sábado, 13 de setembro de 2025

Wandinha X Wednesday

                                                    


Wandinha X Wednesday

  

        Começo perguntando: por que ainda se usa o nome “Wandinha” para “Wednesday”? Se a etimologia das palavras fossem pelo menos parecidas ou viessem do mesmo radical de uma palavra arcaica eu entenderia. “Wednesday” é “Quarta-feira” em inglês e vem de uma cantiga infantil que a personagem Mortícia gostava "Monday's Child" e que associava à personalidade de uma criança ao dia da semana que ela nasceu. O verso do poema sobre as Quartas-feiras é "Wednesday's child is full of woe" ("A criança de quarta-feira é cheia de aflições/desgosto") encaixando muito bem com a caracterização da personagem. Wanda ( Wandinha diminutivo) pode ter origem polaca ou germânica e significa andarilha, pastora, nome tribal dos vândalos e até mesmo uma pequena árvore. Eu acho que os responsáveis pelas versões brasileiras das produções estrangeiras não acreditam no potencial de entendimento e na capacidade de aprender de todos nós e inventam coisas que só ajudam a descontextualizar as obras. Eu como ex-professor (sim estou abandonando a sala de aula, não compensa o que o governo do Estado de São Paulo vem fazendo com a educação nos ultimos 30 anos, por acaso, se alguém tiver alguma indicação de trabalho estou aceitando pois não quero de jeito nenhum voltar a lecionar) acredito que é possível aprender qualquer coisa praticamente se houver interesse por parte de ambas as partes, sim os dois lados precisam quer. Então não faz sentido manter as terminologias desconexas.

        Quanto ao “que é canônico” na história da Família Addams, temos que enterder que quando Charles Addams publicou em 1938 pela primeira vez no “The New York Times” sua tirinha sobre uma família que tinha um senso de humor um tanto diferente e mórbido para os padrões da época e os caracterizando de forma peculiar ele tinha um claro intuito: satirizar o estilo de vida da família americana ideal da época. E isso se extendeu para uma série de televisão e animações e culminou para o sucesso de 1991 e depois 1993, uma continuação tão interessante quanto o primeiro. Entre tantos outros subprodutos para exploração comercial.

        Veio então as animações de de 2019 que manteve a essência mas já começou dar umas pitadas de desvio da mesma. E começou os rumores da série com Tim Burton dirigindo e a Jenna Ortega sendo a personagem título que estreou em 2022 a primeira temporada e a segunda agora em 2025. Deixo registrado que são produções bem redondinhas e divertidas. Se na primeira temporada recebemos as motivações e as apresentações necessárias dos novos atores aos personagens na segunda houve escolhas de roteito bem acertadas e atuações interessantes. O porém é a tentativa de encarxar os Addams, como produto, aos gostos de pessoas que claramente a concepção original critica. Parto da ideia que se todo mundo é um “excluído”, termo usado na série para justificar poderes e colocar dentro de uma escola especial, ninguém é excluido, pelo menos ali dentro. E principalmente se esses “excluídos” reproduzem a vibe “High School Musical” com ternos listrados de roxo e preto. Não é uma ideia ruim, só distorce o conceito do original. A família Addams era “excluida” por ser diferente do que era padronizado como ideal na época, o segundo filme trata muito bem isso quando Wandinha e o irmão vão para uma colônia de férias e subvertem todos os conceitos do lugar fazendo uma revolução e colocando a garota “perfeita” que era a grande líder pró-ativa toda vestida de tons rosa e floral sendo o contraponto da nefasta Wandinha. Ou mesmo a Debbie, que se casa com o “Tio Chico” ( Fester para Chico?), sendo uma vilã psicopata que com a frase icônica de Mortícia explica a ironia “Debbie... Tons pastéis?”. Nem vou falar da disputa de mãe e filha que se estabelece na história, as produções americanas adoram colocar a rivalidade feminina acontecendo, principalmente mãe contra filha, e aqui envolve mais a avó, Héster. Esse é um pilar básico e fundamental da família que não respeitaram. A Família Addams é a representação de uma família não convencional contra os padrões anglo-saxões, e é uma família unida. Por mais que possa haver tentativas de eletrocução, facadas, enforcamento não há rivalidades passivas-agressivas e tentativa de ”puxar o tapete”. Todos se respeitam e lutam pelos seus sem um ficar de joguinho contra o outro. O que acontece aqui com muita intensidade. A caracterização de Hester como uma senhora toda repaginada cheia de procedimentos estéticos acaba também fugindo da proposta. Não tem problema ela ser uma multimilionária, mas perder a aparência de bruxa descabelada faz o padrão se impor dentro da estética Addams. Poderia falar muita coisa. E esses pontos pareceu não incomodar ninguém. E como minha mãe dizia que eu não era todo mundo acho que eu posso ser só eu mesmo e não gostar de tudo isso na série.

        Tirando minha rabugice, espero não estar parecendo os viúvos do Superman do Snyder, eu admito que a série é boa. Gostosinha de assistir e tem um enredo muito bem enlaçado. Alguns personagens da primeira temporada voltam, quase todos, e tem um arco de finalização ou continuação adequada. Novos personagens se encaixam bem no contexto e a série entrega reviravoltas bem interessantes. Eu gostei mais da segunda parte da segunda temporada que muda todo o tom. Até me fez gostar le-ve-men-te de um zumbi... para quem não sabe eu odeio todos os zumbis de todas as histórias de terror de todos os tempos do mundo e por isso que não assisti “The Walking Dead” e outras produções. O-D-E-I-O. Já foi até assunto de uma sessão de terapia.

        No mais é isso. Tirando meu ranço por esses “deltalhes” eu gostei bastante de Wandinha e como tudo que vira um produto lucrativo para a massa acaba descaracterizando algumas coisas para atender ao público geral. O que é desnecessário pois manter a essencia só conecta mais ao ideal original que fez o público gostar da história. Mercado é assim.  




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