quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Bird box - Netflix


Bird Box




         A grande crítica ao filme “Bird box” que tenho está em quem assiste. Pois é, o filme é muito bom, com um roteiro bem estruturado, não entregando nada de forma óbvia, atuações competentes, principalmente da protagonista Sandra Bullock. Porém, como o filme é da Netflix, ficou acessível à crítica desembestada nas redes sociais. E as pessoas confundem opinião pessoal com o que o objeto criticado de fato é. Bird box não é o tipo de filme que eu goste de assistir. Me dá gastura. É apocalíptico, com suspense em torno de criaturas que não se sabe de onde vêm ou como são, e tem, de início não uma, mas duas mulheres grávidas e em consequência, duas crianças que precisam ser salvas pela dura  Mallorie/Bullock. Então no meu âmbito pessoal, particularmente e individualmente eu não gostei do filme. Mas, e esse é o ponto, o filme é muito bem feito.
É bom perceber que a metáfora gira em torno da maternidade e sua dureza e somente uma diretora conseguiria isso, um homem deixaria a aspereza de Mallorie truculenta e com certeza a colocaria em uma luta corporal com um dos monstros para tirar uma das crianças de suas garras. O filme é bom mesmo não sendo o meu estilo favorito. Percebem? Não é por eu não gostar que o filme é ruim. E a grande discussão nas redes sociais é essa: o filme é bom/ruim para mim que sou a medida de todas as coisas. Menos né individualista exacerbado da pós-contemporaneidade, bem menos, por favor.
        
Tudo começa quando do nada uma onda de suicídios na Rússia e Europa se estende para os EUA. E de repente, bem no retorno do pré-natal de Mallorie/Bullock sua irmã é acometida do surto. E ela foge, grávida, e resgatada por um grupo que se esconde numa casa na proximidade vai sobrevivendo. Logo eles descobrem que a visão é que faz o ímpeto do suicídio acontecer. Entre outros eventos que não direi aqui, pois podem caracterizar spoilers. Ela tem um filho e acaba cuidando de outra criança recém nascida também. Isso não é spoiler, no começo do filme assistimos Mallorie e as crianças fugindo para um rio. O recurso de se contar o começo da jornada da protagonista é o uso de fleshbacks para nos situar da história e nos dar o clima necessário para acompanhar a travessia perigosa por um rio com corredeiras.
         O filme pode parecer difícil àqueles que estão acostumados com suspense/terror que explicam tudo. Em filme algum se precisa explicar tudo. É o grande mal das produções pipocas americanas, dar conta de deixar o espectador com a sensação que não perdeu nada e entendeu tudo. Por vezes, para se entender tudo é necessário pensar um pouco. Gosto desses filmes que não são “didáticos”. Grandes realizadores são assim, fazem a obra e deixa a explicação para quem a assiste. E convenhamos Bird box não é nenhum “O sétimo selo” (Bergman), é cinema americano acessível. Só não mostra os monstros e nem conta de onde vêm. Se dispa do que os outros falaram sobre o filme e aproveite como o que ele propõe, um suspense com pitadas de terror. 

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