Esses
dois títulos remetem duas obras do mestre da literatura de terror e suspense
Edgar Allan Poe (1809-1849). São adaptações de, respectivamente, um poema e um
conto. Com direção do grande Roger Corman, especializado em filmes “B”. Outra
coisa que chama atenção é o uso do ator Peter Lorre, que se mostra sempre
ótimo, apesar da suposta baixa qualidade do roteiro, como um coadjuvante de
qualidade. O grande astro desses dois filmes é o deliciosamente canastrão
Vicent Price. O único filme que havia assistido com ele foi o também
considerado clássico “Edward Mãos de Tesoura” de Tim Burton. Neste filme Price
é homenageado dignamente com o papel do criador de Edward. Então, só assisti um
outro filme com ele cerca de 20 anos depois.
Os
filmes são adaptações bem ruins dos consagrados textos. É essa baixa qualidade
dos filmes é que dá o charme. São efeitos especiais no puro estilo “Chaves
& Chapolin”. Na verdade, acredito que o saudoso Roberto Bolaños bebeu de
sua fonte, afinal os filmes são antecessores de seus rocambolescos personagens.
A
produção é tão ruim que acaba por usar praticamente o mesmo cenário para os
dois filmes. Lembrando que para os padrões de hoje podemos considerar ruim, para a época, enganava bem. Ambos são quase sofríveis. Ambos
são cheios de falhas de continuação, mas ambos são toscamente divertidos. Sem se
levar a sério eles estão ali para divertir e só. Sem pretensões de serem
pérolas do primeiro escalão do cinema acabam se revelando diamantes do
entretenimento “trash”.
Então
esqueça a linha narrativa dos dois textos de Poe e saiba que com Corman só há
um homem rico que mora num grande castelo que acaba envolvido em alguma trama
macabra que beira um pouco o sobrenatural. Entre os dois eu gostei mais de “O
Corvo” porém “A Casa...” também é competente na sua função, que é, só recordando,
diversão. Vale lembrar que são filmes de 1960 e 1963, outra dinâmica, outra
narrativa, outra edição, outra “velocidade”. Sabendo disso a diversão é
garantida. Principalmente pelo tom cômico.
Duas
curiosidades no filme “O Corvo”, uma é a presença de Boris Karloff, outro ícone
de filmes de terror e um dos protagonistas mais conhecidos do monstro Frankenstein
através do filme de 1931. E a outra é o oscarizado Jack Nicholson, em início de
carreira, que faz uma participação secundária em uma calça “collant” justa... Justíssima,
mais justa que Deus. Ainda não possui a cara de louco característica e nem a técnica
aprimorada de atuação. Isso talvez explique ele ter aceitado fazer o filme de
terror “O Iluminado”, além do cachê e da possibilidade de trabalhar com o
diretor Stanley Kubrick, uma lembrança de seu início.
Como
disse não espere grandes produções e atuações dignas de prêmios. Desencane e
divirta-se com os exageros de um gênero que pode ser traduzido pelo termo “terrir”
(terror + rir). Vale a diversão. E só para constar, ambos estão disponíveis no
YouTube e no Netflix.
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