segunda-feira, 6 de julho de 2015

Séries: Sense8 - Roteiro fragmentado e inteligente

Sense8



        Terminei de assistir a primeira temporada de Sense8 e precisava fazer uma postagem no blog. Primeiramente informações básicas: é uma criação dos irmãos Wachowski (foto abaixo) junto a J. Michael Straczynski produzido para o Netflix.
        A história se passa em vários lugares do mundo devido aos 8 personagens principais. O roteiro é extremamente fragmentado e inteligente. Com uma pegada de ação e humor que agrada. Segundo as fichas técnicas é um drama de ficção científica. Se você só ler a respeito do que fala a história pode parecer que é complicado e difícil entender. Alguns podem se perder no meio do caminho, mas, apesar da fragmentação da história, cada episódio é focado em um personagem onde os demais acabam sendo coadjuvantes. Encerra-se uma história já há o gancho para outra. Apesar de ao mesmo tempo uma estar intimamente ligada com a outra.

        A história começa com uma estranha que está claramente encurralada em um galpão abandonado, ela se chama Angelica (Darryl Hannah), e sua única saída é se matar. Antes ela realiza uma espécie de parto psíquico de 8 indivíduos que vão compartilhar uma espécie de poder de intercomunicação pessoal. Tudo o que um sente os outros conseguem captar.  Se um está em apuros pode acessar as memórias e habilidades do outro para se livrar da enrascada. Essa habilidade é chamada de Sensate. De início nenhum entende o que o outro é e o que está acontecendo. Muito menos nós. O que proporciona cenas hilárias, antológicas, comoventes... É delicioso assistir a série que se mostra muito simples e sensível apesar da aparente complexidade do roteiro. É um quebra-cabeça aonde vamos montando minuto a minuto o quadro por inteiro.

        A seu modo cada personagem é muito carismático. O que é fundamental para uma empreitada dessas. Além da linha condutora da história temos tramas paralelas, pois cada um dos 8 personagens têm seus dramas particulares que estão em percurso. E é justamente isso que deixa tudo delicioso. Evidentemente temos uma instituição poderosa que os perseguem para destruí-los, isso não podia faltar.


        Temos variados tipos de pessoas, são tão diferentes entre si que seria impossível uma amizade em situações normais. Em São Francisco, EUA, vemos Nomi (Jamie Clayton) uma hacker transexual que se descobre apaixonada por uma lésbica. Em Chicago há o policial Will Gorski (Brian J. Smith) que além de seus fantasmas de infância começa a ter problemas na profissão pelos seus delírios com os outros sete. No México um ator machão, Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre), esconde um relacionamento gay com Hernando (Alfonso Herrera) e tudo piora quando uma namorada de fachada descobre sua condição. Na Londres temos a DJ finlandesa Riley Blue (Tuppence Middleton) que foge de seu passado e acaba se metendo em complicações com um traficante. Em Nairobi, África, o impagável Capheus “Van Damme” que dirige uma Van e entra em apuros com bandidos para conseguir dinheiro para comprar remédios para sua mãe, portadora do vírus HIV. Sun Bak (Doona Bae) é uma coreana que luta clandestinamente e tem um pai empresário que prefere seu irmão, e a esnoba, causando sua prisão. Kala Dandekar (Tina Desai) vive seu drama de casar com um homem que não ama na tradicionalista Mumbai, Índia. E, fechando o grupo, o ladrão de cofres Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt) que vive uma complicação causada pelo seu último roubo.

        A história desenrola e aos poucos vamos entendendo o que acontece e como a vida de cada personagem é mudada por suas novas condições. Amores e amizades surgem nesse grupo. É uma espécie de coletividade mental participativa sem nenhum perder a sua própria individualidade.


        A série é fantástica, com uma produção bem caprichada e reviravoltas de dar nó nas tripas em cada episódio. Tem uma leve inspiração na estrutura fragmentada do filme, um tanto que incompreendido dos Wachowski, A Viagem (Cloud Atlas) conseguindo superar em qualidade. E alguns questionamentos bem contemporâneos e contundentes. O Netflix está se superando com as inovações de suas séries. Vale dar uma conferida. 


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