Na Falta de Filmes, Séries
Há
um tempo percebo uma mudança pessoal de comportamento. Seja por influência
financeira, seja por amadurecimento, seja por ter assistido tantos filmes na
vida, seja pela conjuntura dos astros, seja por frescurite no khóh, não consigo
me sujeitar mais a certos tipos de filmes. Então, para valorizar meu dinheiro e
tempo (e outros fatores também) eu ando selecionando muito o que assisto. Algo que
deveria também fazer isso com a comida... Junkie qualquer-coisa-que-seja já não
me agrada como antes.
Como
falo há tempos as séries alcançaram um patamar de qualidade tão bom quanto os mais
renomados filmes. E o único porém que aponto é o fato de esperar uma semana
para assistir um outro episódio quando a série está vinculada à televisão e não
a um serviço de Streaming.
- “Grace and Frankie”: terceira temporada
onde as duas mulheres se divorciam aos 70 anos, por causa de seus maridos serem
amantes há 20 anos, se veem obrigadas a morar juntas e ainda conseguem fôlego
para iniciarem aventuras amorosas e ainda desenvolvem um projeto de uma empresa
para produzir artigos “adultos” para mulheres com mais de 50 anos. A série não
perdeu o fôlego e conta com cenas impagáveis. Um deslize aqui e ali no roteiro
faz parte, mas no geral ele cumpre o prometido nas outras temporadas. Episódios
curtos, cerca de 30 minutos cada, garantem uma boa diversão. Quem já foi
fisgado não consegue deixar de lado;
- “Feud: Bette and Joan”: essa
foi uma deliciosa surpresa, a série acabou recentemente. A trajetória da vida
de duas divas que se cruzam através de um filme que as marcam (O que teria
acontecido a Baby Jane?), não só pela interpretação visceral, mas pela disputa
que os produtores e a imprensa provocaram para divulgar o filme. É de longe um
refresco para os adoradores de cinema. Susan Sarandon, como Bette Davis, e
Jessica Lange, como Joan Crawford, arrasam não só interpretando os mitos, mas
também revelando o quanto de humano existia nesses rótulos impostos por uma
sociedade que os cria e consome de forma voraz. Criação, e direção de alguns
episódios de Ryan Murphy (que é responsável por várias outras séries famosas) a
série solta farpas para todos os lados e não deixa ninguém de fora em suas
críticas, produtores, diretores, críticos e até público, todos têm sua cota de
culpa na vida conturbada das duas atrizes. O elenco é intocável, temos uma
Catherine Zeta-Jones fazendo uma afetada Olivia de Havilland e Kathy Bates como
uma idosa Joan Blondell que alfinetam as duas “amigas” para um documentário
entre outros atores renomados. O final é um pouco melancólico e decadente, mas
que vida de estrela não o é?;
- “Cara Gente Branca”: Esse eu
admito que estou um pouco intrigado e não tenho muita opinião formada a
respeito. Estou ainda nos primeiros episódios e apesar do roteiro mordaz e
direto não consegui sentir simpatia por essa série. A relevância de crítica
social sobre a questão dos negros em universidades é inquestionável. Porém algo
falta para conseguir minha total atenção que ainda não consegui identificar, e
quando assistir o restante dos episódios, o que imagino que irá demorar um
pouco, comento mais sobre essa série da Netflix;
- “Sense8”: uma querida entre as
séries pegou um ponto certeiro na mostra da diversidade cultural de um mundo
globalizado. Claro que de início a ideia de um grupo que se conectam
psiquicamente em diferentes partes do mundo interagindo entre si através de “visões”
e “sensações” acaba sendo muita viagem. Mas o que esperar dos irmãos Wachowski?
Quero dizer, das irmãs Wachowski. Sim, o mais legal é que os diretores agora
são diretoras. Transexuais assumidas e respeitadas pelos seus trabalhos de relevância
no cinema resolveram criar uma série que celebrasse a diversidade. Na série tem
vários tipos de sexualidade representados. E já levantou tanta polêmica que
cumpriu o papel de questionar algumas situações que a sociedade insiste em
querer esconder. A trama é tão fragmentada como um quebra-cabeças mas nada fica
jogado. Do momento que você consegue entender a lógica da coisa, lá pelo
segundo ou terceiro episódio, você já se apaixona. E o que não esperar de uma
série que usa a parada gay brasileira como uma de suas locações??? Ahhh,
esqueci de falar, homofóbicos não conseguirão assistir essa série, tenha mente
aberta, e não é só surubão que é importante viu, há uma trama bem articulada,
até agora, que deixa os momentos de sexo apenas como tempero que quebra os estereótipos
tradicionais;
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