sexta-feira, 1 de abril de 2016

Séries: RuPaul's Drag Race: Um Reality "De Vinhadu"








Como já comentei na resenha anterior eu me encontro totalmente atrasado com os filmes. Porém outro ponto é que ando totalmente desmotivado pelos filmes que andam por aí. Tanto que, assinante do Netflix, aproveito para assistir séries. E elas estão surpreendendo. E uma “série” que se destaca, já na 8ª temporada é na verdade um reality show: “RuPaul’s Drag Race”.



Sim, isso mesmo um reality “de vinhadu”, o que é um grande elogio. Por isso se for homofóbico pare a leitura por aqui pois não vai adiantar continuar. Agora se tiver um pouco de mente aberta aproveite e assista as temporadas ou pelo menos uma. Se não gostar tudo bem, pelo menos viu algo diferente.


“RuPaus’s Drag Race” é um típico reality show com disputas entre os participantes. Só que com homens que se vestem com roupas de mulher de forma bem feminina ou caricata. Como disse, se tiver uma mente aberta, talvez consiga entender um, preste atenção eu disse UM, viés de um mundo que as vezes fica tão distantes de muitos de nós. Não assista e comece a achar que todos os gays são assim, alguns são “drags”, o que é um pouco diferente de travesti ou transgênero.
Tecnicamente falando, uma “drag” é um homem, geralmente gay, pode ser que haja algum heterossexual por aí fazendo isso também, que se veste de mulher com fim artístico, seja através de dublagens, o mais tradicional, seja algum show de humor ligado à música ou a apresentações no estilo stand up. Para quem lembra, isso é muito antigo e entrega demais minha idade, havia aos sábados na Bandeirantes o “Clube do Bolinha” (quase imitando o Chacrinha) onde ele colocava “transformistas” dublando alguma cantora famosa, isso seria o que a drag faz. Porém o transformista pode também imitar algum homem. Já drag queens só se vestem de mulher.



O formato é praticamente o mesmo em todos os episódios, um mini desafio, que dá margem para o grande desafio da semana que depois será julgado juntamente com um desfile na passarela com roupas determinadas segundo algum tema. O grande desafio pode ser dança em grupo, encenação de algum quadro humorístico e até mesmo confeccionar uma roupa com produtos estranhos.
O desafio e o desfile são julgados por jurados convidados ilustres ficando  apenas as duas “drags” piores que precisarão dublar uma música para se salvarem. No final, a própria RuPaul, que admite isso descaradamente, é que decidirá quem ganha. E para quem não sabe quem é RuPaul... Ela é uma “drag queen” produtora, cantora, modelo, e atriz que consegui grande sucesso nos anos de 1990. Lembra daquela música “It’s Raining Men” (Está chovendo homem) que ainda é um grande hit cantado exaustivamente em caraoquês??? Uma das versões mais conhecidas é com ela. É meus amigos, o mundo gay está mais perto do que você imagina. E não se assustem, homens, se vocês reconhecerem algum termo que as mulheres usam exaustivamente por aí. É que elas aprenderam com os amigos gays.


Duas coisas tornam interessante esse programa. A primeira é que por mais “fake” (falso) que seja consegue ser um programa extremamente verdadeiro comparado a “Big Brother Brasil”, “Keeping Up with the Kardashians”, “A Fazenda” e outros do tipo. Perde um pouco, e talvez apenas, para o estilo The Voice, pois este envolve música e voz que são coisas mais acessíveis ao grande público. A segunda coisa interessante é que entre os desafios se mostra um pouco do que acontece entre os competidores. Em momentos que eles estão executando alguma tarefa, e em conversas, podemos ver como um gay também é um ser humano, e muitas vezes, um pouco mais sofrido que os outros seres humanos tidos como “normais”.
Não raras vezes algum participante abre o coração dizendo algo tão pessoal que nos choca: seja admitir que possui o vírus do HIV, seja dizer que a mãe o abandonou com quatro anos num ponto de ônibus, indo embora sem olhar para trás, seja dizer que teve algum problema com drogas, que ninguém na família sabe que era gay ou ainda que, acreditem, era virgem. Sim, alguns gays podem ser tão reprimidos pela sociedade que acabam não conseguindo se desabrocharem para o sexo.

Não sou um grande apreciador de “realitys” mas esse, contrariando minhas expectativas,  é um que consegui assistir todas as temporadas sem me entediar. Claro que pode ser um pouco difícil para alguém que não é “do meio” pegar as gírias o que não tira o charme do programa. Aos poucos todos vão se situando. Vele a diversão para quem, eu repito, se permitir ter uma mente aberta.

 E por favor “não fodam com tudo” (tradução livre de uma das frases de RuPaul) assistindo a série dublada... é péssima. Legendas são melhores e mais fiéis ao que está sendo dito. 







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