terça-feira, 19 de abril de 2016

Manhattan - Joia Preciosa de Woody Allen




                Ando assistindo filmes que por questão de maturidade sempre deixei passar. Entre eles, ano passado, “Annie Hall”, ou como é ridiculamente conhecido aqui, “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, e semana passada “Manhattan”, ambos de Woody Allen. E este é o ponto chave. Grande diretor e roteirista na ativa, praticamente um por ano, em alguns anos até mais, desde 1965. Ganhador de vários ‘Óscares’, e indicado a outros tantos. Só para saber de sua importância, já ganhou nessa premiação nas categorias de melhor diretor, melhor filme e melhor roteirista.  E para não ficar só no Oscar, temos Globo de Ouro, Bafta, pencas dos dois, e os mais conceituados e sérios: DOIS Césares, Leão de Prata em Berlim, DOIS prêmios no Festival de Veneza, e DOIS prêmios no Festival de Cannes. É, para alguém ganhar tantos prêmios assim uma coisa é certa: o cara é phodástico!!!

                Porém, tem uma coisa que ofusca Allen, o que me levou a demorar para tomar gosto pelos seus filmes. Ele é do tipo que se ama ou se odeia. Geralmente não há meio termo. Ou ele faz um filme muito phoda, muito mesmo, ou ele faz um filme que ninguém gosta. Além desses dois filmes citados acima eu aproveitei e assisti um documentário de sua vida. E o cara foi bom desde que começou como escritor de humor, passando para roteiros em televisão depois indo para shows de stand up, roteirista e ator até que tomou as rédeas de sua carreira e começou a dirigir os próprios filmes conseguindo todos aqueles prêmios citados. Ele começou a dirigir pois, em um de seus primeiros filmes, mudaram tanto seu roteiro que ele preferiu nunca mais deixar um produtor tocar em seus textos. Deu no que deu.

                “Annie Hall” e “Manhattan” não foram os únicos que assisti.  Também teve “Todos Dizem Que Eu Te Amo”, “Match Point – Ponto Final”, “Vicky Cristina Barcelona”, “Meia noite Em Paris” (sem o hífen mesmo) e “Blue Jasmine”. Este último já possui uma resenha no blog. Falarei nesta resenha sobre “Manhattan”, deixando para uma próxima oportunidade os outros.

                Como disse, eu não o assisti com entusiasmo antes, dos 30 anos, pois eu achava Woody Allen chato. Na verdade, eu não tinha a maturidade necessária para entendê-lo. E fui pego de surpresa com este filme. Julguei que seria uma apologia, uma declaração de amor a uma cidade que estou acostumado ver representada nos produtos de entretenimento americano. Porém há uma história de amor por trás. E não é uma história evidente. Ela é permeada por acontecimentos variados, idas e vindas, alguns desencontros como uma vida normal é.
Só no fim ficamos sabendo quem é o amor da vida do personagem principal. O próprio Allen faz esse personagem, Isaac Davis. E se antes eu não entendia como alguém tão feio poderia atrair o interesse de mulheres tão lindas, que estão nos seus filmes, eu simplesmente não sabia muito da natureza humana. Só perto de minha idade atual, depois de ver, viver e sentir muita coisa, principalmente morando em uma cidade grande e frequentando outra maior ainda, é que percebi que os relacionamentos são mais complexos que imaginamos. E que é sim normal, e acontece muito, de uma mulher linda, se interessar por um homem feio e não só financeiramente. Entendi um pouco, depois de tudo isso que disse, o poder de atração que uma pessoa mais velha pode exercer em alguém muito novo.

                No início o filme mostra Isaac namorando uma garota de 17 anos, Tracy/Mariel Hemingway e ter uns problemas com a ex esposa Jill/Meryl Streep que está para publicar um livro sobre a vida dos dois quando juntos. Sendo que Jill terminou o casamento com Isaac para se casar com uma mulher. Nessa mistura de situações ele conhece Mary Wilkie/Diane Keaton que é amante de seu melhor amigo, Yale Pollack/ Michael Murphy, que é casado com Emily/ Anne Byrne. Parece um caos de uma vida verdadeira. O próprio Woody Allen se envolveu em um escândalo recentemente quando sua esposa Mia Farrow descobriu que ele a traía com a filha adotiva do casal menor de idade. Se divorciando mais uma vez e ficando com a garota.
Então, nada tão perto da realidade quanto a miscelânea que Allen escreve. E antes que os puritanos “cidadãos de bem” comecem a pensar “que absurdo é esse de um filme mostrar um adulto com um relacionamento com uma menor de idade” só lembro que o filme é de 1979 e algumas hipocrisias da indústria cinematográfica ainda não existiam. Se mesmo assim você pensa “no quão errado é isso” só lembro que ainda hoje é muito comum, no mundo real, um bode velho, ou uma mulher mais velha, se interessar por uma criatura (garoto ou garota) bem mais nova que ele, ou ela, em muitos casos menores de idade. Não acho certo, mas eu sei que acontece. Posso até lembrar de um cantor descolado de uma banda bacana, que agora faz carreira solo, que começou namorar uma garota de 16 anos quanto ele já estava com seus 31... Minha opinião pessoal é simples: se é menor de idade não pode. Porém, repetindo, não é o que vejo acontecer entre várias “pessoas de bem”. Saindo então um pouco da questão moralista, volto ao filme. 

            Outra coisa que chama atenção é que é totalmente rodado em preto e branco. Remetendo a uma nostalgia que se tem de uma era onde se achava o mundo melhor. É um retomar de uma suposta pureza, pois apesar do sexo ser evidente entre Isaac e Tracy ambos são ingênuos em seus sentimentos. O tempo todo Isaac fica perguntando o que ela, com seus 17 anos, vê nele que já passou dos 40 anos. E ainda insiste que ela tenha outros relacionamentos com jovens da idade dela. E, outra alfinetada na hipocrisia, ela deixa claro que já fez sexo com outros caras, mas é com Isaac que ela se sente bem.


            Sei muito bem que essa história pode parecer espinhosa para corações sensíveis, pois o tema de jovens meninas com homens mais velhos toma ares de tabu nesses anos, mas o filme não é uma apologia ao amor com menores de idade. A garota tem 17 anos e logo fará 18, o que o filme mostra é que um coração já “vivido” pode sim se encantar pela beleza da juventude e se completar sem vampirizar a relação. E o contrário também pode acontecer, uma pessoa nova e “inexperiente” pode se aproximar sem “segundas intenções” por alguém bem mais velho. Principalmente num lugar tão fértil a qualquer tipo de encontros ou desencontros como Nova York, ou no caso “Manhattan”.






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