quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Corvo e A Queda da Casa de Usher - Terror "B"


 


               

                Esses dois títulos remetem duas obras do mestre da literatura de terror e suspense Edgar Allan Poe (1809-1849). São adaptações de, respectivamente, um poema e um conto. Com direção do grande Roger Corman, especializado em filmes “B”. Outra coisa que chama atenção é o uso do ator Peter Lorre, que se mostra sempre ótimo, apesar da suposta baixa qualidade do roteiro, como um coadjuvante de qualidade. O grande astro desses dois filmes é o deliciosamente canastrão Vicent Price. O único filme que havia assistido com ele foi o também considerado clássico “Edward Mãos de Tesoura” de Tim Burton. Neste filme Price é homenageado dignamente com o papel do criador de Edward. Então, só assisti um outro filme com ele cerca de 20 anos depois.

                Os filmes são adaptações bem ruins dos consagrados textos. É essa baixa qualidade dos filmes é que dá o charme. São efeitos especiais no puro estilo “Chaves & Chapolin”. Na verdade, acredito que o saudoso Roberto Bolaños bebeu de sua fonte, afinal os filmes são antecessores de seus rocambolescos personagens.

                A produção é tão ruim que acaba por usar praticamente o mesmo cenário para os dois filmes. Lembrando que para os padrões de hoje podemos considerar ruim, para a época, enganava bem.  Ambos são quase sofríveis. Ambos são cheios de falhas de continuação, mas ambos são toscamente divertidos. Sem se levar a sério eles estão ali para divertir e só. Sem pretensões de serem pérolas do primeiro escalão do cinema acabam se revelando diamantes do entretenimento “trash”.


                Então esqueça a linha narrativa dos dois textos de Poe e saiba que com Corman só há um homem rico que mora num grande castelo que acaba envolvido em alguma trama macabra que beira um pouco o sobrenatural. Entre os dois eu gostei mais de “O Corvo” porém “A Casa...” também é competente na sua função, que é, só recordando, diversão. Vale lembrar que são filmes de 1960 e 1963, outra dinâmica, outra narrativa, outra edição, outra “velocidade”. Sabendo disso a diversão é garantida. Principalmente pelo tom cômico.

                Duas curiosidades no filme “O Corvo”, uma é a presença de Boris Karloff, outro ícone de filmes de terror e um dos protagonistas mais conhecidos do monstro Frankenstein através do filme de 1931. E a outra é o oscarizado Jack Nicholson, em início de carreira, que faz uma participação secundária em uma calça “collant” justa... Justíssima, mais justa que Deus. Ainda não possui a cara de louco característica e nem a técnica aprimorada de atuação. Isso talvez explique ele ter aceitado fazer o filme de terror “O Iluminado”, além do cachê e da possibilidade de trabalhar com o diretor Stanley Kubrick, uma lembrança de seu início.


                Como disse não espere grandes produções e atuações dignas de prêmios. Desencane e divirta-se com os exageros de um gênero que pode ser traduzido pelo termo “terrir” (terror + rir). Vale a diversão. E só para constar, ambos estão disponíveis no YouTube e no Netflix. 






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