quinta-feira, 19 de julho de 2018

Clássicos: Jezebel


Jezebel
(1938)



         Senhoras, senhores, senhoritas e senhoritos, com muito entusiasmo e artificialidade, venho apresentar minha nova empreitada. Tenho comentado o quanto acho os filmes recentes um tanto quanto entediantes. Salvo exceções, obviamente, que são raras. Há algum tempo também eu desejo muito assistir clássicos, aqueles bemmmm clássicos. Não estou falando de filmes cultuados pelos descolados de hoje que conseguem apenas entender como “filme antigo” um Kubrick por exemplo. Falo de filmes das décadas de 1930, 1940, etc. Os poucos que assisti foram soberbos e com enredos mais avançados que muitas produções puritanas recentes. E eu fui atrás achando uns filmes desses por aí perdidos.
E páh! Bam! Pouh!
         Entrei de “vuadora nos peitos” e consegui ver Jezebel.
“Meu”, filmão da poha...
       Imagine o furor que “...E o vento levou”, em fase de produção, estava causando em Hollywood. Muitas atrizes se estapeando para conseguir ser Scarllet O’Hara e uma delas era ninguém menos que Bette Davis. Sim, Davis foi preterida, e dizem que de consolo recebeu o convite para “Jezebel”. A estreia foi anterior ao “...E o vento levou” e deu mais uma estatueta do Oscar à Davis que já tinha ganhado três anos antes por “Perigosa”, que é o próximo de minha listinha.
        
Em “Jezebel” temos um quadro típico do sul dos Estados Unidos: pouco antes de 1900, a cidade é Nova Orleans, escravocrata e atrasada em pequenas demandas que conteriam alguns problemas básicos. A febre amarela assola a região. E nesse panorama temos a teimosa e mimada Julie Marsden (Davis) que faz do noivo Preston Dillard (Henry Fonda) gato-e-sapato. O auge da humilhação acontece quando, para afrontar, ela decide ir ao baile dos ricos da cidade com um vestido vermelho.   Olha que escândalo, um vestido V-E-R-M-E-L-H-O! O que foi a última gota para acabar com a paciência do mancebo apaixonado que rompe o noivado e parte para o Norte a trabalho. Amparada e consolada pelos tios, principalmente pela Tia Belle Massey (Fay Bainter), espera um longo ano em tristeza até a volta do amado, que está casado com outra. Por capricho e para causar briga entre seu antigo noivo e um valentão que lhe tem paixão, Buck Cantrell (George Brent), ela engendra um plano que não sai como planejado e causa o maior desconforto, para falar o mínimo, entres os convidados da festa que tinha promovido para receber e tentar conquistar o antigo amor. O ápice dos infortúnios ocorre quando Preston cai doente pela febre amarela  alguns dias depois e, por lei, terá que ser exilado junto com os outros doentes numa ilha onde ficavam os leprosos da região.
        
Claro que um filme que tem 80 anos não terá spoilers possíveis.  Mas basicamente não contei grandes segredos da trama. Contudo o que mais me deixou espantado foi a atuação de Davis. Ela faz a garota “virgem” do sul que manipula e transtorna todos à sua volta. Tem um vigor tão espetacular quanto Scarllet O’Hara. A grandiosidade de “...E o vento levou” é espantosa, talvez o motivo de “Jezebel” ter sido esquecido por muitos através das décadas. A personagem Julie tem uma personalidade forte, mas que precisa ser doce, pois as regras de conduta da época exigem. E ver Davis fazendo esse tipo de papel, pois estou acostumado com os filmes mais novos dela, é um verdadeiro deleite a quem gosta de uma boa interpretação. O bônus está em Fay Bainter que faz a resignada e preocupada Tia Belle.  De todas as formas tenta contornar as consequências dos atos de Julie, sem sucesso. Este papel lhe rendeu o Oscar de coadjuvante. Eclipsar Davis é impossível mas brilhar ao lado dela numa atuação soberba foi o que Bainter conseguiu.
        
E este é o primeiro filme clássico que tanto procurei iniciando minha nova onda de comentários no blog. Não deixarei os lançamentos de lado, mas investirei meu tempo nesses monstros consagrados pela crítica e apurados pelo tempo. Com “Jezebel” inicio essa empreitada de um amante do cinema, vasculhando os meandros mais recônditos e longínquos na história da sétima arte.  

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