domingo, 29 de novembro de 2015

Victor Frankenstein: Da Perspectiva do Assistente Corcunda

 Victor Frankenstein: Da Perspectiva do Assistente Corcunda




         Quando sentei na poltrona do cinema eu estava esperando algo como “Van Helsing”. Uma produção caprichada, porém, descontraída, sem pretensão de se levar a sério. E não foi bem isso que vi. A produção é bem caprichada sim. Afinal com os avanços nas tecnologias cinematográficas tudo é possível. A reconstrução de uma Londres suja que está iniciando a era industrial juntamente com avanços científicos, como a luz elétrica, e o crescimento populacional dão ao filme uma “poluição” urbana que só ajuda a criar o clima. A história não é só baseada na obra original de Mary Shelley. E ao que parece se utiliza de vários “mitos” e “iconografias” que a história adquiriu ao longo de quase dois séculos de existência. O que também não é um defeito.




         O filme parte do ponto de vista do assistente de Victor, o Igor. Nos filmes antigos e paródias da história, Igor era um corcunda quase imbecil que obedecia cegamente ao seu chefe. Neste filme, isso é desconstruído de uma forma bem divertia, por um lado, e bem interessante, de outro. Daniel Radcliffe dá vida a esse personagem encarquilhado e com um corte de cabelo horrível, uma espécie de "Channel de bico". E aqui noto um certo amadurecimento do ator “harrypotteriano”. Ele ainda não é o melhor ator do mundo, mas já dá sinais que está levando a sério sua carreira e tenta fazer a lição de casa. Já não vemos o garoto “bruxo” e sim o ator que tenta se firmar pelo talento e não só pelo sucesso prematuro. Há anos ele insiste em reverter sua sina de “ator mirim de sucesso” para apenas ator. E, pela luz que demonstra lá no fim do túnel, uma hora dessas consegue. Então, lá se vai o personagem Igor apadrinhado pelo louco Victor, o charmoso James McAvoy que se firma no gênero “ação”. O jovem Professor Xavier mostra aqui uma certa “demência” atribuída aos gênios. E não é interessante perceber, numa nuance da interpretação do roteiro de Max Landis, que mesmo sendo o tempo todo eloquente, ao necessitar falar em público, para apresentar o protótipo de sua obra, ele gagueja, se atrapalha, afinal é um cientista e não um orador? E lá vai a sua primeira criatura dar trabalho mostrando quão perigosa é sua experiência. E como não teríamos história se ele não persistisse o enredo nos leva ao aprofundamento da loucura de Victor e o crescente espanto de Igor que não quer mais uma criatura rediviva em seu carma. A todo custo tenta fazer Victor abandonar o projeto. Como conhecemos a história, e isso o roteiro nos lembra na voz de Igor, Victor segue seu experimento para o inevitável monstro inicializado com os raios de uma tempestade. E para aproveitar os acontecimentos recentes, uma atualização bem “atual”, vemos um inspetor da Scotland Yard que persegue Victor, mais por questões religiosas do que por real crime contra a sociedade, o Inspetor Turpin realizado com uma gana cristã pelo ator Andrew Scoot que participou da série “Sherlock”. 

         O contraponto romântico fica apenas com Igor e a trapezista do qual é apaixonado: Lorelei. Interpretada pela atriz de “Downton Abbey” Jessica Brown Findlay parece só servir para tirar a tensão homoerótica e afetiva que existe entre Victor e Igor. Quase numa espécie de afirmação da sexualidade dos personagens. O que é contradito o tempo todo nas falas do início do filme. No começo do filme, quando numa cena, estranhamente engraçada, após Victor dar umas belas de umas encoxadas em Igor, para tirar sua corcunda, este, fala e repete algo como “Eu estou em pé” que na expressão em inglês dá evidente e claramente um duplo sentido.



O filme convence o tempo todo ao brincar com as referências míticas da história e nos dá uma nova perspectiva do que muitos conhecem. Mesmo assim, como na época de Shelley, fica difícil acreditar na “ciência” que Victor usa. Soa mais como um misticismo do que como ciência. Enfim, o que penso é que vale a diversão. Passando de drama a suspense, com pitadas de humor e romance, enverga para uma ação onde o hibridismo desponta fazendo uma grande colcha de retalhos. Com direção competente de Paul McGuigan do qual ainda não conhecia nenhuma obra. E como vi depois na internet que ele acabou por dirigir uns episódios da série televisiva “Sherlock”.


         Pode não ser uma das melhores adaptações do universo de Frankenstein, mas diverte. Bem melhor que “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte II” que ainda infesta os cinemas, esgotando as salas disponíveis a filmes melhores. Tão ruim que ainda não tive nem ânimo de escrever a respeito. Enfim, para quem gosta de pipoca e um filme que diverte, aproveite. Se bem, esqueci de escrever isso anteriormente, tem muitas gosmas nojentas. Talvez comer assistindo esse filme não seja uma boa ideia. Ou sou eu que estou muito fraco para pedaços de corpos e vísceras que andam aparecendo nos filmes.  


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Séries: Jessica Jones – Impressões do Primeiro Episódio

Jessica Jones – Impressões do Primeiro Episódio




         O universo Marvel, para mim, ainda possui lados, desdobramentos, situações e histórias que desconheço. Um verdadeiro buraco negro de informações me falta. E Jessica Jones está nesse limbo que fica fora do meu foco de visão. Há alguns meses acompanho o alvoroço em torno da série que a Netflix está disponibilizando no seu serviço. Então, como bom “virjão”, evitei o máximo de contato com a história para não me deixar influenciar. Sei que é um costume meio tonto... Mas a tonteira pode forjar um homem... Ou deixar ele mais tonto ainda!!!!

         As únicas informações que colhi sem detalhes foram:
- Ela era casada com um parente do Nicolas Cage, um tal de Luke Cage. (Antes de alguém começar a pensar que eu sou o cara mais burro da face da Terra, relaxa, é só uma piada, não leve tão a sério o que escrevo aqui, “Sorria!”);
- Também teve contato com muitos personagens “marvianos”;
- Num “trelelê” foi dominada por um vilão do mundo do Demolidor;
- Acaba na mansão dos Vingadores;
- Apanhou tanto que ficou em coma e foi tratada na S.H.I.E.L.D;
- Aposenta da vida de superpoderes e vira detetive particular, algo bem mais seguro e rentável;
E transcorre um monte de “baphoss” com mais uma porrada de heróis “marvianos” e vira uma bela de uma salada. Um tanto complicado para alguém como eu.
Então, com essa parcas informações, by Wikipédia, que eu estava “cagando & andando”, fui assistir a série tão esperada.


         Como coloquei no título, isso é só uma primeira impressão do primeiro episódio. E não foi das melhores. Para alguém que talvez já saiba algo a respeito e admire essa personagem, esse primeiro episódio deve ter causado furor, elásticos de calcinhas e cuecas arrebentando, suores, “tremeliques”, esse tipo de coisa. Para mim foi chato. Sei que geralmente o primeiro episódio apenas introduz o personagem e já dá um apontamento do que ocorrerá na trama. O personagem decide algo importante e desencadeia uma série de ações que nos levará ao clímax bombástico, que sempre é um gancho para a próxima temporada, onde todos xingam muito por ter que esperar um ano inteiro para voltar a assistir, isso se não for cancelada por falta de audiência. Ou seja, não vi ainda os demais episódios e o primeiro me deixou meio aborrecido. Por mais que tenha acabado com uma suposta reviravolta nos planos de fuga de Jessica.

         Tento sempre ser justo, então não falarei (mais) mal da série. Apenas sinto que não me surpreendeu esse primeiro episódio. Vou assistir os outros e já farei um novo comentário logo. Por isso, aqui, não falo de atores, de interpretações, direção e afins. Por enquanto está tudo abaixo do bom. Nada além, nada aquém.
         Aguardem novos apontamentos.




sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Beasts Of No Nation - Não É Fácil de Assistir

Beasts Of No Nation - Não É Fácil de Assistir





         Não é um filme fácil de assistir. Mostra uma realidade que está, supostamente, tão longe de todos nós que acabamos por classificar como pura ficção, imaginação. Porém se soubermos um pouco do que acontece no continente africano, lermos as poucas informações que chegam em nossos jornais e televisão, vamos ver que a realidade é bem mais tenebrosa pelo simples fato de acontecer.




         Eu já tinha algumas informações sobre o que ocorre na África através de alguns “missionários” e há dois anos tive uma palestra na faculdade sobre um grande genocídio ocorrido em Ruanda. A palestrante, Andréia Terzariol Couto, relata as informações que coletou sobre o assunto no livro “O país das Mil Colinas” (Editora Appris, 2013). Foi um massacre, em 3 meses cerca de 1 milhão de pessoas morreram. Isso em 1994. Há cerca de 20 anos. Pouco tempo. E o pior é que em tudo teve um “toque” dos brancos por trás.


         “Beasts Of No Nation” não fala de Ruanda. É uma adaptação do romance homônimo de Uzodinma Iweala, escritor norte-americano de origem nigeriana. Então tudo acontece na Nigéria, onde ocorre uma guerra civil. E coloque-se aí qualquer país africano que o roteiro acaba cobrindo grande parte das guerrilhas que lá ocorrem. Essa guerra atinge a cidade do protagonista principal do filme, Agu, interpretado pelo estreante Abraham Attah. Sua mãe é forçada a fugir com os dois irmãos mais novos e ele acaba ficando com o pai, o avô, que não interage mais com ninguém, e o irmão mais velho. O filme mostra um pouco como é a vida do garoto antes da invasão armada ao seu vilarejo. Era uma criança normal, de um lugar pobre, que vivia sua vida alheio aos problemas adultos, e tirando o proveito, com suas traquinagens, de tudo o que podia. E de repente tudo acaba. Com sua mãe longe, vê seu pai ser fuzilado e logo em seguida seu irmão. Sem opção foge para a floresta. É “resgatado” por uma milícia de resistência que  é tão feroz quanto os soldados que mataram sua família. Lá ele conhece o Comandante, interpretado por Idris Elba. É um personagem de extremo carisma e ao mesmo tempo letal. Suas palavras são de um messianismo assustador. Tudo o que faz é quase um rito religioso para convencer os jovens que “pega” pelo caminho. Faz uma lavagem cerebral a ponto de perderem a infância de um jeito assustador. E mesmo assim, com toda essa perversidade, Elba consegue dar a humanidade necessária para quase nos “afeiçoarmos” ao seu Comandante. Digo quase, pois seu carisma não é maior que suas atrocidades. Principalmente em relação ao que rouba das crianças. Agu, sem escolha, se rende e começa a fazer parte do grupo. E neste grupo vai viver sua vida entre sangue, drogas e abusos: é a bestificação proposta pelo título em inglês. Consegue até ter momentos de “molecagem” mas a tensão sufoca qualquer resquício possível de felicidade infantil. Consegue amizade na figura de outro garoto, mudo, Strika, outro ator mirim, Emmanuel "King Kong" Nii Adom Quaye. Sem falar uma palavra consegue transmitir o necessário para seu personagem. E aqui eu comento como foi difícil achar maiores informações sobre esse elenco. Parece que o filme quase “não existe”.



         Como já comentei em várias outras resenhas, eu tento não ler nada antes de assistir aos filmes. Fico apenas com informações básicas e  assisto o trailer para ver se me apetece. E qual não foi minha surpresa, ao começar a subir os créditos desse filme quando vejo o nome do diretor: Cary Fukunaga, ou como ele coloca nos créditos Cary Joji Fukunaga. E não só, também é o roteirista e o diretor de fotografia. Para quem não lembra ele é responsável pela direção da soberba primeira temporada de True Detective, pelo qual ganhou o Grammy de melhor Diretor por série dramática em 2014. Apesar de fotografar um lugar todo devastado pela guerra, há uma beleza retratada na tela, um tanto mórbida, mas bela. E tudo funciona tão bem que é impossível não ficar de boca aberta.



         O roteiro segue o livro, vemos os acontecimentos pela ótica do garoto Agu, o que deixa tudo mais devastador. Como disse no início não é um filme fácil de ver, mas é um filme necessário. Para quem lembra é só imaginar “Os Gritos do Silêncio”, mas dessa vez com uma criança, para sentir um pouco do que seria. Não somos poupados em momento algum do terror de estar no meio de uma guerra e a única saída para a paz parece ser a própria morte. É incrível que essa reflexão faz parte dos pensamentos do garoto Agu.



         Um filme exemplar, distribuído e “encomendado” pelo Netflix. Resta esperar ano que vem se os “acadêmicos” do Oscar vão reconhece-lo como a pérola que é ou vão esnobar pois não foi vinculado no padrão “convencional” da indústria cinematográfica.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Goosebumps – Monstros e Arrepios: Expectativa x Realidade

Goosebumps – Monstros e Arrepios: Expectativa x Realidade




         Expectativa: assistir um grande filme clássico de terror e fazer um comentário “phodásticohhh” para o Halloween e ter uns 50 milhões de acessos e comentários favoráveis...

         A realidade é que eu assisti “Goosebumps – Monstros e Arrepios” e a resenha é no mesmo nível de sempre, sem comentários favoráveis, sem milhões de acessos e estou postando no fim do dia de Finados.

         Pois éh!!!

         Eu vi esse filme quase que sem querer. Particularmente gosto muito de filmes baseados em obras literárias infanto-juvenis. Nem sempre são um primor de produção, mas é muito bacana ver personagens de “tinta” se materializarem na tela do cinema. Há alguns anos eu vi essa série nas livrarias, e senti curiosidade, porém nem sempre, como disse acima, a expectativa condiz com a realidade. E passou o tempo... De repente um dia vejo um comentário sobre essa série virar filme e mais um tempo depois me deparo com os anúncios nos cinemas.

         Pelo que consta sobre o livro, cada exemplar é uma história com personagens principais diferentes. No filme fizeram uma “grande brincadeira” com o autor e suas obras. Robert Lawrence Stine, que é autor verdadeiro, vira o personagem do filme, interpretado por Jack Black, que escreve livros onde os monstros criam vida e por isso os prende nos próprios livros à chave. Porém, um novo vizinho, um tanto intrometido, acaba por soltar alguns dos seus personagens mais aterrorizantes. E a confusão começa.

         A pegada é bem infantil. Com piadas simpáticas, um casal de protagonistas bonitos com um amigo atrapalhado, um coadjuvante de peso, o próprio Black. Um típico filme baseado em livros de adolescente. A produção é competente, como a grande maioria. Porém a história é um tanto manjada e já sabemos de algumas “reviravoltas” que tentará dar mais dinâmica a trama. Contudo não se prenda a essas mesmices hollywoodianas. Tudo acontece bem, para a faixa etária que se propõe. Pode não ser o sucesso de bilheteria dos últimos dois finais de semana, porém diverte. O terror no qual se baseia é meramente ilustrativo pois casa muito mais com comédia, mesmo usando personagens típicos e genéricos de filmes de horror B. O que só deixa mais divertido.

         Particularmente eu não gosto do Jack Black. Ele e Adam Sandler estão no mesmo patamar interpretativo em comédias: piloto automático. Não tenho como negar que ambos chamam bilheteria, por isso a quantidade de comédias com eles é grande. Já os demais atores são novos e com rostinhos bonitos, pelo menos o casal que surge desde o começo. Já o amigo inusitado, não podemos dizer que é bonito mas tem um “time” cômico muito bom. O casal é interpretado pela fofa Odeya Rush e pelo candidato a galã teen Dylan Minnette e o amigo é o Ryan Lee.



         No mais o Halloween me trouxe outras travessuras e nenhum doce. Para matar minha “gordice” só atacando a lata de leite condensado.