segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Novembro - Filmes de Minha Vida: Comer, Rezar, Amar

Comer, Rezar, Amar









         Sabe aquele filme bobo, leve, sem grandes atrativos, a não ser uma atriz famosa e que é baseado supostamente numa história real?
    
     “Comer, Rezar, Amar” é esse filme em que Julia Roberts faz Elizabeth Gilbert uma escritora que entra em crise no momento que sua vida parece engrenar para a felicidade. Casada com o homem de seus sonhos, percebe que não é bem aquilo que imaginou. Separa-se e entra numa disputa rancorosa com o ex pelos bens que adquiriram juntos. Num outro momento começa um relacionamento com um professor de yoga mais jovem e que também não dá certo. Tudo desmorona. Sem perspectivas decide fazer uma viagem de descoberta de si mesma. Vai se empanturrar deliciosamente na Itália. Depois rezar na causticante Índia e por fim, na paradisíaca Bali, descobre o amor depois de alguns contratempos. E o interessante é que esse amor é um brasileiro, interpretado pelo espanhol Javier Bardem.
         Até aí tudo bem?
       
  Claro que não. Esse filme estreou num dos piores momentos de minha vidinha pregressa. Hoje vejo que tive outros piores momentos, mas esse foi um onde tive uma ilusão que minha vida no sacerdócio daria certo. Ali meus anseios foram definitivamente assassinados pela mesquinharia de um bispo e pela tentativa desesperada de um padre salvar o namoradinho da forca. Sem entrar em grandes detalhes, eu estava a serviço de outra diocese, lá no estado do Rio de Janeiro. E havia um seminarista que brigava com todo mundo. E ele era namoradinho do padre G. que obviamente queria ele ordenado. E houve uma reunião, no período de férias de julho, esse padre simplesmente levantou poeira para o meu lado para acobertar o outro. Só para ter uma noção, eu andava bem na minha por lá.
Ficava de boa, e fazia tudo o que me mandavam fazer. Esse rapaz entrava em tretas com todo mundo que lhe questionava alguns tipos de comportamentos.  Ele tinha, poucas semanas antes, brigado feio com outro padre que ele dependia de aval para ir adiante. Foi extremamente grosso e ofensivo. E no dia da reunião, não tendo eu quem me defendesse, e isso ficou entalado na minha garganta, pois não só o bispo, mas outros padres estavam lá que me conheciam se omitiram descaradamente, o G. falou mal de mim e disse que eu seria uma incógnita, ninguém sabia nada a meu respeito. Eu estava lá há dois anos e esse mesmo padre deveria me acompanhar, e adivinhe, ele nunca ia conversar comigo. Tentava sempre conversar com ele, que propositalmente, me evitava. Enfim, outra hora em outro blog conto isso de forma mais adequada.
        
O final dessa história foi que recebi um telefonema no meio de minhas férias do bispo me desligando do seminário por motivo nenhum. Só alegou que o conselho simplesmente tinha decidido e pronto. Sem explicações. Tive que sair ligando para quem eu conhecia para ter uma noção do que houve. E muito puto eu fiquei. Porém como em todas as coisas internas da Igreja o segredo tem que permanecer. E que se foda quem não está dentro dela.
Nessas férias tinha ido a Uberaba a convite de um amigo, que é padre, e tinha sido expulso comigo na primeira vez, a história que contei na resenha de “Kill Bill Vol. 1”. Ele me deu um bom apoio, pois, por incrível que pareça, eu fiquei dilacerado. Se a primeira vez eu estava meio confuso se queria ou não seguir o sacerdócio, desta vez eu tinha certeza. E, na medida do meu possível fiz tudo o que pude para caminhar certo e conquistar o grande prêmio de ser aceito na Igreja católica. Yeeehh.
        
Minha tristeza foi enorme. E num dia daqueles eu decidi ir ao cinema e o filme era “Comer, Rezar, Amar”. Eu chorei copiosamente o tempo todo da segunda parte em diante. Chorei... Chorei... Chorei...  Não sei o que me pegou direito, talvez a busca por uma nova vida que a protagonista travou e minha nova realidade de ter sido expulso injustamente, mais uma vez, tenha sido demais. Sei que saí com os olhos inchados do cinema e tentei me levantar. Reformular meu novo rumo na vida e criar uma nova estratégia para conseguir viver. E infelizmente isso me impulsionou mais uma vez para uma terceira tentativa frustrada com a Igreja. Que conto com o próximo filme que marcou minha vida.

        
“Comer, Rezar, Amar” pode não ser o melhor filme do mundo, contudo tem uma mensagem positiva: “siga seus sonhos”. Ele valeu para eu conseguir descarregar toda a amargura que senti naquela fase. Depois de uns meses descobri que minha mãe tinha o livro em sua casa e peguei-o para ler. Claro que o filme é diferente, mas a mensagem é a mesma. A linguagem literária é diversa da cinematográfica, estava lá a esperança em mudar para uma vida melhor de Liz Gilbert. Se ela pode, eu deveria tentar também.  Eu até agora, sete anos depois, ainda não consegui... 

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Novembro - Filmes de Minha Vida: Kill Bill Vol. 1

Kill Bill Vol. 1




    




         Meus queridos leitores, todos os dois que leem com afinco meus escritos, hoje coloco Kill Bill no panteão de filmes de minha nada mole vidinha desvirtuada. Para quem não sabe, estive um período numa vida ligada ao espiritual. Era um “consagrado” do senhor. E no processo o capataz, digo, reitor que assumiu uma das fezes, digo fazes, que todos tinham que passar mudou.
Da doce e gentil Glinda, a bruxa Boa do Sul, para a peçonhenta, pútrida e falsa Bruxa Má do Oeste. Quem não entendeu a referência é de “O Mágico de OZ” de 1939. Dá um Google. Tudo isso um ano antes de eu iniciar meus estudos lá naquela etapa de salvação. Logo essa fase se mostrou umas das piores desgraças e esse reitor que tinha o princípio de ação “não tive direito na minha época, então ninguém vai ter...” ou ainda “vou moralizar essa situação toda que o meu antecessor por incompetência deixou acontecer...”. Detalhe, o antecessor dele foi bispo com 35 anos, um feito bem raro na atualidade, e hoje é um arcebispo reconhecidíssimo pela sua competência. E esse reitor?
Por causa de suas maldades foi deposto do cargo, e relegado a seu feudo agonizante. O lugar tem um puta potencial, mas a “competência” dele não permite crescer mais. Contudo antes de tirarem ele do poder houve muita maldade espalhada pela terra. E ele só saiu do poder, pois, não tinha só pisado em nós, seminaristas, tinha também pisado em vários padres, e isso é um pecado mortal dentro do clero, pois se você puxa o tapete de um par seu, logo, algum padre mais ambicioso e competente, puxa o seu tapete. Tem algo relacionado ao amor que Cristo tanto pregou, pode conferir lá.
        
Meu primeiro ano nessa fase do período de estudo passou com muita angustia. Já estava em crise, já pensava em sair, mas tinha medo do que aconteceria, possivelmente teria que voltar para a cidade pequena que tanto odiava. Resolvi ficar mais um pouco. Quando começou umas perseguições gratuitas. E entre os perseguidos logo eu estava no meio. Digamos que tinham fortes indícios que eu praticava sexo desenfreado sempre que podia. Essa era a acusação. E essa foi a causa de minha “ruina” que hoje vejo como redenção plena. E como todos sabem nenhum candidato a padre comete o pecado contra a castidade... Sei que fui jogado do dia para a noite num furação de situações que culminou na minha expulsão da noite para o dia do seminário.
Sem uma causa plausível exposta. A Bruxa Má só disse que eu e mais meia dúzia de outros garotos éramos imaturos para continuar lá. E, injustiça, pois não havia homem naquela casa que não dava suas escapadinhas, um com bispo, outro com velhos, outro com quem tivesse rola, outro com a vizinha, e até desconfiamos que  o próprio infeliz reitor tinha uns “trelelês” com a outra vizinha... Hoje, analisando melhor, acho que não era uma “relação” onde se consumava algo de fato... Era algo mais sórdido e doentio, coisa de psicopata. Um dia desses conto em outro tipo de texto.
        
E justamente neste período conturbado estreou “Kill Bill – Vol. 1”. Foi o que deu a gana de tentar buscar justiça. Pena que na época uma espada samurai verdadeira não estava ao alcance... Para quem não sabe o filme nos mostra, em duas partes, a trajetória de “A Noiva” que não sabemos o nome. Só no Vol. 2 que será dito. “A Noiva” está num hospital em coma inerte numa cama. E dois enfermeiros surgem para abusar daquele corpo. E bem nessa hora que ela acorda com toda a sua ira em chamas.
Mata os dois e, após colocar seus pensamentos em ordem, vai atrás de quem a colocou lá naquele hospital: Bill. E para matar Bill “A Noiva” tem que primeiro matar seus antigos colegas de “trabalho”, matadores de aluguel perigosos a serviço de Bill. E assim faz uma listinha e vai matando um por um para chegar até no grande chefe.
O primeiro filme ela fica praticamente com duas mortes de sua lista de cinco, sem contar os jagunços que ela decepa, fatia, tritura e pica. Mas a vingança se faz presente e clara. E isso que me deu forças para tentar lutar com os outros colegas na mesma situação. Tanto que dizíamos que teríamos o nosso “Kill Bill” mas seria “Kill Biltela” em referência ao tamanho gigantesco do reitor. No fim, não houve vingança real de nossa parte.

Todos os padres tentaram amenizar a situação e por panos quentes em na situação. Ainda mais que depois descobrimos que havia algo mais pesado e problemático por trás. A diocese tinha levado um desfalque de um milhão e meio de reais, um funcionário que respondia diretamente a esse reitor, se apossou da grana. Então nosso caso foi uma cortina de fumaça para algo maior que nem ouso insinuar.... errr... enfim...
        
A justiça veio depois de formas inusitadas, ainda não da minha parte... que fique claro.
         Mas o filme veio num momento perfeito de uma injustiça sofrida. Calçou como uma luva. No filme “A Noiva” teve sua vingança. Na vida real eu ainda sequer tive justiça... Mas terei...






segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Novembro - Filmes da Minha Vida: Três Formas de Amar

Três Formas de Amar





        Em 1994-1995 eu estava numa encruzilhada da vida. Como meus 16-17 anos, acabando o segundo grau, e sem dinheiro, sem faculdade. Não estava bem. Vivia num lugar que gostava menos cada dia que passava. E não via saída.
O mundo dos filmes e dos livros era meu refúgio. E no cinema adaptado de um teatro eu via algumas produções. Umas boas, outras nem tanto, de forma bem improvisada e ao mesmo tempo aproveitando o que tinha. Meus amigos da época eram um pouco broncos, para dizer o mínimo, e muitas vezes eu acabava indo sozinho ao cinema. Dessa vez fui com um amigo assistir “Três Formas de Amar”. Hetero até a medula dos ossos, filho e neto de sitiantes que não se permitiam luxos e firulas. Um bom garoto, que nunca se preocupou com o próprio estudo. Era “repetente”, um ano atrasado na escola e se esforçava para estudar as matérias.
Na prática, estudei até a oitava série, atual nono ano, numa escola agrícola. Ele era bom em carpir e cuidar dos bichos eu na teoria e notas. Nos metemos em algumas encrencas, e eu era o cérebro destrambelhado, ele um ajudante cético. Até que na vida, ele, amparado por uma condição familiar melhor, conseguiu abrir seu negócio e namorar uma das garotas mais populares da cidade, até então. Pouco antes disso, ele era um garoto feioso que apenas tinha um pai com dinheiro e uma bicicleta Aluminium da Caloi. O que era muito para quem tinha 16-17. Ele já seus 18 escondidos na sua molecagem. E até então éramos amigos, no ano seguinte o exército nos separaria.
        Eu sei que ele gostou muito do filme. Sei que conversamos depois e o que mostrava lá deu certo nó na cabeça dele. Mas como todo adolescente hetero de cidade pequena ele abstraiu e logo se esqueceu do filme. Pelo menos nunca mais tocamos no assunto. O que gerou esse constrangimento é que o filme não era considerado “gay”. Foi vendido como uma comédia romântica e todo mundo foi assistir de boa. Eu tinha lido a sinopse e sabia o que me aguardava. Nessa época já trabalhava numa locadora na cidade e era bem informado sobre os lançamentos. E o filme tinha uma história que poderia ser considerada gay.
       
A motivação era de uma garota ter que dividir o quarto com outros dois caras por um erro na interpretação do seu nome. Lembramos que era uma era pré internet, não havendo Facebook ou ainda um sistema on line para resolver coisas do tipo. E lá vai ela morar com mais dois caras no alojamento da faculdade. Alex (Lara Flynn Boyle) se depara então com o sensível e interessante Eddy (Josh Charles), que explora sua homossexualidade, recém-descoberta, e o bonitão grosseiro e biscateiro Stuart (Stephen Baldwin). E evidentemente que Alex se apaixona por Eddy que por sua vez se apaixona por Stuart que por sua vez fica com tesão pela Alex.
O jogo começa. É um gato-e-rato para ver quem consegue pegar quem, cada um do seu jeito e sempre rolando uma fuga. Até que, eles ficam a três... E gostam. Lógico que Hollywood dos anos de 1990 era pudorada demais. O máximo de gay que aconteceu foi Alex ficar no meio dos “varões” e numa escapadela a mão, nada boba, de Eddy escorregar para a bunda carnuda de Stuart e este ao invés de ficar incomodado e tirar ela dali, olha, e ao sinal do outro querer retirar o membro (ops!!!) de sua bunda, por vergonha, ele pega a mão do outro e insiste com ela ali onde estava...
        O filme todo para isso...
      
  Claro que a ideia de sexo a três era bem interessante nos idos de 1990, principalmente para um adolescente que fazia pouco sexo. Pelo menos era o que achava.  O que mais fez meus olhos brilharem, entretanto foi a sanha de morar fora da minha cidade, e frequentar um campus de uma universidade que o filme causou. Isso me doeu no coração por saber que algo assim estaria tão longe como o planeta Urano. No fim das contas não estava nada tão longe assim. Só bastava a oportunidade certa e os passos certos. Dos quais, modestamente dei e finalmente saí daquela cidade pequena. Não criei nenhum “trio”, o nome do filme em inglês é “Threesome” que é justamente “trio” em português, apesar de ter virado, várias vezes, pivô de triângulos amorosos. Uns até perigosos, o que vim saber depois... Outra história para outro blog...
       
          O filme marcou muito minha vida por ser a história certa no momento certo. Seu roteiro ajudou a me fortalecer e começar um plano de “fuga” daquela realidade que me sufocava. E vingou, mesmo que para isso uma crise me assolou antes... E algumas escolhas duvidosas.

       
Até hoje o filme prefigura entre meus preferidos. E olhe que assisti somente aquela vez e nunca mais tive oportunidade. Não sei se essa lembrança resistiria ao meu olhar crítico de agora. Prefiro guardar somente a memória com carinho. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Novembro - Filmes da Minha Vida: A Liberdade é Azul

A Liberdade é Azul










         Pense num filme que dói na alma.
   
 Eu assisti esse filme por volta do ano de 1995. Faz parte da intitulada “Trilogia das Cores”. Cada filme, usando uma das cores da bandeira francesa e o lema faz uma referência ao conceito que remete. Com o primeiro filme “A Liberdade é Azul”, título autoexplicativo no Brasil, temos o belíssimo relato de Julie. Ela perde num acidente o marido, um compositor famoso com uma obra importante inacabada, uma música que iria celebrar a virada do milênio, e sua pequena filha. Devastada ela se recolhe do olhar público, se isola dos amigos se protege dentro de si mesma. Mas a lembrança está lá, prendendo-a. Julie é interpretada por Juliette Binoche numa interpretação fantástica ao mesmo tempo que discreta. Conseguimos ver a dor encarnada na alma da personagem. Sua tranquilidade é quebrada quando um amigo da família a procura para que ela entregue a música que o marido compunha antes de morrer.
O problema, ou a solução para Julie sair de sua misantropia é que ela tem que acabar a música e o amigo é apaixonado por ela. Tomada por sentimentos antagônicos, perda e vontade de continuar ela se vê numa encruzilhada de escolha para sua vida. Como é um filme europeu nada é fácil e nada é direto. Ela tem algo que não pode esquecer, a memória de sua família perdida, e a música não a abandona, fazendo-a relembrar. No filme a tela fica preta e ouve-se pedaços da música que ela tem na cabeça. Isso não abandona em momento algum e a atormenta.
        
Tinha entre 16-17 anos e esse filme me pegou de uma forma que o guardei com todo o carinho que pude no lugar mais íntimo e pessoal de mim mesmo. Esse foi um libelo ao meu desejo de crescer, sair daquela cidade pequena, voar alto. Ter uma “liberdade azul”.
Via nos olhos da personagem principal minha própria melancolia. Se ela com a perda eu com a ânsia de ganhar o mundo. Se ele se fechando em si eu querendo me abrir para o mundo. Por fim a busca pela liberdade da personagem passa pelo sofrimento que a paralisa diante de suas memórias e a minha busca passou pela dor de criar memórias. Os momentos que a tela ficava escura e a música que o marido compunha, com sua participação, dava um acorde alto nós víamos que nada mais era que toda a lembrança que Julie tentando romper em sua vida dizendo o quanto ela não poderia deixar tudo para trás e sim precisava manter algo para não se deprimir. E simbolicamente ela guarda as lembranças que um móbile de pedras azuis lhe causa. O móbile estava presente no quarto de sua filha. Assim ela pode se libertar e caminhar para seu próprio futuro.

        

A direção é do Krzysztof Kieslowski além do roteiro, que também conta com a participação de Agnieszka Holland. Se não sabe quem são, não se preocupe, eles são poloneses e ótimos em seus filmes, seja na direção ou no roteiro. Kieslowski já nos deixou em 1996, cerca de dois anos após finalizar a “Trilogia das Cores”. Os demais filmes são tão bons quanto, mas só “A Liberdade é Azul” é que consta na minha memória afetiva. É denso e bom. Para quem gosta de filmes europeus é necessário. 







terça-feira, 7 de novembro de 2017

Novembro - Filmes da Minha Vida: Prelúdio ou Doce Novembro...

Ahhhh, doce Novembro...



                E aí galerinha que “enfrenta” meu blog com determinação!!!
               

Novembro é um dos melhores meses por vários motivos, é o último mês de trabalho pesado nas escolas, quem não sabe sou professor, é quando começa os preparativos para o Natal, estamos no meio da primavera aqui no hemisfério sul, e eu gosto muito na primavera, não mais frio e ainda não tão quente. Mas, mas... “MAS” principalmente é o mês do meu aniversário. Sim queridos eu sou um novembriano raiz, sou de escorpião do segundo decanato, que no fundo não quer dizer nada... Nasci numa primavera do longínquo ano de 1978 em pleno domingo ensolarado, dez horas da manhã. É o horário que até hoje acho perfeito para acordar. E o que é que isso tem a ver com o blog?

                Esse Novembro eu vou simplesmente comentar algumas produções que as coloco na minha lista de “Filmes da minha vida” que marcaram de uma forma intensa ou coincidiu com alguma situação significativa de minha existência. Olha o chororô e o mimimi!!!
              
  Eu já comentei quatro filmes que estariam nesta lista “...E o Vento Levou”, “As 7Faces do Doutor Lao”, “A Menina e o Porquinho” na versão de 1973 e “AFantástica Fábrica de Chocolate” versão de 1971. Basicamente esses filmes assisti antes dos 10 anos de idade e deram todo o necessário para eu me encantar pela magia do cinema. Mesmo que três deles sejam “infantis”, apesar de ter ficado com um pouco de medo do “Dr. Lao”, eu lembro de cada um com muito carinho.
Deram o tom a uma criança que se apaixona pelo cinema, mesmo que pela telinha do televisor. E até hoje eu não entendo como pude assistir “...E o Vento Levou” umas duas vezes de madrugada com tão pouca idade, entender a longa história de amor e ainda gostar, sem sucumbir ao sono.
                Claro que não posso esquecer que fui uma criancinha e algumas coisas também me influenciaram muito como alguns desenhos. Adorava assistir no Show da Xuxa “He-man” que me casou um pouco de confusão em relação ao meu próprio corpo. Hoje sei e sou favorável a todo tipo de corpos, mas na época achei que só marombados eram os que conseguiriam conquistar alguém para namorar.
A adolescência veio e derrubou totalmente esse conceito e me mostrou que essas imagens cristalizadas podem e devem ser quebradas. Outro desenho que me influenciou muito, e até hoje me causa comoção, pois adoro coisas fofas, é o desenho dos “Ursinhos Carinhosos”.
     Lembro vivamente que com meus 5 anos eu pedi o mais querido de todos o “Feliz Aniversário” e um padrinho meu olhou com desdém quando abri o embrulho na festa que estava presente e ainda soltou um “Ursinho de pelúcia não é brinquedo para menino!” e eu não entendi o motivo.
E eu já ligava um “foda-se”, sem saber a palavra era, muito criança, e aproveitava a felicidade que me causava o brinquedo que tanto quis. Pena que nas idas e vindas de mudanças e tudo meu ursinho favorito sumiu. Gostaria de tê-lo agora, apesar de achar que minhas filhotas teriam tomado posse dele e destruído com suas dentadas. 
Também lembro de outros desenhos determinantes como “Moranguinho” e “Transformers”, até lancheira e carrinho eu quis dessas franquias, e tive... Liguem os pontos...  O.o. Outro ponto determinante é a série do “Chaves” e “Chapolin” que fizeram parte também de minhas tardes.
Os bordões que reconheço até hoje, o humor pastelão, a história dramática, por trás do humor,  de um garoto órfão abandonado numa vila morando num apartamento sozinho e se escondendo num barril e o herói que tem um grande coração e se atrapalha todo em suas aventuras.
Até hoje os aerólitos num Chroma Key mal feito fazem parte de meu imaginário.


                Mas o foco não serão os desenhos e séries infantis e sim alguns filmes. E aqui, como já informei, comentei três e mais uma animação. Nos próximos falo de outros filmes.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Séries: Stranger Things 2 - 1984

Stranger Things 2






        
O sucesso de “Stranger Tings” se acorrentou a uma sensação de nostalgia que promovia. Inúmeros elementos da década de 1980 surgiam na tela através de comerciais, brinquedos ou até mesmo referências a outros filmes. Esse movimento já vem de um tempo e até J.J. Abrams com seu “Super 8” deu sua contribuição. No Facebook pululam inúmeras postagens com “As crianças de hoje não sabem...” e afins.
Mas a história também era interessante. Principalmente a amizade e companheirismo dos garotos que tentam achar o amigo Will, que some no caminho de volta para casa após dez horas de uma partida de RPG.
         Como já falei sobre a primeira temporada no post "Stranger Things: 1983vamos para a segunda. 

Percebi que tudo ficou mais refinado. Digamos que eles, ao perceberem o sucesso que foi a temporada anterior, deram umas aparadas em várias arestas. Não que antes estivesse ruim, pelo contrário, estava muito bom. Nessa o roteiro foi mais elaborado e deram mais destaque a atuações em si.
Winona Ryder consegue melhorar sua interpretação da mãe desesperada Joyce. Se antes se mostrava uma mulher fragilizada, nervosa, à beira de um colapso agora ela está mais forte, talvez tenha percebido que seus problemas não eram tão grandes diante do sumiço do filho em outra dimensão paralela. Isso realmente muda a perspectiva de vida de forma radical de qualquer um.
Com um namorado novo, Bob Newby, uma participação especialíssima de Sean Astin, um astro mirim dos anos de 1980, ela consegue mais tranquilidade na vida para se dedicar à sua família. Já David Harbour consegue mais destaque. Não ouso falar o motivo por ser um spoiler. E tendo mais destaque conseguimos ver que sua interpretação realmente é boa. Faz o típico machão daquela década, com alguns anacronismos da nossa, mais informações também denota spoilers. As crianças estão maravilhosas.  Os não tão mais pequerruchos Finn Wolfhard, Caleb MacLaughlin e Gaten Matarazzo se destacam. Foram os que mais precisaram mostrar certo traquejo na atuação. E arrebentam. Já Milli Bobby Brown perdeu algo no meio do caminho, talvez carisma. E o fofo Noah Schnapp continua fofo e algumas vezes a emoção pedida na cena soa um pouco forçada... Nada que atrapalhe o resultado, pois sempre ao seu lado temos Winona que dá um show em cena.






 O trio Natalia Dyer, Charlie Heaton e Joe Keery, respectivamente Nancy Wheeler, Jonathan Byers e Steve Harrington consegue um tempero, pois na primeira temporada estavam muito ensossos. E Harrigton como o valentão macho alfa do colégio não estava muito convincente, então inseriram o musculosinho Dacre Montgomery com o papel de Billy, o revoltado  malvado da vez.
Ele conta ainda com a presença de sua meia irmã mais nova a ruivíssima Sadie Sink fazendo Max, o interesse amoroso de Dustin e Lucas, que também se revela ser uma fofa.

         Ouvi algumas pessoas dizendo que perdeu um pouco a graça, mas vejo isso como normal em uma série. O impacto da primeira temporada sempre vai ser forte. A segunda não deixa a desejar pois não perde em qualidade, só perde a novidade. A história é mais trabalhada no drama dos personagens e suas histórias.
O desenvolvimento é bem satisfatório e o final nos deixa cientes que houve a intenção de dar uma amarrada nas pontas soltas. Isso é muito importante. E ao mesmo tempo deu umas novas pontas também. Alguns clichês são necessários, ainda mais com o roteiro retomando o tempo todo pontos dos anos de 1980. Achei um pouco monótona a “jornada” de Eleven tentando resgatar o seu passado, mas sei o quanto era necessária para sabermos algumas coisas. E nesse arco da história vemos outros personagens que não acrescentam muito ao que nos interessa que é saber o que irá acontecer com a galerinha de Hawkins.
         Se terá ou não uma terceira temporada isso é outra história. O ciclo foi fechado ao mesmo tempo que abre possibilidades. Afinal é uma série que quer retorno financeiro. No mais, eu assisti tudo no último fim de semana... Uma maratona que a Netflix proporciona. E diante das acusações da irmã de Lucas “Nerd!” eu admito, sou e vou me esforçar mais um pouco para conseguir elevar o nível de nerdice...
Ah, um “PS”, esse artigo está escrito desde domingo... Esse ritmo de trabalho está me matando... Help me, please!!!!!   O.o