sábado, 13 de junho de 2015

Santo Antônio de Lisboa - 13 de junho

Santo Antônio de Lisboa - 13 de junho


                Então para quem não sabe, esse blog surge de uma necessidade de me expressar, contar um pouco minha vivência. De 1999- 2012, com alguns hiatos de tempo,  fui seminarista da Igreja Católica e vivenciei coisas boas, e muita coisa ruim. Então o blog era de início para contar tudo que queria sobre  esse tempo. 
                         Porém, percebi que gostava de escrever outras coisas, e comecei a escrever "resenhas" de filmes, um ou outro comentário pessoal, arrisquei na poesia e também tem uma "novelinha" (ficção) que estou desenvolvendo. E faz tempo que nada escrevo sobre algo da Igreja. E hoje, por ser dia deste santo fantástico, resolvi relatar o que um professor franciscano que tive me disse. Então, nem se arrisque em ler se esse não for seu foco... Essa reflexão foi feita no meu perfil do Facebook  ( https://www.facebook.com/vinimotta78 ) e gostei tanto dela que resolvi postar aqui.
               Logo mais haverá uma outra resenha de filme ou outra ideia que está me zunindo no cérebro. Aguardem!!!! 




         Dentre os santos católicos Santo Antônio é um que tem grande apreço de todos nós brasileiros por nossas origens portuguesas.  Antônio nasceu em Lisboa, um dos mais ilustres santos dessa nação, por mais que se atribua o título "de Pádua" na Itália que foi o lugar em que morreu.
         E um fato, que um franciscano que me deu aula comentou certa vez, foi que Santo Antônio é mais famoso que o próprio Francisco. Que depois de Nossa Senhora o maior culto de devoção à uma pessoa no mundo é dado a este santo. Ele disse que o processo canônico de Sto. Antônio foi meteórico, rápido e avassalador. Entendam, não que ele não fosse o gênio eloquente e o casto santo milagreiro que foi. Segundo esse franciscano o que aconteceu foi que a Igreja, enquanto instituição, não via com bons olhos o fenômeno “Francisco de Assis”. Pois era um homem simples, com uma formação "leiga" e sem nenhum título ou ordem, ou seja, um leigo que não era do clero. Dizem que com muito custo e desgosto ele foi ordenado diácono, coisa que não queria de jeito nenhum, queria ser pobre, o mais pobre possível, e uma ordenação o faria pertencer a um grupo "elitizado", fugindo assim de seu ideal máximo. Então o plano dos seus correligionários e da Igreja instituição foi por terra. Não teriam um santo "padre". O que era um absurdo, pois ele era fundador de uma "ordem" que dominou muito a Europa e influenciou muito o mundo. Outra controvérsia, pois, Francisco também não queria fundar ordem nenhuma. Tanto que relutou em "escrever" uma regra. E segundo consta essa primeira regra se perdeu “providencialmente”, por ser demais rígida e não permitir alguns “benefícios” ao irmão franciscano. E fizeram uma nova regra que conhecemos hoje.
         Então Antônio que já era ordenado, se encanta com o franciscanismo, deixa sua ordem anterior e se torna um pobre entre os pobres. Porém logo é “descoberto” e passa a exercer funções eruditas.
         Porém Francisco morre, e logo Antônio também. Não tinham como não canonizar os dois. Pois ambos foram exemplos de verdadeira vivência santa.
         Mas, e é aí que a narrativa desse meu ex professor franciscano continua veemente, houve um jogo de marketing enorme em Antônio que faltou em Francisco. Apesar do “fundador” ter transformado o jeito de ser cristão na idade média ele não era ministro ordenado (com muita relutância ele foi ordenado diácono, como disse acima). Então a instituição não via isso com bom olhos, um movimento desse porte não podia ser encabeçado por um “leigo”, então começam a motivar mais a devoção de Antônio que a de Francisco. Porém não conseguiam abafar o carisma avassalador de Francisco. Conseguiram então transformar Antônio em um santo mais popular ou famoso que Francisco. Pelo medo de se valorizar demais duas coisas, uma que já citei a questão de um “leigo” comum conseguir o que Francisco conseguiu e, a segunda, o medo que o clero, principalmente nesta época, tinha da pobreza.
         Ainda hoje é comum perceber como é difícil canonizar “leigos” cheios do Espírito Santo e como é fácil canonizar padres, freis, bispos, freiras não tão ancorados na santidade que o Espírito suscita e sim no serviço prestado à Instituição. Carisma e Institucionalização, vemos que muitas vezes o carisma, vindo direto do Espírito, dobra essa institucionalização. Mas quando o contrário ocorre sempre a Instituição faz uma artimanha para novamente colocar tudo nos eixos. Afinal Carisma não se controla, a Instituição sim...
         E só para constar um exemplo brasileiro, lembremos nossos santos canonizados de nossa terra. Lembraram? E agora pensem comigo, por qual motivo os pescadores que acharam N. Sra. Aparecida ainda não estão canonizados ou sequer nomeados para a beatificação????? Por eles serem leigos????

         Mas enfim, gosto muito de Santo Antônio, mas se esquecem de que ele era franciscano. Sem Francisco possivelmente não chegaria ao seu potencial máximo de santidade. E Francisco foi o revolucionário que modificou as estruturas, já Antônio foi institucionalizado, pois era da instituição.
         Salve Santo Antônio que pela iluminação de São Francisco pelo Espírito de Deus se tornou a devoção mais popular até este momento na história da Igreja institucionalizada...

         E que como sempre que o Espírito “sopre onde quer...” (referência a Jo 3, 8), mesmo que se tentem dobrar o Espírito...

Nenhum comentário:

Postar um comentário