Como já
comentei na resenha anterior eu me encontro totalmente atrasado com os filmes.
Porém outro ponto é que ando totalmente desmotivado pelos filmes que andam por
aí. Tanto que, assinante do Netflix, aproveito para assistir séries. E elas
estão surpreendendo. E uma “série” que se destaca, já na 8ª temporada é na
verdade um reality show: “RuPaul’s Drag Race”.
Sim,
isso mesmo um reality “de vinhadu”, o que é um grande elogio. Por isso se for homofóbico pare a leitura por
aqui pois não vai adiantar continuar. Agora se tiver um pouco de mente aberta
aproveite e assista as temporadas ou pelo menos uma. Se não gostar tudo bem,
pelo menos viu algo diferente.
“RuPaus’s
Drag Race” é um típico reality show com disputas entre os participantes. Só que
com homens que se vestem com roupas de mulher de forma bem feminina ou
caricata. Como disse, se tiver uma mente aberta, talvez consiga entender um,
preste atenção eu disse UM, viés de um mundo que as vezes fica tão distantes de
muitos de nós. Não assista e comece a achar que todos os gays são assim, alguns
são “drags”, o que é um pouco diferente de travesti ou transgênero.
Tecnicamente falando, uma “drag” é um homem, geralmente gay, pode ser que haja
algum heterossexual por aí fazendo isso também, que se veste de mulher com fim
artístico, seja através de dublagens, o mais tradicional, seja algum show de
humor ligado à música ou a apresentações no estilo stand up. Para quem lembra,
isso é muito antigo e entrega demais minha idade, havia aos sábados na
Bandeirantes o “Clube do Bolinha” (quase imitando o Chacrinha) onde ele
colocava “transformistas” dublando alguma cantora famosa, isso seria o que a
drag faz. Porém o transformista pode também imitar algum homem. Já drag queens
só se vestem de mulher.
O
formato é praticamente o mesmo em todos os episódios, um mini desafio, que dá
margem para o grande desafio da semana que depois será julgado juntamente com
um desfile na passarela com roupas determinadas segundo algum tema. O grande
desafio pode ser dança em grupo, encenação de algum quadro humorístico e até
mesmo confeccionar uma roupa com produtos estranhos.
O desafio e o desfile são
julgados por jurados convidados ilustres ficando apenas as duas “drags” piores que precisarão
dublar uma música para se salvarem. No final, a própria RuPaul, que admite isso
descaradamente, é que decidirá quem ganha. E para quem não sabe quem é
RuPaul... Ela é uma “drag queen” produtora, cantora, modelo, e atriz que
consegui grande sucesso nos anos de 1990. Lembra daquela música “It’s Raining
Men” (Está chovendo homem) que ainda é um grande hit cantado exaustivamente em
caraoquês??? Uma das versões mais conhecidas é com ela. É meus amigos, o mundo
gay está mais perto do que você imagina. E não se assustem, homens, se vocês
reconhecerem algum termo que as mulheres usam exaustivamente por aí. É que elas
aprenderam com os amigos gays.
Duas coisas
tornam interessante esse programa. A primeira é que por mais “fake” (falso) que
seja consegue ser um programa extremamente verdadeiro comparado a “Big Brother
Brasil”, “Keeping Up with the Kardashians”, “A Fazenda” e outros do tipo. Perde
um pouco, e talvez apenas, para o estilo The Voice, pois este envolve música e
voz que são coisas mais acessíveis ao grande público. A segunda coisa
interessante é que entre os desafios se mostra um pouco do que acontece entre
os competidores. Em momentos que eles estão executando alguma tarefa, e em
conversas, podemos ver como um gay também é um ser humano, e muitas vezes, um
pouco mais sofrido que os outros seres humanos tidos como “normais”.
Não raras
vezes algum participante abre o coração dizendo algo tão pessoal que nos choca:
seja admitir que possui o vírus do HIV, seja dizer que a mãe o abandonou com
quatro anos num ponto de ônibus, indo embora sem olhar para trás, seja dizer
que teve algum problema com drogas, que ninguém na família sabe que era gay ou
ainda que, acreditem, era virgem. Sim, alguns gays podem ser tão reprimidos
pela sociedade que acabam não conseguindo se desabrocharem para o sexo.
Não sou
um grande apreciador de “realitys” mas esse, contrariando minhas expectativas, é um que consegui assistir todas as temporadas
sem me entediar. Claro que pode ser um pouco difícil para alguém que não é “do
meio” pegar as gírias o que não tira o charme do programa. Aos poucos todos vão
se situando. Vele a diversão para quem, eu repito, se permitir ter uma mente
aberta.
E por favor “não fodam com tudo” (tradução
livre de uma das frases de RuPaul) assistindo a série dublada... é péssima.
Legendas são melhores e mais fiéis ao que está sendo dito.
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