segunda-feira, 23 de julho de 2018

Clássicos: Ninotchka


Ninotchka
(1939)







        
Debutei com a Greta Garbo em “Ninotchka”. E minha impressão foi de uma atriz presa a seu estereótipo de seriedade. Uma mulher linda, sofisticada que faz bem um papel de mulher distante ou enigmática. Sei que é dizer o mesmo que todo mundo sobre Garbo, mas apenas reforço aqui o que já se sabe dela.
      
   A história de “Ninotchka” segue estilo de comédia romântica. Enviados soviéticos precisam vender joias apreendidas da nobreza que foi deposta pelo regime comunista. Iranoff (Sig Ruman), Buljanoff (Felix Bressart) e Kopalski (Alexander Granach) se mostram um trio atrapalhado e incapaz de resolver um imbróglio que são envolvidos pelo conde Leon d’Algout (Melvyn Douglas) que quer recuperar as joias para a verdadeira dona, Condessa Swana (Ina Claire). Com a incompetência do trio uma representante é envidada por Moscou para por ordem na bagunça, Ninotchka Ivanovna Yakushova (Garbo).
        
Ninotchka se mostra assexuada, dura, eficiente, séria, obstinada e focada em sua missão. Contudo os deleites da vida capitalista vão corrompendo sua alma feminina. De inicio acha tudo estranho, extravagante e desnecessário, mas vai se convertendo. E percebe como, apesar de tudo que pregam na sua terra natal no pós-revolução, as demandas capitalistas, e parisienses, lhe apetecem mais. Somado a isso temos seu encontro por acaso com d’Algout. Um típico bon vivant que quer recuperar as joias para sua amiga/amante Swana. Coloque nessa mistura toda um humor simpático e aparentemente inocente e um pouco de romance e teremos a mistura perfeita. O roteiro é encabeçado por Billy Wilder e a direção de Ernest Lubitsch ambos com clássicos consagrados e reconhecidos em suas grandezas.
        
Até então, Garbo era mais conhecida por sua presença em filmes dramáticos e colocá-la em uma comédia foi um jogo bem orquestrado e com um ótimo resultado final. No fundo vemos que a primeira parte, onde Garbo é mais taciturna, há mais tranquilidade entre a personagem e a atriz. Já na segunda parte vemos a tensão que se instala. Não que seja ruim e desmereça a atuação de Garbo.
Pelo contrário, ela faz o seu máximo e consegue competência. Diante de todas as críticas sociais que o filme carrega temos o romance impossível de uma agente soviética com um trambiqueiro francês que consegue mover montanhas para fica ao lado do amor de sua vida. Se o capitalismo corrompeu o coração soviético de Ninotchka, a paixão corrompe o cínico coração de d’Algout. Os pontos românticos nos soam um tanto quanto piegas aos nossos olhos contemporâneos. Afinal são décadas de aperfeiçoamento do endurecimento de nossas almas áridas. Porém se nos entregarmos ao clima essa estranheza se desfaz e conseguimos aproveitar mais o filme. O tempo em tela passa voando e o filme em momento algum aborrece.

         Perfeito para uma tarde chuvosa em casa se estiver de bobeira. Ou para qualquer outro momento de sua folga. No mais, preciso ver Garbo em algo sério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário