A animação original é de 1950. Então só por nos recordar uma época que gostávamos mais das princesas do que das vilãs já garante o bom uso de nosso dinheiro no ingresso.

         Com nomes de peso na coadjuvação muitos são subvalorizados. Como o quase desastroso exemplo de Helena Bonham Carter, que a usam como alívio cômico e fica algo caricato impresso na tela. Já vi interpretações dessa atriz de embevecer o peito. Porém, a meia idade, e talvez o casamento com Tim Burton, a deixou numa zona de conforto um tanto bizarra. Tanto Stellan Skarsgård, como o Duque conselheiro, quanto Derek Jacobi, que faz o moribundo rei, são atores primorosos que não conseguem dar uma força a seus personagens devido ao roteiro raso. Sei muito bem que é um filme de “diversão” e talvez esteja exigindo muito. Porém dá para desenvolver uma história mais consistente para um clássico desse porte. O que não houve aqui. Garanto que as crianças e os menos críticos irão adorar.

         O diretor é Kenneth Branagh que também fez muita coisa boa e agora se dedica mais a dirigir que atuar. E também se mantém no meio termo. Fez a lição de casa sem deixar o caderno sujo e amarrotado. Acaba por ganhar o “A” mas não o “Parabéns”.


         E uma nota um tanto triste, Lúcifer se encontra representado por um gato todo frufru e fofo e também não é valorizado na trama. Pouco aparece e pouco se sabe de seu passado obscuro como a "estrela da manhã" ou "o portador da luz". E ainda fica a pergunta “Que “poha” de nome é esse para se dar a um gato????” Depois a Disney não quer virar alvo de vídeos sobre teoria da conspiração satanista no YouTube!!!




terça-feira, 24 de março de 2015

Séries e Desenhos: Avatar: A lenda de Korra: Livro 2, 3 e 4 (Espíritos, Mudança e Equilíbrio)

Avatar: A lenda de Korra: Livro 2, 3 e 4 (Espíritos, Mudança e Equilíbrio)



São quatro temporadas que dão uma nova visão ao mundo dos desenhos animados comerciais: “Livro 1 : Ar”, “Livro 2: Espíritos”, “Livro 3: Mudança”, “Livro 4: Equilíbrio”. Como já comentei sobre a primeira temporada em outra resenha e fiz as devidas apresentações também vou me esquivar de falar diretamente da história. Só rapidamente o que acontece em cada temporada para saber onde estamos nos metendo. Então prepare-se para spoiles leves.

Na primeira temporada “Livro 1: Ar” Korra, a Avatar, único ser humano que pode dominar (dobrar) os quatro elementos clássicos da natureza, tentava aprender a controlar suas emoções para conquistar o elemento ar e é obrigada e enfrentar ao mesmo tempo um vilão que quer livrar os seres humanos que não possuem poder nenhum do domínio dos que dobram os elementos. Nessa empreitada conhece o trio de amigos que irão acompanhá-la de perto na série: os irmãos Mako e Bolin, lutadores de um esporte popular que se utiliza da “dobra” e Asami Sato, filha de um industrial criador dos “satomóveis”, um versão do mundo paralelo de Avatar para os automóveis.  Além desses personagens outros são apresentados e terão maior ou menor destaque de acordo com o desenrolar da história.  Na segunda temporada, “Livro: 2 Espíritos”, Korra já dominou o ar e agora enfrenta outro vilão que quer libertar um espírito primordial, Vaatu, o princípio do caos e da destruição, e aniquilar  Raava, o espírito oposto, do equilíbrio e ordem. No processo desencadeia a abertura dos portais para o mundo espiritual e isso dá margem para a temporada seguinte. “Livro 3: Mudança” vai tratar justamente desse mundo que se transformou com a abertura do portal e o fim da separação dos espíritos e dos humanos. Considerada a melhor temporada, o que eu  também achei, a mais criativa e com roteiro mais “redondo”, e aqui outros vilões se mostram na forma de um grupo que quer destruir não só a Avatar como também todos os líderes mundiais promovendo a anarquia. E finalizando essa série, temos a última temporada “Livro 4: Equilíbrio” onde toda a desordem promovida na temporada anterior vai levar ao poder uma tirana tão perigosa quanto todos os outros vilões da série.

Gostaria muito de fazer uma análise do perfil de cada personagem principal, mas ficaria inviável no momento. Então só comentarei de forma geral essas temporadas.

É um desenho de produção norte-americana que tem características dos animês japoneses (sei que fui redundante). Tem todas as características típicas: caretas, humor, personagens falastrões e muita violência. Nada além para os que estão acostumados a assistir “Dragon Ball Z”, “Naruto”, “Cavaleiros do Zodíaco” entre outros. O mais gostoso é que os roteiristas e criadores (Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko) usaram toda uma mitologia oriental, com uma forte influência chinesa, mas deram pitadas de situações bem contemporâneas num ritmo próprio dos americanos sem enrolações tão comuns a esse tipo de desenho. O mundo mítico de Korra é só uma releitura de nosso próprio mundo com um pouco de magia. Como já disse é impossível não ver na Cidade da República uma Nova York de 1910-1920 de nossa era. E no Reino da Terra é evidente uma China pré-revolução socialista. Mas pode ser meramente uma visão de um Oriente idealizado como centro do mundo, deixando de lado um pouco a Europa e a América. Outro ponto instigante de perceber é que em alguns personagens existem o arquétipo típico de alguns países pelo mundo. Deixando essa especulação de lado, a série é sim violenta. Porém contem um monte de situações que justificam isso e as motivações para as lutas nem sempre vão pelo caminho mais fácil. Dão uma diversidade temática digna de grandes épicos. É retratado situações de golpes de estado, brigas familiares, transtornos sociopatológicos, espiritualidade, mesquinharia, amor, fidelidade, lealdade, política, transtornos pós-traumáticos, quebras de paradigmas, força interior para se dar a volta  por cima, amizade e para espanto de todos, por ser uma série “infantil” vinculada a um canal infantil (Nickelodeon), a questão da sexualidade.


Sim, sexualidade. Cheguei onde queria. É tudo muito sutil, como um rinoceronte dentro de uma sala cheia de prateleira com objetos de cristais. O desenho é tão claro em algumas evidencias que acaba cegando todo mundo. E com isso nos delicia com um bom questionamento sobre o tema. O final é impressionante e com uma delicadeza que amarra a situação toda. E fica uma ótima forma de mostrar que existe algo além de um mundo pasteurizado e monótono para crianças. Em si a série acaba ficando um pouco pesada para criancinhas. Mas adolescentes e adultos devem assistir por menos que goste de desenhos. Quando iniciei o primeiro episódio eu não conseguia parar de assistir, levei uma semana para ver as 4 temporadas pois tinha que conciliar com outros afazeres. Como não gosto muito de entregar as surpresas da história eu não me atrevo falar mais a respeito. Só que vale muito a pena assistir. Lembre-se que por ser um desenho “infantil” é algo absurdamente evoluído. E isso o torna grandioso. Gostamos de poupar nossos filhos por acharmos que são crianças inocentes demais. Porém a vida ensina mesmo que os protejamos. Então qual o motivo de não ensinarmos um pouco do mundo com desenhos de qualidade? Perto de “A Lenda de Korra” um “Tom & Jerry” é totalmente descabido, caricato, arcaico, violentamente vazio e idiota. E os pais insistem em não ver mal nessas peripécias do gato e rato que só brigam sem nenhum acréscimo dramático. Então vamos promover aos jovens e crianças o que é bom, e Korra e sua turma são simplesmente ótimos.















quinta-feira, 19 de março de 2015

Séries e Desenhos: Avatar: A Lenda de Korra – Livro 1: Ar

Avatar: A Lenda de Korra – Livro 1: Ar



         A Lenda de Korra me chamou a atenção por comentários na internet. Muita gente fala bem, principalmente da terceira temporada, e dizem também que algumas coisas não são muito convencionais em desenhos animados.  Então, eu resolvi assistir.

         Em primeiro lugar as questões técnicas. O mais importante é que a série foi vinculada pelo canal Nickelodeon. Tem como criadores Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko com roteiro dos mesmos. Conta com 4 temporadas e aqui só comentarei, por enquanto, a primeira. Dividido em “Livros” e idealizado como continuação de “Avatar: A Lenda de Aang”.

         “A Lenda de Aang” nos mostra esse personagem que através de seu chi, espécie de energia vital, conseguia dominar um dos elementos clássicos da natureza, o ar. Porém ele possui o diferencial de ser o “Avatar”, um ser humano que consegue dominar todos os elementos da natureza ao mesmo tempo, além do ar, terra, água e fogo e reencarna sempre no meio da humanidade. E como resgate karmico ele tem que ser o provedor do equilíbrio dos povos do mundo. Tudo segue bem os mitos religiosos orientais. Porém esse molequinho sente medo diante de uma situação e hiberna num casulo de energia por anos. Ao voltar o grupo de pessoas que dominam o fogo, chamados de Tribo do Fogo, tomaram o poder do mundo. E lá vai Aang tentar vencer esse grupo para instaurar o equilíbrio.

         “A Lenda de Korra” começa uma geração depois de Aang ter morrido. Ele volta encarnado em uma garotinha da tribo da água, Korra, que é impetuosa como o povo da tribo do fogo. Por isso o único elemento que ela não domina quando começa a série é o ar. Como o mestre do ar que irá ajuda-la nesse elemento diz “geralmente o Avatar tem dificuldade em dominar um elemento que lhe é muito diferente da personalidade”.

         Os traços do desenho são realmente bonitos sem ser hiper-realistas.  Tem um avanço em relação á série anterior, porém mantém o estilo parecido. A história é bem instigante e cheia de alívios cômicos. O que deixa tudo muito mais leve, apesar de haver muitos conflitos. Como desenho é um tanto acima da média, não é bobinho. Com diálogos que não subestimam nem adultos e muito menos adolescentes, que parece ser seu público alvo. E há uma agilidade nas reviravoltas dignas de boas novelas.

         Nessa temporada, chamada de “Livro 1: Ar”, Korra já com seus 17 anos tem que aprender a dominar o último elemento que lhe falta, o ar. E sua dificuldade é tremenda. Para isso é foge a ir para a capital do mundo idealizada e concretizada pela turma de Aang. É incrível perceber que essa cidade, que é o centro de tudo, se chama “Cidade República” e tem uma incrível semelhança com Nova York em um fictício tempo dos anos iniciais do século XX. Até um Aang gigantesco toma às vezes, em uma ilha no meio da baía, de uma Estátua da Liberdade.  E essa não é a única semelhança. Claro que toda a arquitetura acaba remetendo a elementos orientais. Até automóveis são substituídos por “satomóveis”, do criador dessas carruagens com motores: Hiroshi Sato.

        
          De início o filho do Aang, que é um político importante da cidade, tem por obrigação ensinar Korra  “dobrar” o ar. Mas ele está enfrentando dificuldades no contexto político da cidade e não vai poder ajudá-la no momento. Assim ela desobedece e vai para a cidade, como já disse acima, e se depara com coisas boas e coisas ruins. Junto a isso descobre um importante esporte popular e uma crescente antipatia dos que não possuem nenhum poder em relação aos “dobradores” de elementos. E finalizando o conteúdo rocambolesco, um vilão, líder dos “não dobradores” surge para acabar com a diferença entre os dois grupos com um poder terrível.

Escrever mais é contar demais a história. Isso que coloquei foi o máximo de spoiler possível sem realmente entregar nada. O legal da série são os alívios cômicos construídos em cima dos personagens bem estruturados. Poucos não são vítimas de uma ou outra cena cômica. Bem poucos mesmo. Sem contar que a história não fica só no velho “embate do bem conta o mal”. Tudo é muito mais complexo, menos evidente. O inimigo pode ser um, ou dois... Ou até mais. É uma história um pouco mais pautada num realismo social. Até a heroína da série é tachada em certo momento de “opressora”. Nosso mundo nunca foi “preto ou branco”, há variações de matizes infinitas. E isso o desenho, dentro de seu limite, retrata.

         Como primeira temporada “Avatar: A Lenda de Korra – Livro 1: Ar” é bem promissora. Terminado o último episódio, dá um gostinho de “quero mais”. E só tenho a agradecer de não precisar esperar um ano para assistir as outras temporadas.


         Vale muito para os fãs de boas séries animadas... E vamos assistir o restante...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Séries: Penny Dreadful - Parte IV - Outros Personagens e Fim

Penny Dreadful - Parte IV - Outros Personagens e Fim



             Para finalizar a resenha vou comentar os outros personagens. Não se encaixam na categoria de principais nem de secundários. Porém isso não quer dizer que são menos importantes. Só são tratados de forma um pouco variada e aparecem bem menos.


Começando pelos vampiros, aqui foi realizada uma versão menos glamourizada. Eles são predadores como qualquer animal da natureza. E em muitas situações agem como tal. Mas se escondem como ratos, e como ratos são bem vulneráveis. Na medida que os personagens principais conseguem matá-los com certa facilidade. Os embates com as criaturas das trevas são viscerais e ganha quem sacar suas armas mais rápido. Então os humanos estão em vantagem com o rápido Chandler. Como disse eles são criaturas animalescas que têm sua suposta origem no Egito antigo, porém isso não os ajuda muito. Parecem mais uma mutação genética dos seres humanos que a série tenta desvincular o máximo possível do sobrenatural. Mal de nossa época desmistificante. Não consegue de todo, pois Vanessa é vítima do sobrenatural na sua essência mais assustadora. E o que é a ciência de Victor Frankenstein senão usar da centelha divina para devolver a vida a um corpo morto? Mina Harker (Olivia Llewellyn) é uma ponte entre o mundo animalesco e mutante dos vampiros com a paranormalidade de Vanessa. Porém um híbrido nos é apresentado em um dos episódios: Fanton.  Ele é um personagem que não teve sua “contaminação” completa pelo vampiro mor. Está lá e cá por isso não se alimenta de sangue ainda, come animais mortos. É um ser que não tem serventia além de servir de isca para entrar no covil de Malcolm. Digo covil, pois não há diferença entre a animalidade dos vampiros e desse explorador na gana de achar sua filha.


         Ironicamente se no livro de Stoker os vampiros são criaturas sensuais e pervertidos bebedores de sangue, uma alegoria para o sexo, como muitos dizem, aqui tudo é mais cru. Pode-se usar a ilustração do ato sexual para o sangue, mas fica um tanto forçado essa alusão. E não é que além de descaracterizar as criaturas da noite também o seu caçador mais voraz no livro é descrito na série como um velho que perde sua amada esposa para essas criaturas. Ou melhor, ele dá cabo dela. E seu destino na série é quase patético, mas li que o criador fez justamente dessa forma para ser uma provocação aos fãs. Pois assim saberão que estão diante de algo novo, mesmo se utilizando de ideias antigas. Mas garanto mesmo eu não sendo um dos fãs mais ardorosos achei um pouco desconcertante.


         E a última que tenho que falar é de Madame Kali (Helen McCrory). Aparentemente uma embusteira, trambiqueira que faz encenações de teor espiritualista. Mal aparece, pois Vanessa na hora rouba literalmente a cena. Mas em um trecho do último episódio ela reaparece numa loja de armas, onde Sir Malcolm está adquirindo uma pistola semiautomática, avanço tecnológico da época. E a pouca conversa que os dois têm chispa algumas fagulhas. Fuçando por aí descobri que na segunda temporada ela será uma grande antagonista do grupo. Só o trailer oficial da segunda temporada já entrega algo assustador dessa mulher. Então, a embusteira tem muito mais para nos agraciar o paladar ávido de suspense.



         Como uma boa produção dos meios de comunicação contemporâneo, Penny Dreadful está permeado de situações que nos mostram o oculto. Mesa de evocação de espíritos, leituras premonitórias de tarot, pactos estranhos, criaturas das trevas em várias esferas, e símbolos e mais símbolos esotéricos e místicos antigos. É um trabalho hercúleo conseguir pegar todas as informações e referências. Mesmo olhos atentos podem deixar passar inúmeras referências, imagino que inúmeros “easter eggs” vão surgir nas próximas temporadas. 


Um PS: Então pesquisei melhor sobre o Sam Mendes, ele simplesmente é o diretor ganhador do Globo de Ouro e do Oscar por "Beleza Americana" (1999). E olha que foi um filme que gostei muito mas simplesmente não guardei o nome dele. Ele também dirigiu os filmes da franquia "007", "Skyfall" (2012) e "Spectre" (2015), este ainda não estreou.

terça-feira, 10 de março de 2015

Séries: Penny Dreadful - Parte III - Personagens Secundários

Penny Dreadful - Parte III - Personagens Secundários




Continuando:

- Dorian Gray (Reeve Carney)



Interpretado por um ator cantor advindo da Broadway não conhecido ainda no mundo das séries e cinema. Dorian Gray é um personagem famoso de Oscar Wilde dramaturgo e escritor irlandês erradicado em Londres. Em sua obra ele conseguiu sintetizar em Dorian o que viria a ser o jovem contemporâneo de classe média (baixa, média e alta): narcisista, hedonista, alienado, arrogante, cínico, adepto do “self” (manifestado no próprio retrato de Dorian), que vive uma maldição lançada por si mesmo, a busca pela juventude eterna, e por isso é um monstro.

Dorian Gray é visto em vários perfis de Facebook e no Instagran. É cada um de nós que vivenciamos a cultura da aparência acima de qualquer coisa. Dorian se torna fútil, amante da “arte”, mas não enquanto transcendência ou sublimação de si, apenas como manifestação narcísica de si. É incapaz de amar, por isso acumula retratos, fotos, músicas, tudo que a tecnologia propicia. Ele veste roupas ousadas, anéis em exagero, envolve-se em orgias, drogas e se frustra quando tudo que fez deixa de ser instigante como a primeira vez. Em várias ocasiões na série ele diz invejar alguém pelo simples fato da pessoa ter dito que seria a primeira vez em algo. Ele não mede esforços em saciar sua vontade de novas sensações, é entediado e tem a vida eterna pela frente com a juventude eterna. Vanessa Ives lhe interessa por ter algo que ninguém tem dentro de si. Brona Croft é instigante por ser uma moribunda e como ele mesmo diz “Nunca fodi com uma moribunda”. Não sente medo e nada o afeta fisicamente. É sua alma que é atormentada pela futilidade, pelo “carpe diem” vivido até as últimas consequências. Não titubeia em largar sozinha sua nova conquista para ir atrás de outra que no momento se mostra mais instigante e imediata. Dorian não é um dos principais, apesar de servir de catarse sexual para liberação da monstruosidade de Vanessa. Ainda pouco explorado na série só nos é relatado algumas pitadas de seus dons sobrenaturais. É um personagem que reflete o que a maioria é hoje em dia. Mulheres de 60 anos que se esforçam para aparentar 30, homens que malham para atingir um ideal de beleza, ou garotas que não comem para atingir outro padrão irreal de perfeição. Selfies, narcisismo celebrados a todo o momento por todos nós nas redes sociais. Incapazes de realmente amar o outro por nos amarmos demais. E não é que Dorian leva uma rasteira na série? A nova sensação que sente é deliciosamente celebrada por todos nós. Ele mesmo não acredita no que ouve por ser arrogante demais. E possivelmente como muitos casos reais vai se afogar na sua entediante vida cheia de coisas “legais” e “surpreendentes” para fazer. Por isso não envelhece, envelhecimento supõe-se sabedoria que acaba desprezando. Não pode ser sábio. É o eterno adolescente que não faz a passagem simbólica para a fase adulta. E nessa fixação vai se frustrando mais e mais. Cava um buraco para tapar outro em seu peito, nisso se torna um Sísifo demoníaco e deturpado. Aquele é amaldiçoado a empurrar uma pedra morro acima que ao fim do dia desliza para o lugar anterior e no dia seguinte é obrigado a continuar o trabalho inútil, eternamente. Mas Dorian não trabalha e sua maldição está consumindo diariamente o que tem de mais precioso, sua alma. Ou, para quem já conhece a história, ou leu o livro, seu quadro que apodrece e deteriora em seu lugar.


- Brona Croft (Billie Piper)


Outra atriz cantora. Porém já tem um currículo invejável na televisão. É mais conhecida pela série que participou “Doctor Who”.

Essa personagem me chamou muito atenção. Assim como Chandler uma reviravolta no final dá um novo fôlego que só veremos o resultado na próxima temporada. Nesta ela não é um monstro típico.

Sua monstruosidade consiste em ser uma prostituta com tuberculose. Muitas vítimas de Jack, o estripador foram prostitutas. Muitas mulheres se deterioravam devido à lida, ao que era considerado trabalho “fácil” e o peso do preconceito as acompanhavam até o leito de morte, que muitas vezes era precoce. Juntando a isso coloque uma doença incurável que matava praticamente todos que a contraíssem, e muitos não sabiam direito como se pegava. E a manifestação mais visível era por tosses que se expurgava sangue. Brona não é um monstro, a sua condição é que sofre a monstruosidade do preconceito, do descaso. Como a tuberculose a humanidade sempre possuiu doenças que tiravam a dignidade da pessoa. Não importa os sintomas, não importa o período histórico. O descaso é o mesmo, o preconceito é a navalha que mata essas pessoas. O monstro de Brona é algo que outros podem contrair e por isso ela se esquiva o quanto pode. Vítima de um status quo que a empurra para a prostituição é vítima também de Dorian que a usa como brinquedinho para aplacar a ânsia de novidades. Brona se entrega a ele iludida. Mas como tantas outras é descartada, paga e “devolvida à prateleira”.

Sua dignidade é dada de novo através de Chandler. Que ciente de seu monstro interior consegue ter compaixão por seus pares. Ele se preocupa e sabe que não há mais saída para Brona, ela vai morrer. Ele quer que morra com dignidade e com suavidade. Todos deveriam ter esse direito.


            - Sembene (Danny Sapani)



         Criado de confiança de Malcolm é africano. Não tem nada de supostamente especial. Sua condição o torna especial. Não possui nesta temporada nenhum “monstro”. Negro vindo da África de uma das explorações de Sir Malcolm nada é revelado sobre seu passado e no presente pouco é mostrado. Ser criado na Inglaterra já era viver em condição de explorado, ainda mais sendo negro em um país de brancos. Por mais que o movimento abolicionista tenha iniciado na Inglaterra isso não os redime de anos de escravidão da população africana. Pelo que se percebe numa conversa ao fim do 7º episódio com Chandler ele tem uma relação bem profunda com seu “senhor”. Não é apenas um mero funcionário. Ainda um personagem enigmático que pouco é revelado.


          - O “mostro” de Frankenstein (Rory Kinnear)


         
          Não é mais monstro que seu próprio criador. Abandonado por Victor aprende sozinho a ser “humano”. Encabeça umas das cenas mais traumáticas da série junto a Victor. Porém se sua “falta” de criação/educação o fez um monstro. É o personagem mais triste de todos nessa série. Deformado por cicatrizes conhece os piores comportamentos humanos e os melhores. É acolhido por um grupo de teatro e até toma ares de “Fantasma da Ópera” por se interessar por uma jovem e bela atriz que o trata com dignidade. Porém seu traquejo social é falho. Sua miséria o faz ter complexos que o torna mais monstruoso ainda. Se seu “pai” não foi capaz de lhe dar um nome, símbolo de pertença, o renega deixando-o sozinho, seus novos “amigos” o chamam de Calibã, um personagem selvagem e deformado de Shakespeare da peça “A Tempestade”.


         Logo percebe que não é um ser humano. Tem a noção clara que nunca vai ser aceito, seu senso de rejeição é tamanho que precisa de uma companheira da mesma espécie e para isso vai atrás de Victor para que “costure” uma companheira para ele. Mesmo tendo que usar da força para conseguir persuadir o médico ateu. 

          Continua.... 

segunda-feira, 9 de março de 2015

Séries: Penny Dreadful - Parte II - Personagens Principais

Penny Dreadful - Parte II - Personagens Principais



A partir desta segunda parte, eu faço uma reflexão com diversas referências sobre os personagens. Sem mais delongas iniciamos com:



- Sir Malcolm Murray (Timothy Dalton)
        De início a história toda transita ao seu redor. É sua filha Mina que é sequestrada. Aqui ele é uma síntese de todos “heróis” ingleses “honrados”. É rico, explorador reconhecido com nome em uma montanha lá no meio mais longínquo da África. Determinado, reconhecido como cavaleiro inglês (Sir) e já está na velhice. Tecnicamente não seria um monstro, olhe bem que empreguei o verbo no futuro do pretérito que indica um fato não realizado ou que talvez não se realize. A inspiração mais evidente seria o personagem do escritor Sir Henry Rider Haggard: Allan Quatermain. Esse personagem apareceu primeiramente no livro “As minas do rei Salomão” (1885) e sintetizava o espírito explorador inglês. Enfrentou algumas versões cinematográficas, sendo a mais simpática que contava com o Richard Chamberlain e uma estreante Sheron Stone. Já a versão de “A liga extraordinária” com Sean Connery foi uma bosta.

        Esse herói típico do auge das explorações inglesas no século XIX para nossos olhos contemporâneos não é tão heroico assim. Sabemos que a Inglaterra foi implacável com suas colônias sugando o que podia e o que não podia. E que para formar essas colônias mandavam pessoas como Sir Malcolm. Verdadeiros mercenários que não praticavam o diálogo frente alguma tribo desconhecida. Era tudo na base da espingarda. Por isso que Quatermain é ótimo atirador, assim como Malcolm. E outra coisa que nos deixa desconfortáveis hoje é que um atirador na África também é caçador. Tipo de pessoa que quase acabou com elefantes, rinocerontes e outros animais nativos. Há uma referência interessante, para nos servir de ilustração, em um livro muito popular da Agatha Christie, “O Caso dos Dez Negrinhos”, onde um dos acusados de assassinato é um explorador, Philip Lombard, é responsabilizado pela morte de uns vinte nativos africanos. Então, os próprios ingleses já no século XX não viam esses exploradores como homens realmente honrados. Christie, apesar de seus livros ingênuos, era uma ótima observadora de costumes.

        Então Sir Malcolm não é o típico e altruísta exemplo idealizado de pessoa honrada. Deixa sua mulher e filhos por longos períodos para ir a suas expedições. Trai a esposa com a vizinha, amiga da esposa, e com um monte de africanas que aparecem em sua frente. E sem contar as inúmeras mortes de nativos ele também carrega o fardo da morte do filho nas costas. Não que o tenha matado, descobrimos em uma cena assustadora com Vanessa Ives que tudo foi de uma forma bem sórdida, mesquinha e nada heroica. Porém essa motivação de ser um merda o faz sentir muito o peso da perda da filha Mina Murray que pelo casamento passa a ser Mina Haker. Sim, a personagem desejada pelo Conde Drácula do cultuado escritor Bram Stoker. Nada é mostrado a respeito de como Mina conhece o ser das trevas. E nessa história ele também não é nenhum conde do leste-europeu. É uma criatura milenar que se esconde feito um rato (morcego?) na escuridão de lugares isolados. E de alguma forma foi parar em Londres através de um navio vindo do Egito. Sim, aqui nosso vampiro está próximo das sensuais e góticas criações de Anne Rice, como o exemplo de Akasha em “Rainha dos Condenados”.

        Sir Malcolm é verdadeiramente uma pessoa desprezível, com a mascara de “gentleman”. Vê na sua filha desaparecida uma forma de redenção para seus “pecados”. Vai iniciar uma caçada sem medir esforços para reavê-la. Em certo momento seu fiel “criado” o questiona se saberá o que fazer se a filha não tiver mais como ser salva, o qual ele não responde nada. Em outra cena da série deixa bem claro que ele é capaz de matar Vanessa, sua colaboradora, em detrimento da filha. Porém, é um personagem que vai crescendo na trama, e se modificando. Ele se depara com os mais bizarros acontecimentos e não é nada ingênuo, pelo contrário, implacável e determinado. E muitas cenas são essenciais sua presença. Entre tantos monstros que aparecem na tela, o que mais assusta são os monstros humanos, e Sir Malcolm é o tipo mais sofisticado e aceito na sociedade em que vive.



- Vanessa Ives (Eva Green)

        Aqui abro falando de como essa atriz é perfeita. Desde “Os Sonhadores” (2003), de Bernado Bertolucci, ela faz bonito nas telas. Poucas vezes derrapa. Pena que Hollywood só dispense papéis irrelevantes para ela. Mesmo não sendo uma figura solar ela consegue todo o brilho necessário para um personagem. Ela aparece e muito. Seja como Angelique Bouchard em “Sombras da Noite” (2012) seja como a bond girl Vesper Lynd em “Cassino Royale”(2006).

        Aqui sua personagem é muito enigmática. Não sabemos de início qual a ligação com Sir Malcolm. Vamos conhecendo aos poucos o que realmente se passa com essa “lady” católica que sabe ler tarôt e um monte de coisas sobre as trevas. Parece ser dona de si. Mas o verdadeiro mostro se esgueirou em seu interior. Arranhando sua alma querendo sair. Sua ligação é profunda com a família Murray. Amiga de infância de Mina passa por um acontecimento que acaba por afastar as duas e distancia suas famílias. Toda essa situação é mostrado no 5º episódio “Closer Than Sisters” sem contar a “doença” mental que ela desenvolve. Vanessa Ives é a típica “femme fatale” dos filmes de terror. E nela se mescla um monte de personagens que são antagonistas dos “mocinhos”. Boa ou má são características que menos importam, ela é uma lutadora que tem seus problemas. Um de seus segredos é desvelado numa cena que acho uma das mais interessantes da série. Ela sem querer participa de uma “sessão espírita” de invocação de “entidades” e para variar tudo dá errado, ou dá tudo muito certo, pois fica absurdamente bem feita. Se aliando a Sir Malcolm, ela que acabará conhecendo primeiro o norte-americano Ethan Chandler, em uma espécie de show circense, e o aliciará para o grupo de caça aos “monstros”.

        Entre louca, possuída e fria, Vanessa dá o tom magistral para a série. Praticamente contracena com todos, em maior ou menor grau, dando mais ou menos atenção de acordo com o desenrolar da trama. Mesmo sendo sombria e friamente distante ela é a tensão sexual da história. Entre ela e outro personagem, Dorian Grey, se estabelece uma forma catarse sexual que desencadeará o inevitável romper de sua monstruosidade.



- Ethan Chandler (Josh Hartnett)


        Ator bonitão com cara de novinho fez filmes com grande bilheteria como “Pearl Harbor” e “Falcão Negro em Perigo” (ambos de 2001) e “Sin City” (2005), andava um pouco sumido de grandes produções. E aqui serve um pouco de escape para se inserir um personagem americano no contexto inglês, onde a trama se configura. Afinal nessa época, em que a série se passa os EUA ainda não possuía a relevância megalomaníaca que possui hoje. Então, é necessário colocar um caipira americano no meio dos pedantes ingleses para haver uma empatia do público do tio Sam. E o escolhido foi esse personagem. Tão misterioso quanto a Vanessa, com um passado obscuro e banhado de sangue. Ótimo atirador será o músculo juntamente com Sembene, criado africano de Sir Malcolm. E, como fica um pouco claro no encontro com Vanessa, músculo não deve questionar. Ele vai enfrentar coisas estranhas, porém, como todos, possui um monstro dentro de si que o faz ver com certa naturalidade outros monstros.


        Algo bem interessante nesse personagem é que ele se envolve com Brona Croft, se apaixonando. E justamente essa personagem tem o “monstro” mais real e talvez assustador da série toda.

        Além desse romance inusitado e de servir de capanga, ele demonstra uma incrível afinidade com Vanessa, que não é muito explicada nessa temporada. Em um momento que ela se encontra em situação de fragilidade extrema ele vai ser o que mais se importa com ela, tratando-a com toda a gentileza possível. Algo até contraditório com sua natureza “selvagem”. E o final reserva certa reviravolta em sua história.


- Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadway)

Virou o queridinho da série e suas falas são de impacto. É o cientista do grupo. Busca algo ambicioso, e já descobrimos nos primeiros momentos da série que consegue: vencer a morte. Sempre envolto por cadáveres, ele dá vida a um defunto que possivelmente surrupiou de algum lugar. É ateu vigorosamente bem interpretado pelo Treadway, ator relativamente iniciante. Dá uma força ao Frankenstein e uma humanidade frágil aterradora. Seu lado escuro está ligado a sua criatura. Vivencia uma das cenas mais singelas e logo depois uma das mais traumáticas da temporada em apenas dois episódios. Sua crença na ciência o faz antagônico da mentalidade crente do criado Sembene. Não que briguem, a postura diante de uma pergunta de Chandler mostra bem o espírito de ambos: “Você acredita em Deus?” “Não. Gostaria de acreditar. Acredito em tudo, exceto em Deus” responde Victor. Sembene já responde “Eu acredito em tudo”. Ninguém menos que Frankenstein  poderia ter essa fala. Ele recria a humanidade em sua “criatura” ele brinca de Deus, e paga um preço por isso. É responsável pelo ser que criou e por isso está ligado morbidamente a este.


Outra curiosidade é que Victor tem um poeta preferido, Shelley, que é citado o tempo todo. A curiosidade reside em que a escritora criadora da obra "Frankenstein" tinha o mesmo sobrenome "Shelley" por ser casada com esse poeta. Aqui uma referência que pode passar despercebida pelos incautos.

Séries: Penny Dreadful - Parte I - Comentário da série

Penny Dreadful - Parte I - Comentário da série 





        Andei lendo algumas coisas sobre esta série e muitos dizem que vários acontecimentos não foram bem explorados. Particularmente percebi o mesmo, porém, isso não deixa em descrédito o roteiro. Ao que tudo indica, esses nós não dados foram propositais para dar motivação a uma segunda temporada. Muita gente está sofrendo de “verbalização precoce”, sem nem aproveitar o que tem nas mãos. O que digo é que do jeito que se encontra o interesse dos canais de televisão em histórias rentáveis e com conteúdo, é de se esperar que roteiristas e produtores preparem algo amplo e só nos entreguem paulatinamente a história para querermos mais. Algo inteligente, mas que pode deixar uma história emperrada. Não é o caso de Penny Dreadfull. Alguns ainda disseram que acaba sendo um tanto monótona, repetitiva, algo que não achei. É que muitos também estão esperando o estilo de terrorzão barato dos filmes americanos. E apesar de tratar do sobrenatural e dos “mitos” clássicos do terror, a série prima, em muito, para a questão dramática. E isso é a inovação da série. Não são sustos e sangue, há diálogos realmente ótimos. E principalmente atuações.


        Já avisando que: quem não quer saber de spoilers passe adiante. Não que entregarei o final, ou algo relevante, talvez sim, talvez não, mas isso é um comentário particular, minhas impressões. Também não me aterei às questões técnicas, sou “amador” e não tenho obrigação, só comentarei algo que eventualmente ache importante.


        A história em si é simples. Uma garota é raptada por uma espécie de monstro. O pai “zeloso” tenta a todo custo achar sua filha e salvá-la das trevas. Com isso conta com a ajuda de algumas pessoas com capacidades especiais. Até aí tudo bem. Nada de novo debaixo do sol... Mas... A produção foi realizada para ser uma releitura dos personagens clássicos de terror e sobrenatural. Veremos nomes conhecidos da literatura mundial como o Dr. Victor Frankenstein, ou mesmo Van Helsing. E muitas referências diretas ou indiretas.


        Para começar “Penny Dreadful” é uma expressão inglesa para os periódicos de literatura de terror vendidos no século XIX que custava um centavo (one penny) e recebiam o apelido de “centavo de terror” (informação diretamente extraída da internet). Foi exibido pelo HBO ano passado (2014). Criada por John Logan que também é o produtor junto com o Sam Mendes. Que não nos diz muito, afinal ainda damos pouca atenção aos produtores por aqui. O roteiro é bem amarrado em uma colcha de retalhos dos personagens das mais variadas procedências possíveis. Sem contar uma total referência à ideia da ótima HQ de Alan Moore que se desdobrou no péssimo filme “A Liga Extraordinária” (2003). Apesar de tomar essa referência, esqueça essa bosta de filme e se atente para o refinamento de uma ideia.


        No todo Penny Dreadful agrada a quem gosta de uma boa interpretação em uma ótima produção, sem efeitos especiais sofríveis pelo baixo orçamento. Algo que não ocorre. Muita coisa que vemos é a velha e bem usada maquiagem. Só uma ressalva, usa-se muito sangue. Quase mais que Kill Bill. E se mostra muitas lacerações e decepações para o gosto de meu estômago fraco. Mas é o mal americano que se alastrou nas produções desse tipo: mostrar tudo. Tirando isso, todo o resto é bom e em muitos casos até ótimo.


        Para não ficar uma postagem muito grande desmembrarei em algumas partes postando praticamente em sequência o que fiz. Os dedos coçaram demais com essa série.

Continua...