quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Agosto - Loucuras e Distúrbios: Crepúsculo dos Deuses

Crepúsculo dos Deuses





        Quer um grande estopim para se perder a sanidade?
        O ego inflado.
       
E como Norma Desmond (Gloria Swanson) tem o ego inflado. Norma é uma diva do cinema mudo que anda reclusa em sua mansão e não percebe que o mundo mudou e ela não. Com uma visão distorcida da realidade ela caminha para um trágico desfecho. Seu ego a faz perder a noção da verdade e em sua cabeça distorcida cria uma fantasia, onde ainda é relevante e reconhecida no mundo das estrelas.
        Quem narra a história é Joe Gillis (Willian Holden), um escritor contratado por Norma para escrever um filme em que brilhará e a fará voltar ao coração do público. Gillis é um pouco picareta e tenta tirar proveito da situação. O furacão emocional que Norma se tornou é incontrolável.
     
   Pode-se pensar que esse filme não deveria prefigurar nesse tema de agosto. Porém, não me lembro de nenhuma outra personagem tão deslocada ou até mesmo tresloucada, uma grande “sem noção”. Uma Blanche Dubois de “Um Bonde Chamado Desejo” ou até mesmo uma Baby Jane de “O Que Terá Acontecido a Baby Jane ?” chegam perto da loucura de Norma. E ao contrário de Norman Bates ela não é má. Está só alterada, longe de seu estado normal.
        O filme foi uma alfinetada certeira através de uma crítica corrosiva, porém verdadeira, sobre como Hollywood tratava suas divas “esquecidas”. Muitos não gostaram do que viram retratado na tela. Para Swanson e Holden foi um sucesso e o retorno ao estrelato, ambos estavam com problemas em suas respectivas carreiras. Swanson ironicamente vivia a situação de sua personagem, menos a loucura. 
Agarrando com unhas e dentes o papel foi indicada a inúmeros prêmios.  E como ela brilha no filme. O filme é o ego da personagem que toma e sufoca os que estão a sua volta. E isso ao invés de ficar enfadonho deixa tudo delicioso. Gillis se perde neste ego e não lidando com o desdobramento das ações acaba por ser vertiginosamente jogado à destruição.
        É antagônica a cena inicial onde já morto e boiando na piscina narra seu infortúnio. Vários astros esquecidos do cinema mudo aparecem no filme em participações especiais. E até Cecil B. DeMille como ele mesmo mostra sua cara em outra cena antagônica.

       
A loucura é o grande tema desse filme, mas também a decadência, e como ambas afetam as pessoas. Principalmente quem esteve no topo do sucesso e amarga a derrocada do esquecimento. E quem ganha somos todos nós adoradores de cinema. 
           E só para constar, o diretor e um dos roteirista é o ótimo Billy Wilder que conseguiu inúmeros filmes bons e com temas "difíceis". 



Título: Sunset Blvd. (Original);
Ano produção: 1950
Dirigido por  Billy Wilder;
Roteiro: Billy Wilder, Charles Brackett, D.M. Marshman Jr.;
Estreia - 10 de Agosto de 1950 ( Mundial );
Duração 110 minutos;
Classificação L - Livre para todos os públicos;
Gênero: Drama, Film-Noir;
Países de Origem: Estados Unidos da América;
Elenco: Glória Swanson, Willian Holden, Erich von Stroheim, Hedda Hooper, Celcil B. DeMille, Nancy Olson, etc. 



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