Macbeth: Ambição & Guerra –
Perdido no roteiro
E
um dia juntaram no mesmo filme Marion
Cotillard e Michael Fassbender
interpretando um dos casais mais densos, loucos, tenebrosos, angustiantes, ambiciosos
da dramaturgia mundial: Macbeth e Lady Macbeth. Então, junto a dois ótimos
atores um texto igualmente exemplar. Porém, como teatro adaptado ao cinema nem
sempre dá certo o encanto se desfaz. Não que os dois estejam ruins. Eles
conseguem dar uma densidade angustiante aos personagens. Porém, o texto ao
virar roteiro, se perde e nos deixa perdidos.
Como
eu morava em uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo, sabia da
precariedade de conseguir contato com algumas coisas, como o teatro por
exemplo. Então, meu primeiro contato com William Shakespeare foi através de leitura
de suas obras, que emprestava da Biblioteca pública.... Sou quase jurássico por
isso, eu sei. E por não haver o exemplar de Macbeth, foi uma das obras
principais que acabei não lendo, li outras. E a vida me deu um monte de
situações do qual meu destino não me levou, em momento algum, a um contato com
essa obra. E fiquei só com as referências que tinha por simplesmente ler aqui e
ali coisas variadas. Então, 2016, veio junto com a oportunidade de assistir uma
adaptação dessa obra. Estou contando tudo isso para vocês entenderem o motivo
de eu dizer acima que fiquei perdido. Foi uma decepção. Pelo menos nas outras
obras do dramaturgo inglês que eu assisti, também adaptadas, eu conseguia me
situar. Nesta eu me perdi várias vezes. Chegou um momento do filme que quase
cochilei na cadeira do cinema. O que é quase inconcebível para mim, eu não me
permito. Tecnicamente estava chato. Toda uma história se perdeu nas telas do
cinema. O texto estava lá, mas colocado de uma forma um tanto truncada com
imagens soberbas. Imagino que o filme tenha sido feito para pessoas que já
conhecessem a peça.
Apesar
do texto ter ficado perdido na tela, há de se convir que a fotografia estava
maravilhosa e simplesmente intensa. Cores, vazios, efeito de câmeras lentas,
closes, tudo contribuía para a estética. Menos para o entendimento. Os atores,
além dos dois já citados, estavam impecáveis: Paddy Considine como Banquo; Sean
Harris, Macduff; Jack Reynor, Malcolm; David Thewlis, Rei Duncan, entre tantos
outros. A reconstituição de época, exemplar. Tudo contribuía com o filme. E
olha que o diretor, Justin Kurzel, não faz feio, é bem competente. O filme
recebeu elogios por todo o mundo... E eu, um simples comentarista, sem qualquer
reconhecimento, que simplesmente gosta de cinema, acabei perdido e entediado
nas horas extensas que transcorreram.
Pois
é, para um mísero “assistidor” comum de filmes eu acabei aborrecido. Fiquei só
curioso para ler o texto original e tentar entender melhor a história do
fatídico casal Macbeth. Mesmo assim um filme necessário aos grandes amantes de
cinema. Mais para o “arte” do que para o “didático”. Então esteja preparado com
uma pesquisa anterior do texto original.
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