Santo Antônio de Lisboa - 13 de junho
Então para quem não sabe, esse blog surge de uma necessidade de me expressar, contar um pouco minha vivência. De 1999- 2012, com alguns hiatos de tempo, fui seminarista da Igreja Católica e vivenciei coisas boas, e muita coisa ruim. Então o blog era de início para contar tudo que queria sobre esse tempo.
Porém, percebi que gostava de escrever outras coisas, e comecei a escrever "resenhas" de filmes, um ou outro comentário pessoal, arrisquei na poesia e também tem uma "novelinha" (ficção) que estou desenvolvendo. E faz tempo que nada escrevo sobre algo da Igreja. E hoje, por ser dia deste santo fantástico, resolvi relatar o que um professor franciscano que tive me disse. Então, nem se arrisque em ler se esse não for seu foco... Essa reflexão foi feita no meu perfil do Facebook ( https://www.facebook.com/vinimotta78 ) e gostei tanto dela que resolvi postar aqui.
Logo mais haverá uma outra resenha de filme ou outra ideia que está me zunindo no cérebro. Aguardem!!!!
Dentre os santos católicos Santo Antônio
é um que tem grande apreço de todos nós brasileiros por nossas origens
portuguesas. Antônio nasceu em Lisboa,
um dos mais ilustres santos dessa nação, por mais que se atribua o título
"de Pádua" na Itália que foi o lugar em que morreu.
E um fato, que um franciscano que me
deu aula comentou certa vez, foi que Santo Antônio é mais famoso que o próprio
Francisco. Que depois de Nossa Senhora o maior culto de devoção à uma pessoa no
mundo é dado a este santo. Ele disse que o processo canônico de Sto. Antônio
foi meteórico, rápido e avassalador. Entendam, não que ele não fosse o gênio
eloquente e o casto santo milagreiro que foi. Segundo esse franciscano o que
aconteceu foi que a Igreja, enquanto instituição, não via com bons olhos o
fenômeno “Francisco de Assis”. Pois era um homem simples, com uma formação
"leiga" e sem nenhum título ou ordem, ou seja, um leigo que não era
do clero. Dizem que com muito custo e desgosto ele foi ordenado diácono, coisa
que não queria de jeito nenhum, queria ser pobre, o mais pobre possível, e uma
ordenação o faria pertencer a um grupo "elitizado", fugindo assim de
seu ideal máximo. Então o plano dos seus correligionários e da Igreja
instituição foi por terra. Não teriam um santo "padre". O que era um
absurdo, pois ele era fundador de uma "ordem" que dominou muito a
Europa e influenciou muito o mundo. Outra controvérsia, pois, Francisco também
não queria fundar ordem nenhuma. Tanto que relutou em "escrever" uma
regra. E segundo consta essa primeira regra se perdeu “providencialmente”, por ser
demais rígida e não permitir alguns “benefícios” ao irmão franciscano. E fizeram
uma nova regra que conhecemos hoje.
Então Antônio que já era ordenado, se
encanta com o franciscanismo, deixa sua ordem anterior e se torna um pobre
entre os pobres. Porém logo é “descoberto” e passa a exercer funções eruditas.
Porém Francisco morre, e logo Antônio
também. Não tinham como não canonizar os dois. Pois ambos foram exemplos de
verdadeira vivência santa.
Mas, e é aí que a narrativa desse meu
ex professor franciscano continua veemente, houve um jogo de marketing enorme
em Antônio que faltou em Francisco. Apesar do “fundador” ter transformado o
jeito de ser cristão na idade média ele não era ministro ordenado (com muita
relutância ele foi ordenado diácono, como disse acima). Então a instituição não
via isso com bom olhos, um movimento desse porte não podia ser encabeçado por
um “leigo”, então começam a motivar mais a devoção de Antônio que a de
Francisco. Porém não conseguiam abafar o carisma avassalador de Francisco. Conseguiram
então transformar Antônio em um santo mais popular ou famoso que Francisco.
Pelo medo de se valorizar demais duas coisas, uma que já citei a questão de um “leigo”
comum conseguir o que Francisco conseguiu e, a segunda, o medo que o clero,
principalmente nesta época, tinha da pobreza.
Ainda hoje é comum perceber como é
difícil canonizar “leigos” cheios do Espírito Santo e como é fácil canonizar
padres, freis, bispos, freiras não tão ancorados na santidade que o Espírito
suscita e sim no serviço prestado à Instituição. Carisma e Institucionalização,
vemos que muitas vezes o carisma, vindo direto do Espírito, dobra essa
institucionalização. Mas quando o contrário ocorre sempre a Instituição faz uma
artimanha para novamente colocar tudo nos eixos. Afinal Carisma não se controla,
a Instituição sim...
E só para constar um exemplo
brasileiro, lembremos nossos santos canonizados de nossa terra. Lembraram? E agora
pensem comigo, por qual motivo os pescadores que acharam N. Sra. Aparecida ainda
não estão canonizados ou sequer nomeados para a beatificação????? Por eles
serem leigos????
Mas enfim, gosto muito de Santo Antônio,
mas se esquecem de que ele era franciscano. Sem Francisco possivelmente não
chegaria ao seu potencial máximo de santidade. E Francisco foi o revolucionário
que modificou as estruturas, já Antônio foi institucionalizado, pois era da
instituição.
Salve Santo Antônio que pela iluminação
de São Francisco pelo Espírito de Deus se tornou a devoção mais popular até
este momento na história da Igreja institucionalizada...
E que como sempre que o Espírito “sopre
onde quer...” (referência a Jo 3, 8), mesmo que se tentem dobrar o Espírito...