terça-feira, 3 de setembro de 2024

Oppenheimer - Mescla de Prometeu e Otelo



    Oppenheimer - Mescla de Prometeu e Otelo Sim, estou muito atrasado com os filmes. Mas, nesses últimos meses tenho tentado colocar em dia tudo que não tinha assistido, de Barbie a Deadpool e Wolverine. E, retomando o blog, tento resenhar todos. E aos desavisados também consta no blog outros “manuscritos” de imperfeição literária que tento rascunhar. 
     Os filmes do Christopher Nolan me dão um pouco de preguiça num primeiro momento. Ao contrário do Guy Ritchie, que são mais crus, os filmes de Nolan retratam o mesmo clube do Bolinha, onde meninas não entram, só que com maior habilidade artística e técnica. Muitos falam das “firulas” que este diretor e roteirista usa para desenrolar, ou enrolar, suas produções. Contudo, superada a preguiça inicial, e decidindo por um de seus filmes consigo ser envolvido e entrar na história que ele propõe. E isso é o que mais ando buscando ultimamente, a capacidade de me desligar da realidade diante de uma história bem contada. E por mais mirabolante que seu roteiros sejam, dando uma volta longa ou mesmo como seus personagens masculinos e seus discursos inflamados desvinculados da realidade com o universo feminino ele chega lá. Admito que não assisti muita coisa dele pois aquela preguiça de cima não é fácil de vencer. Oppenheimer eu tive essa sensação, ouvi o burburinho em torno dele, e não fui assistir, li o que se falava, e não fui assistir, soube do rodo no Oscar, e não fui asssistir... Até que Cillian Murphy e seus memes e vídeos me chamaram a atenção. É incrível como algo tão aleatório, os memes, são capazes de produzir uma curiosidade. Enquanto ele era aclamado e exacerbado como um gênio na atuação suas caras e bocas entre indiferente, enfadado e “me tirem daqui’ me deixou realmente curioso. Ele realmente é um recluso e age como tal, a discrição é tanta que sua esposa ficou bem camuflada diante toda a badalação. Aí, depois de uma assinatura de um streaming que não vou falar o nome, afinal não sou patrocinado, eu, depois de assistir outras dez produções que tinha mais curiosidade, assisti Oppenheimer. 
     É entre um Prometeu, personagem mitológico que “rouba” o fogo dos Deuses entregando aos humanos, e Otelo, personagem shakespeareano que incitado por um colega invejoso, Iago, cai em desgraça que vejo esse filme. Se como Prometeu, Oppenheimer realizou um feito de consequências assustadoras para o futuro da humanidade, como Otelo ele teve um detrator que jogou todos contra ele fazendo sua carreira implodir com a mesma força que suas bombas atômicas. Cillian Murphy entrega um Oppenheimer que não gera simpatia contudo, apesar de toda sua contradição, uma certa admiração. Ele é envolvido, e se envolve, num jogo de gato e rato perpetrado pelo seu aparente colaborador Lewis Strauss que fica conhecido na história por “o inimigo da bomba atômica” que acaba mostrando mais inveja e ciúmes do que capacidade, assim como Iago. E é incrível, depois de tantos anos como Tony Stark, símbolo de genialidade e sucesso, que Robert Downey Jr. consiga o feito de brilhar no papel oposto. Vez ou outra vejo o Tony num pulinho aqui e ali no filme mas no restante é puro suco de rancor e inveja disfarçada numa aparência amável e calma. Até as máscaras caírem. O embate da disputa de atuação de Murphy e Downey Jr. causou um estrondo tão sonoro quanto o filme assistido nas salas dos cinemas e quem ganhou fomos nós, meros mortais que assitimos por três horas tudo isso com a pipoca na mão, no meu caso foi outra coisa pois não gosto de pipoca. 
     Claro que a interpretação dos dois foi fenomental, contudo o elenco está de parabéns. Não teve um que eu não tenha admirado. Mesmo os terciários estavam bem. Teve um momento que estava intrigado com o Rami Malek que só coletava assinaturas e derrubava a prancheta até que no fim o roteiro faz ele mostrar para que veio, afinal é um ganhador de Oscar que estava praticamente como figurante até então. Nolan dirige muito bem e escreve também, por mais que nem sempre eu me empolgue com seus filmes ele é virtuoso e não tem como esquecer várias obras suas. O que ele fez com um herói com origens estranhas, que pegua mancebo para “criar” e corre atrás de um palhaço pela noite foi bem interessante. Contudo, no filme as mulheres são quase desnecessárias. Não que sejam realmente na história. Parece que Florence Pug foi colocada para mostrar que Oppenheimer se interessava mesmo por mulher, dentro deste roteiro. E Emily Blunt como uma esposa troféu? Alcoólatra que não cuida direito dos filhos? Defensora do marido e irritada? Testemunha da grandesa do marido? Ficou tudo meio perdido e com relevância reduzida. Me espantei com um Josh Peck, mais velho e sério aparecendo de forma competente, com o personagem do Matt Damon como um suggar Daddy bigodudo, digo, um militar sério e enérgico e o Gary Oldman que faz um cínico Truman. Mas sério, são tantos atores mandando bem que fica difícil escrever sobre todos. O roteiro arremata bem história e sensibilidade artística e o resultado é este, um ótimo material para a reafirmação do patriarcado, se cair nas mãos erradas dos coachs como exemplo de filme para seus adeptos, para nós só arte. 







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