Natalie
Portman estava tão magra nesse filme que jurei que em algum momento ela se
quebraria como uma bailarina de louça. Fez a perturbada e insossa Nina. Ela é
bailarina, de verdade, e almeja o papel principal do espetáculo “O lago do
Cisne”. Para fazer a personagem principal, a princesa transformada em um cisne
branco, é obrigada também a fazer o cisne negro. Porém ela não tem o “carisma”
apropriado. Entra, então, num jogo de alucinações, transtornos compulsivos e
stress por excesso de pressão no trabalho por buscar a perfeição. Sua jornada é
sem volta e totalmente distorcida. A pouca idade não ajuda.
A abitolação da mãe
(Bárbata Hershey) também não ajuda. E o complexo de perseguição que desenvolve
também não ajuda. Para piorar vê na rival, interpretada pela Mila Kunis, algo a
ser destruído. O jogo se intensifica quando ela se desassocia totalmente da
realidade levando tudo aos limites. Alguns deles impossíveis de se voltar
atrás.
E
tudo está lá, transtorno compulsivo, obsessão, fantasias e delírios, mutilação,
angústia, percepção deturpada da realidade. Cobrança exagerada de si mesma, etc...
Atitudes que garantem a loucura na vida.
Por
incrível que pareça, o filme é bom, mas o elenco no geral não. Tirando a
própria Portman todo o restante paira sobre uma aura de normalidade
interpretativa e chatice. Alguns momentos são forçados. Darren Aronofsky
consegue um bom trabalho em partes. As demais ficam confusas. Por mais linear
que o filme seja alguns pontos ficam um tanto quanto soltos e embolados só
conseguimos perceber que Nina não é certa da cabeça mesmo.
Enfim,
não é o melhor exemplar de filme de loucura até o momento. Todos os outros foram
melhores. Esse eu deixaria passar. Mas sabe “né”, tem gente que amou...
Título: Black Swan (Original);
Ano produção – 2010;
Dirigido por Darren Aronofsky;
Estreia - 4 de
Fevereiro de 2011 ( Brasil );
Duração: 108 minutos;
Classificação - Não
recomendado para menores de 16 anos;
Gênero :
Drama, Mistério e Thriller;
Países de Origem: Estados Unidos da América;
Roteiro: Andres
Heinz; John J. McLaughlin, Mark Heyman;
Produtores:
Arnold Messer, Brian Oliver, Mike Medavoy, Scott Franklin;
Elenco:
Natalie Portman, Mila Kunis, Winona Rider, Barbara Hershey, Vincent Cassel,
etc.
Realmente Jack Nicholson é um ator ótimo para interpretar
loucos. Se em “Um Estranho no Ninho” vai pelo drama e passa pelo terror em “O
Iluminado”, agora executa magistralmente uma comédia romântica. Aqui ele faz o
obsessivo compulsivo surtado Melvin Udall, escritor. Udall leva sua vida cheia de suas manias e
esquisitices implicando com quem quer que seja. A ponto de ninguém querer o
atender na lanchonete que frequenta. A não ser Carol (Helen Hunt). Udall além
dos transtornos é um grosseirão insuportável. Implica o tempo todo com o
vizinho gay. Porém um dia, esse vizinho gay, Simon (Greg Kinnear) sofre um
acidente e Udall se vê obrigado a cuidar do fofo cachorrinho de estimação que
esqueci o nome. Mas é muito fofo.
Udall
abre e fecha a porta várias vezes, acende e apaga a luz antes de prosseguir,
usa luvas nas ruas, desvia das pessoa e desvia muito mais de fendas e
rachaduras de todos os tipos no chão, não as pisando nunca em nenhuma, lava a
mão com sabonetes novos em água escaldante, e joga as luvas usadas fora junto
com os sabonetes. Não consegue ser sociável com ninguém. Até que o fofo do
“cachorríneo” fica em seu poder.
Sempre acreditei que um bichinho pode ajudar uma pessoa a
melhorar, e em “Melhor é Impossível” esse fato desencadeia uma melhora
significativa nas atitudes do personagem principal. Ele começa a socializar
melhor até o ponto de começar a sair com Carol. E não é fácil. Sua compulsão
obsessiva não dá trégua. Carol tem muita paciência e com jeitinho vai
entendendo o que se passa com Udall. Mas não fica aceitando as loucuras dele
gratuitamente, exige respeito, exige que ele se comporte com um mínimo de
civilidade. Carol não pode se preocupar com um homem com manias, pois tem um
filho doente para cuidar. Ou o homem que queira um relacionamento com ela seja
forte e mude coisas indesejáveis ou ela fica sozinha. E Udall quer mudar e vai
se esforçar com a ajuda do fofíssimo cachorrinho. As cenas são engraçadíssimas
e muitas patéticas. A compulsão de Udall é tanta que em uma cena o pequeno
cachorro começa a imitá-lo e não pisar nas rachaduras da calçada. Não sei ao
certo a raça, mas ele tem uma barbicha tão charmosa que dá vontade de abraçar e
apertar. Sou suspeito com cães em filme. Na maioria das vezes eu me emociono e
o filme já ganha crédito comigo em 50% só por causa de um bichinho.
Dirigido
por James L. Brooks que fez “Laços de Ternura” e “Jerry Maguire”, sem nos esquecermos
de que ele também foi um dos produtores da animação “Os Simpsons” e roteirista.
Sim, o cara é bom no que faz. Ganhou Emmys a dar com pau...Além de Oscares.
E como ele acerta em “Melhor é Impossível”, como Nilcholson
e Hunt acertam. O filme todo é delicioso e nos traz cenas de compulsão
engraçadas. É uma comédia romântica para exorcizar os outros personagens de
Nicholson. Com humor e não água benta, obviamente.
Título: As Good as It
Gets (Original);
Ano produção - 1997;
Dirigido por James L. Brooks;
Estreia: 6 de Março de 1998 ( Brasil );
Duração: 139 minutos;
Gênero: Comédia/ Drama/ Romance;
Países de Origem: Estados Unidos da América;
Roteiro: James L. Brooks, Mark Andrus;
Produtores: Aldric
La'Auli Porter, Bridget Johnson, James L. Brooks, John D. Schofield, Kristi Zea,
Laura Ziskin, Laurence Mark, Maria Kavanaugh, Owen Wilson, Richard Marks,
Richard Sakai;
Elenco: Jack Nicholson,
Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr., etc.
Falar da
loucura nesse filme requer uma tonelada de spoilers. Tentarei não soltar nenhum,
mas fique por sua conta e risco.
David Fincher,
diretor desse filme, pegou uma história de Chuck Palahniuk e transformou num
filme visceral. Junte ao projeto atores do peso de Edward Norton, Brad Pitt, Helena
Bonham Carter e Jared Leto.
O personagem
de Norton, que é definido como "O narrador", sofre de insônia, não gosta do trabalho que tem e frequenta grupos de
apoio variados para se sentir melhor. Numa dessas andanças ele conhece o
personagem de Pitt, Tyler Durden, um homem bonitão, macho alfa, que vende
sabonetes feitos de banhas de pessoas roubadas de clínicas de lipoaspiração.
Os
dois formam uma insólita amizade e vão, sabe-se lá por qual motivo real, formar
um clube. O intuito exclusivo do clube é violência desmedida em forma de lutas.
Os homens se encontram e lutam até que um desmaie. Sangue jorrando junto a
dentes são coisas admissíveis neste clube que tem regras bem claras:
“A primeira regra do Clube da
Luta é: você não fala sobre o Clube da Luta. A segunda regra do Clube da Luta
é: você não fala sobre o Clube da Luta. Terceira regra do Clube da Luta: se
alguém gritar "Pára!", fraquejar, sinalizar, a luta está terminada.
Quarta regra: apenas dois caras numa luta. Quinta regra: uma luta de cada vez,
pessoal. Sexta regra: sem camisas, sem sapatos. Sétima regra: as lutas duram o
tempo que for necessário. E a oitava e última regra: se esta for a sua primeira
noite no Clube da Luta, você tem de lutar.”
Acho que deu
para perceber que ninguém é muito normal nessa história. Apesar disso a os dois
amigos vão bem até que aparece Marla (Bonham Carter) e abala as estruturas
dessa amizade. E só aí é que a grande loucura é mostrada. Sim minha gente, há
uma loucura maior que perpassa o filme já cheio de situações dementes. Mas não
vou contar não.
Assistam, eu
mesmo preciso reassistir, pois é muito bom.
Só um “PS”: Um amigo que se dizia “médium” me falou que esse
era um nos piores filmes que já tinham feito. Questionei e ele não quis dizer,
só ficou bravo e falou que eu não deveria assistir. Se alguém souber o motivo
por favor me conte nos comentários. Isso já faz uns 5 anos e ando curioso...
Título: Fight Club (Original);
Ano produção - 1999;
Dirigido por David Fincher;
Estreia 29 de Outubro de 1999 ( Brasil );
Duração: 139 minutos;
Classificação - Não
recomendado para menores de 18 anos;
Gênero: Drama
Países de Origem: Alemanha, Estados Unidos da América;
Roteiro: Jim Uhls baseado na obra de Chuck Palahniuk;
Produtores: Art Linson, Ceán
Chaffin, Ross Grayson Bell;
Elenco: Brad Pitt, Edward Norton, Helena Bonham Carter,
Jared Leto, etc.
Um de meus filmes favoritos, e também da torcida do
Corinthians, não espere... Acho que não. Gostei tanto desse filme que uma vez
na faculdade um professor pediu para executarmos um ensaio usando um personagem
bíblico. Escolhi fazer uma comparação entre a personagem Judite e Clarice.
Resumidamente, defendi a tese de que uma mulher para ser considerada uma
heroína absoluta e digna era preciso se “masculinizar”, na história bíblica Judite mata Holofernes com
uma espada, e no filme Clarice é obrigada a usar um revolver. Ambos objetos
fálicos e do “mundo patriarcal masculino machista”. Além de que seus
respectivos atributos femininos serem tripudiados como coisas que as diminuem.
Em Judite sua beleza e Clarisse sua fragilidade. Sim, foi uma grande viagem na
maionese mas tirei nota 10. Desculpa tah!!!
Contudo Clarice é ok. Certinha, trabalha duro, é do FBI,
então supostamente é submetida a exames psicológicos frequentes, supostamente,
bonita e aparentemente bem resolvida consigo mesma.
A loucura não está em Clarice e sim nos dois antagonistas da
história. Clarisse caça um serial killer, Bufalo Bill (Ted Levine) que mata
moçoilas e tira pedaços de suas peles para fazer um vestido. E só uma
curiosidade, manjada eu sei, mas a mesma pessoa que inspirou a confecção do
personagem de Norman Bates é usado de inspiração para Bufalo Bill e ainda para
o Leatherface de “O Massacre da Serra Eletrica”: Ed Gein. Procure no Google e
haverá histórias pitorescas sobre ele. Bom, Bufalo Bill é louco e não há
dúvidas. Porém quem rouba quase o filme todo é Hannibal Lecter. Outro “louco”
que está preso por também ser um serial killer. Hannibal é inteligentíssimo,
educadíssimo e canibal. Literalmente matou suas vítimas para comer. O
personagem é tão complexo e cheio de camadas que rendeu todos os prêmios
possíveis ao ator que o interpreta. E para conseguir o efeito desejado só com
um ator magnânimo: Anthony Hopkins. Na tela vemos a sanidade ausente na
aparente superfície de atitudes civilizadas de Hannibal apenas através do olhar
de Hopkins. É fabulosa a maestria e domínio do personagem que ele tem. E como
disse, diante de Hannibal, até a inocente Clarice, tão bem consigo mesma, se
desvela em surpreendente vulnerabilidade. Explico.
Está difícil conseguir pegar Bufalo Bill. Só há os poucos
fatos que os investigadores conseguem reunir. Uma moça foi raptada e corre
risco de vida, o tempo passa. O FBI vai atrás de Hannibal para uma “consultoria”
informal. Aparentemente ele já tinha colaborado antes com a agência. E quem é
responsável pelo caso é Clarice. Hannibal, ótimo em perceber nuances de caráter
estabelece seu preço: Clarice tem que fazer sessões de “analise” com ele.
Hannibal é formado em psicologia/psiquiatria e tem prazer em descobrir o lado
mais sombrio das pessoas. Clarice aceita para resolver o caso e cai no maior
jogo de gato e rato de sua vida. Suas memórias mais perturbadoras são
acessadas... E Hannibal se deleita com cada uma delas. Ele é psicopata e não
esconde o prazer que sente em seduzir sua preza. Até tirar o máximo dela. O
jogo se encerra com as informações que Hannibal passa para Clarice conseguir
chegar até o outro assassino.
Mas, Hannibal consegue fugir da cadeia... É uma historia para
outro filme.
O filme foi impecável. Conseguiu o feito de arrastar os
prêmios nas principais categorias, Ator, Atriz, diretor (Jonathan Demme), filme
e roteiro. E ainda arrastou o público. Hannibal prefigura entre os melhores
vilões de todos os tempos. Sua fama rendeu tantos outros filmes como uma série
de boa qualidade.
O seu requinte de loucura faz outros personagens do mal
parecerem apenas saídos do jardim de infância. E vou escrever uma “bobagem”
aqui para dar o ponto de loucura da questão: Lecter não é “do mal”, ele só quer
uma refeição saborosa e de boa qualidade. De vez em quando ele brinca com a
comida. O.o
Título: The Silence of the Lambs (Original);
Ano produção: 1991;
Dirigido por Jonathan Demme;
Estreia: 17 de Maio de 1991 (
Brasil );
Duração: 118 minutos;
Classificação - Não recomendado
para menores de 14 anos;
Gênero: Drama\Mistério\Thriller;
Países de Origem: Estados
Unidos da América
Roteiro:
Ted Tally baseado na obra de Thomas Harris;
Produtores: Edward Saxon; Kenneth Utt; Ronald M.
Bozman;
Elenco: Anthony Hopkins, Jodie Foster, Ted Levine,
etc.
Não tem
como falar de loucura sem abordar alguns filmes. E “O Iluminado” é um deles.
Além de ver o filme eu li o livro no qual é baseado. Ambos me deixaram um pouco
frustrados até certo ponto.
A
história se passa em torno de Danny Torrance (Danny Lloyd), e sim, estou
falando do clássico dirigido por Stanley Kubrick, farei vez ou outra referência
ao livro. Danny tem um poder, ele é um “iluminado”. Ele vê mortos, ou melhor, seus espíritos. E
como o filme é americano, baseado em um escritor americano, ele sofre “pra
caráleo” por isso. Se fosse um filme brasileiro se resolveria indo a um centro
espírita, ou uma terreiro de umbanda ou candomblé ou ainda, cristianizando tudo
pelo viés neo pentecostal, seria exorcizado e viraria pastor e pregaria sobre
visões terríficas contra minorias. E a vida estaria bem com certo status e
grana no bolso. No catolicismo o padre diria que é bobagem e ele tentaria um dos citados antes. Mas... EUA o
povo é “loko”. E coisas incompreensíveis rendem histórias de terror e depois
dinheiro.
Então,
Danny tem um dom mediúnico que não será desenvolvido pelas vias conhecidas no
Brasil. E outras coisas que Danny tem: um pai alcóolatra e uma mãe sem muita
força para meter o pé na bunda desse pai. O cara, Jack Torrance (Jack
Nicholson, novamente maravilhoso, percebam que ele é bom em personagens loucos)
é escritor, e para variar, não consegue dinheiro com a profissão. Na
necessidade arruma um emprego para cuidar de um hotel no meio do nada durante o
inverno. Ele, Danny e Wendy (Shelley Duvall), sua esposa, vão de mala e cuia
para lá como uma nova tentativa de recomeço familiar.
Chegando,
lógico, que Danny com suas “anteninhas de vinil” capta todas as energias
negativas possíveis. Hotéis são pontos energéticos um tanto densos,
principalmente se ocorreram lá suicídios e assassinatos. E não é que nesse
hotel em especial aconteceu uma macabra chacina? Sim, um caseiro assassinou a
família toda à machadadas durante um inverno que ficou por lá. Dizem que ficou
louco. E os suicídios? Claro que também ocorreram alguns...
Danny,
sua iluminação o deixou azarado.
Então,
o clima foi construído. E para ajudar, além da influencia dos encostos, temos
um bar totalmente equipado com todos os tipos de bebida disponível a um
escritor alcóolatra frustrado, entediado e sem vontade, ou inspiração, para
escrever. Não há televisão que funcione. O hotel é no meio do nada. Estamos
numa era onde a internet ainda estava nascendo.
Danny
começa a ver todos os fantasmas possíveis e Jack a manguaçar e os encostos
“encostam”. Jack surta e tenta matar esposa
e filho. O caos, a gritaria, o desespero, o limiar da sanidade é extrapolado. Wendy
resolve tomar uma atitude: sobreviver. Machados para cá, berros e horror com
faca enorme para lá. É o pandemônio.
Todo o
clima claustrofóbico é intensificado pela milimétrica direção de Kubrick. Ele
faz o filme acontecer de forma magistral e tira de Nicholson e Duvall
interpretações fabulosas para esse estilo, terror. É um filme que não há o que
criticar, quer dizer, fiquei um pouco decepcionado, mas novamente foi a
expectativa e não o filme em si. E mesmo o livro eu esperava mais. Talvez a
culpa seja de Stephen King, o autor do livro em que o filme é baseado. King é
um autor que gosto muito, mas ele esvazia demais os elementos sobrenaturais
ficando mais as predisposições humanas em evidência e deixando o mundo
espiritual de fora usado meramente como adornos para dar um clima. E sabemos
que as entidades são mais atuantes em nosso meio e... Ops!!! Sabemos disso, não
sabemos??? O.o
King
também não gostou do filme. Ele não gosta de nenhuma adaptação boa de seus
livros, é de praxe. Eu só fui meio esperando algo e vi outra coisa. Deem-me um
desconto, foi numa época que eu ainda era cheio de expectativas. Hoje já
mudei... Ops!!!² “Sabemos disso, não sabemos???” o.O
Título: The Shining (Original);
Ano produção: 1980;
Dirigido por Stanley Kubrick;
Estreia: 25 de Dezembro de 1980
( Brasil ) ;
Duração 146 minutos
Classificação - Não recomendado
para menores de 14 anos;
Gênero: Mistério e Terror;
Países de Origem: Estados
Unidos da América. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte;
Roteiro
Diane JohnsonDiane Johnson
Stanley KubrickStanley Kubrick
Stephen KingStephen King
Produtores: Jan Harlan, Martin Richards, Mary Lea
Johnson, Robert Fryer e Stanley Kubrick;
Elenco: Danny Lloyd, Jack Nicholson, Shelley Duvall, Scatman
Crothers, etc.
E como Norma Desmond (Gloria Swanson) tem o ego inflado.
Norma é uma diva do cinema mudo que anda reclusa em sua mansão e não percebe
que o mundo mudou e ela não. Com uma visão distorcida da realidade ela caminha
para um trágico desfecho. Seu ego a faz perder a noção da verdade e em sua
cabeça distorcida cria uma fantasia, onde ainda é relevante e reconhecida no
mundo das estrelas.
Quem narra a história é Joe Gillis (Willian Holden), um
escritor contratado por Norma para escrever um filme em que brilhará e a fará
voltar ao coração do público. Gillis é um pouco picareta e tenta tirar proveito
da situação. O furacão emocional que Norma se tornou é incontrolável.
Pode-se pensar que esse filme não deveria prefigurar nesse
tema de agosto. Porém, não me lembro de nenhuma outra personagem tão deslocada
ou até mesmo tresloucada, uma grande “sem noção”. Uma Blanche Dubois de “Um
Bonde Chamado Desejo” ou até mesmo uma Baby Jane de “O Que Terá Acontecido a
Baby Jane ?” chegam perto da loucura de Norma. E ao contrário de
Norman Bates ela não é má. Está só alterada, longe de seu estado normal.
O filme foi uma alfinetada certeira através de uma crítica
corrosiva, porém verdadeira, sobre como Hollywood tratava suas divas
“esquecidas”. Muitos não gostaram do que viram retratado na tela. Para Swanson
e Holden foi um sucesso e o retorno ao estrelato, ambos estavam com problemas
em suas respectivas carreiras. Swanson ironicamente vivia a situação de sua
personagem, menos a loucura.
Agarrando
com unhas e dentes o papel foi indicada a inúmeros prêmios. E como ela brilha no filme. O filme é o ego
da personagem que toma e sufoca os que estão a sua volta. E isso ao invés de
ficar enfadonho deixa tudo delicioso. Gillis se perde neste ego e não lidando
com o desdobramento das ações acaba por ser vertiginosamente jogado à
destruição.
É antagônica a cena inicial onde já morto e boiando na
piscina narra seu infortúnio. Vários astros esquecidos do cinema mudo aparecem
no filme em participações especiais. E até Cecil B. DeMille como ele mesmo
mostra sua cara em outra cena antagônica.
A loucura é o grande tema desse filme, mas também a
decadência, e como ambas afetam as pessoas. Principalmente quem esteve no topo
do sucesso e amarga a derrocada do esquecimento. E quem ganha somos todos nós
adoradores de cinema.
E só para constar, o diretor e um dos roteirista é o ótimo Billy Wilder que conseguiu inúmeros filmes bons e com temas "difíceis".
Título: Sunset Blvd. (Original);
Ano produção: 1950
Dirigido por Billy
Wilder;
Roteiro: Billy Wilder, Charles
Brackett, D.M. Marshman Jr.;
Estreia - 10 de Agosto de 1950 ( Mundial );
Duração 110 minutos;
Classificação L -
Livre para todos os públicos;
Gênero: Drama, Film-Noir;
Países de Origem: Estados Unidos da América;
Elenco: Glória Swanson,
Willian Holden, Erich von Stroheim, Hedda Hooper, Celcil B. DeMille, Nancy
Olson, etc.
Olha, Milos Forman tem cada filme que faz qualquer um
arrepiar. E por incrível que pareça esse não é o que mais gosto. Longe disso.
Esperava mais. Acho que criei muita expectativa e isso sempre é catastrófico.
De certa forma a loucura é abordada de uma ótica invertida.
Se em “Psicose” o vilão é o louco, aqui os loucos são legais e a equipe técnica
que deveria garantir o bom funcionamento do ambiente de tratamento psiquiátrico
acaba se tornando o carrasco da personagem principal.
Randle Patrick McMurphy (Jack Nicolson), ótimo por sinal, acaba em
uma clínica psiquiátrica. Lógico que ele não é 100% certo da cabeça. Tem um
comportamento um tanto exagerado e expansivo demais. Nada que não estejamos
acostumados com aquele tio chato que fala alto na festa com a piada do pavê, ou
aquela tia que enche o ambiente com seu ego perguntando coisas desagradáveis
que ninguém quer responder de verdade.
Ou mesmo nós, tentando uma autocrítica,
quando nos sentimos o máximo, a última bolacha do pacote. Mas ele foi parar lá
por seu comportamento “desvirtuado”. Como mantém certa consciência ainda, ele
percebe o quanto a loucura de seus colegas é piorada pelos maus tratos da
equipe de enfermeiros encabeçada pela tenebrosamente ótima enfermeira Ratched
(Louise Fletcher). Nicolson e Fletcher têm embates ótimos. Se o filme fosse de
ação e não o drama que é, com pitadas de ironias fortes, garanto que essa
personagem teria hoje o status de Darth Vader no hall dos vilões. Dá ódio da
atriz de tanta perfeição na interpretação. E não são maldades “malvadas”. São
maldades sofisticadas envolvidas nos tratos diários e necessários num ambiente
já estressante. O pior tipo de maldade. É aquela que seu chefe faz. Ou ainda
aquela maldade do colega do trabalho só para te ver perdendo o brilho da
alegria.
É um empurrãozinho na sua autoestima, é um arranhão na sua imagem, é
um escarnecimento num momento que você precisava de apoio, é uma leve sabotagem
na hora de um trabalho em conjunto. Ou aquela maldade que nós fazemos como se
não fosse nada. Claro que transposto para o ambiente de uma clínica psiquiátrica.
Apesar de que o sistema de trabalho anda pior... Ainda mais com as maravilhosas
mudanças que nossos “gestores” políticos andam fazendo... Enfim!
Randall tem um problema que se resolveria mais num
consultório e muitas terapias e não na clínica. Lá seu ego manifestado em uma
ideologia de “espírito livre” não suporta todas as convenções e repressões do
sistema. E quanto mais o sistema, na figura da enfermeira, percebe a liberdade,
que pode ser perigosa aos seus princípios, mais poda e corta as asas de Randle que em contrapartida intensifica seu jeito de ser. E o caos se estabelece.
Repressão gera mais uma ação contraria do que resolução de problemas. E por
vezes, a última e mais sensata saída é a liberdade máxima proporcionada pela
morte.
Direção: Miloš Forman
Autor: Ken Kesey
Música composta por: Jack
Nitzsche
Elenco: Jack Nicholson, Louise Fletcher, Danny DeVito,
Brad Dourif e etc.