Sense8
Terminei de assistir a primeira
temporada de Sense8 e precisava fazer uma postagem no blog. Primeiramente
informações básicas: é uma criação dos irmãos Wachowski (foto abaixo) junto a J. Michael
Straczynski produzido para o Netflix.
A história se passa em vários lugares do
mundo devido aos 8 personagens principais. O roteiro é extremamente fragmentado
e inteligente. Com uma pegada de ação e humor que agrada. Segundo as fichas
técnicas é um drama de ficção científica. Se você só ler a respeito do que fala a
história pode parecer que é complicado e difícil entender. Alguns podem se
perder no meio do caminho, mas, apesar da fragmentação da história, cada
episódio é focado em um personagem onde os demais acabam sendo coadjuvantes. Encerra-se
uma história já há o gancho para outra. Apesar de ao mesmo tempo uma estar
intimamente ligada com a outra.
A história começa com uma estranha que
está claramente encurralada em um galpão abandonado, ela se chama Angelica
(Darryl Hannah), e sua única saída é se matar. Antes ela realiza uma espécie de
parto psíquico de 8 indivíduos que vão compartilhar uma espécie de poder de
intercomunicação pessoal. Tudo o que um sente os outros conseguem captar. Se um
está em apuros pode acessar as memórias e habilidades do outro para se livrar
da enrascada. Essa habilidade é chamada de Sensate. De início nenhum entende o que o outro é e o que está
acontecendo. Muito menos nós. O que proporciona cenas hilárias, antológicas,
comoventes... É delicioso assistir a série que se mostra muito simples e
sensível apesar da aparente complexidade do roteiro. É um quebra-cabeça aonde
vamos montando minuto a minuto o quadro por inteiro.
A seu modo cada personagem é muito
carismático. O que é fundamental para uma empreitada dessas. Além da linha
condutora da história temos tramas paralelas, pois cada um dos 8 personagens têm
seus dramas particulares que estão em percurso. E é justamente isso que deixa
tudo delicioso. Evidentemente temos uma instituição poderosa que os perseguem
para destruí-los, isso não podia faltar.
Temos variados tipos de pessoas, são tão
diferentes entre si que seria impossível uma amizade em situações normais. Em
São Francisco, EUA, vemos Nomi (Jamie Clayton) uma hacker transexual que se
descobre apaixonada por uma lésbica. Em Chicago há o policial Will Gorski
(Brian J. Smith) que além de seus fantasmas de infância começa a ter problemas
na profissão pelos seus delírios com os outros sete. No México um ator machão,
Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre), esconde um relacionamento gay com
Hernando (Alfonso Herrera) e tudo piora quando uma namorada de fachada descobre
sua condição. Na Londres temos a DJ finlandesa Riley Blue (Tuppence Middleton)
que foge de seu passado e acaba se metendo em complicações com um traficante.
Em Nairobi, África, o impagável Capheus “Van Damme” que dirige uma Van e entra
em apuros com bandidos para conseguir dinheiro para comprar remédios para sua
mãe, portadora do vírus HIV. Sun Bak (Doona Bae) é uma coreana que luta
clandestinamente e tem um pai empresário que prefere seu irmão, e a esnoba, causando
sua prisão. Kala Dandekar (Tina Desai) vive seu drama de casar com um homem que
não ama na tradicionalista Mumbai, Índia. E, fechando o grupo, o ladrão de
cofres Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt) que vive uma complicação causada pelo
seu último roubo.
A história desenrola e aos poucos vamos
entendendo o que acontece e como a vida de cada personagem é mudada por suas
novas condições. Amores e amizades surgem nesse grupo. É uma espécie de coletividade
mental participativa sem nenhum perder a sua própria individualidade.
A série é fantástica, com uma produção
bem caprichada e reviravoltas de dar nó nas tripas em cada episódio. Tem uma
leve inspiração na estrutura fragmentada do filme, um tanto que incompreendido
dos Wachowski, A Viagem (Cloud Atlas) conseguindo superar em qualidade. E alguns
questionamentos bem contemporâneos e contundentes. O Netflix está se superando
com as inovações de suas séries. Vale dar uma conferida.
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