terça-feira, 23 de junho de 2015

Divertida Mente - Processo da memória - Parte II

Processo da memória 



          A história seria bem simples se não houvesse dois planos narrativos. No primeiro plano vemos a vida da garotinha Riley que vê sua rotina ir embora junto com sua infância ao ser obrigada a se mudar para outra cidade devido ao trabalho do pai. Porém esse é só o estopim, a história verdadeiramente acontece dentro da cabecinha da criança, a segunda linha narrativa. E isso é genial.


        O cérebro seria uma espécie de cabine de controle, como se a garota fosse um robô, onde criaturas manteriam o seu bem estar, em outras palavras: a manteria feliz. Essas criaturas são as personificações das emoções mais básicas dos seres humanos. De certa forma foram reduzidas a apenas 5: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojo (Nojinho aqui no Brasil). É certo que a gama de sentimentos não se reduzem a estes, porém, por vários motivos, nesse filme se simplificou apenas nesse grupo.

        E como são sentimentos personificados cada um é unidimensional. A multidimensionalidade fica para Riley. Então, assim como a garota, essas emoções não são “maduras” estão ainda em processo de desenvolvimento. Uma característica disso é a Alegria querer a todo custo afastar a Tristeza do comando das memórias da Riley, algo bem imaturo. Outra coisa que fica genial é que, de forma bem didática, se consegue explicar todo o processo de produção, seleção e retenção de memórias. O cérebro vira uma metáfora, como se fosse uma espécie de fábrica, com todas as funções correspondentes. As emoções ajudam a criar as memórias que irão para campos diferentes de acordo com sua importância.

        E Riley que tem 11 anos e começa a viver sua primeira crise. Adivinhem, suas emoções piram e começa uma grande jornada de crescimento.

        De início a Alegria só quer que a garota seja feliz e menospreza e poda ao máximo a única que poderia impedir isso: a Tristeza. Esta por sua vez quer participar da vida da garota. Toda memória vira uma esfera para armazenamento saindo da cor referente a cada emoção que a causou. A maioria das esferas são amarelas, pois são emoções alegres. Com seu toque a Tristeza consegue transformar uma lembrança alegre em infeliz, torna a esfera azul, cor simbólica desse sentimento. Em uma confusão causada por essa mania da Tristeza em tocar as esferas de memória, as duas emoções, Tristeza e Alegria, acabam sendo sugadas para fora da sala de controle. Junto toda a estrutura básica emocional é quebrada e precisam repor algumas memórias que acabaram indo com elas de volta no local de origem. E como na sala fica somente a Raiva, o Medo e a Nojinho, o pandemônio está armado na cabecinha da garota.




        É bem interessante que, simbolicamente, a Alegria e a Tristeza têm que fazer a jornada juntas para retornar ao controle da vida da garota. Entram em vários campos distintos do cérebro, desde o campo da Imaginação, passando pelo campo da Abstração, indo pelo labirinto onde se armazenam as memórias e chegam até descer no nível do Subconciente. Tudo isso é mostrado de uma forma tão simples e lúdica a ponto de uma criança entender. E como isso é delicioso e tecnicamente bem complicado, ponto máximo aos roteiristas Meg LeFauve, Josh Cooley e Pete Docter, este último que também dirige a animação. 



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