sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Filme: Me chame pelo seu nome

Me Chame Pelo Seu Nome





         Reta final do mês de Janeiro e de minhas férias e estou aqui de novo. Sim, voltei para fazer uma pequena resenha sobre o filme que intitula esse texto.  Logo volto a trabalhar, mas já garanti um tempo para me dedicar mais aos meus feitos “escriativos”. Sim, até criei uma palavra para manifestar o que queria realmente fazer. E sim, eu sei que isso é considerado horroroso na nossa língua a não ser que você seja um escritor ‘phoda’ como Guimarães Rosa ou um intelectual que renegou toda sua obra acadêmica em função de sua carreira política como o FHC. Mas me deixem... Tenho direito a digressões e licenças poéticas ou ainda grafias alternativas, direito este concedido por mim mesmo. <3
E vamos parar de papo-furado. No filme “Me chame pelo seu nome” (estou mudando também a grafia dos nomes dos filmes, antes colocava as palavras em maiúsculas, seguindo um padrão de escrita de sites e afins, agora escreverei só a inicial maiúscula e todas as demais em minúsculas, salvo nomes próprios) Gente o que está dando em mim? Que surto gramático-linguístico está me assolando? E essa falsa e artificial forma de expressar espanto? E essa ironia cínica? Acho que um ser há muitos anos preso nas masmorras de meu âmago está ressurgindo. Um ser feito de medo, ironia, sarcasmo, dor de cotovelo, falta de amor e muito ódio, grosseria, teatralidade, divagações, corrosões, rudeza: o verdadeiro eu!!!!  E aquela frase que eu comecei e não conclui???? E de quem é o tríplex? E cadê a prova? E o ‘helicoca’ de quem é? E por qual motivo nenhum outro político é julgado tão rápido assim? Quem matou Odete Roitman? Bom, essa eu sei, foi a Leila... 
Quanto às outras perguntas ficamos sem respostas por hora. Já esse surto psicótico-gramático-linguístico talvez seja só gases intelectualoides mesmo. Dando um peido passa...
Em função desse estado de espírito gaseificado eu já começo falando de como eu achei chato “Me chame pelo seu nome”... Afff... Que chute no saco dado pelo tédio. Pelo menos nos 2/3 iniciais do filme. A descoberta da adolescência que não foi uma descoberta de verdade, a vida perfeita de Elio, jovem rico que tem acesso aos conhecimentos intelectuais mais amplos possíveis, moradia na Itália numa propriedade charmosíssima, com toda criadagem necessária, com tudo pronto, a descoberta da paixão através de um homem mais velho e com uma aparência de Deus grego, perfeição, beleza, família de boa com mãe e pai abertos e amorosos, atitudes fofas... Zzzzzzzzzz!
O filme toma verdadeiro viço no 1/3 final onde as emoções são expostas e conversas são feitas. Elio está triste com a partida de Oliver. A fala de conforto do pai de Elio é a melhor do filme todo. Ele, sem entregar muito da história, vai na jugular de uma mentalidade muito difundida hoje em dia: o não querer sentir o que nos faça sofrer. A fala é muito pertinente e nos lembra de que muitas vezes o sentimento “ruim” está atrelado ao bom. Uma má lembrança, por vezes, carrega consigo uma boa lembrança, se considerar um todo maior. Erradicando uma também excluímos a outra. Para se entender melhor eu transcrevi a fala: "Nós tiramos tanto de nós mesmos para nos curarmos das coisas mais rápido que vamos à falência aos 30 anos... E temos menos a oferecer cada vez que recomeçamos com uma nova pessoa. Mas forçar a si mesmo a não sentir nada... Para não sentir nada... Que desperdício!" É desperdício tentar não sofrer, como é tentar não se alegrar ou ainda não se divertir ou não sentir tédio. Todas são emoções humanas e todas merecem e devem ser vividas. Mesmo não agradando muito. É o que nos torna humanizados. Sofrer por um amor “perdido” faz parte do jogo para nos preparar ao reencontro de um novo amor. Ter saudade de alguém que se foi é algo bom para não sermos tão egocêntricos e valorizar mais quem ficou ou quem vai entrar na nossa vida. O problema é ficar preso nessa emoção negativa. Não ressignificar e não continuar a vida em função disso. Sempre escutei de pessoas que tiveram cães, por exemplo, que depois da morte de um animalzinho, nunca mais queriam ter outro, “é muito sofrimento” e que “a vida não é justa”, “é duro eles morrerem”.
E isso me soa tão estranho. Eu já tive mais de 10 animais de estimação e todos morreram e eu senti do fundo do coração por cada um. E isso não me fez querer nunca mais ter outro bichinho na minha vida. Pois apesar do sofrimento da perda foi ótima a alegria diária de ter um cachorro como companheiro, as brincadeiras, a beleza de ter um ser ao seu lado numa relação de confiança. Era chato limpar o cocô, mas era ótimo a lambida que, na linguagem deles, era puro afeto. Mesmo com tantas perdas de cães que tive isso me motivou a ter minhas princesinhas comigo hoje, duas Shih-tzus fofas.
Voltando ao filme... Divaguei um pouco agora. Não é por eu ter achado um pouco chato o começo que ele não seja um bom filme, acima da média na verdade. A direção se esmerou a mostrar uma história com um lindo cenário. A Itália sempre é retratada com uma aura exuberante que também é utilizada neste filme. As interpretações estão ótimas. Timothée Chalamet convence como Elio, jovem com vida perfeita que tem acesso ao seu primeiro confronto amoroso. E seu par romântico Oliver (Armie Hammer) cumpre o papel de galã “deflorador” que vai embora, bem típico em histórias gays. Talvez ele seja menos FdeP, ou não... O que quero dizer é que ambos convencem no amor que manifestam e isso é bem legal. Nada é forçado, tudo é mostrado com delicadeza, lirismo, palavra essa muito usada para falar do filme. O pai de Elio, Mr. Perlman, interpretado pelo ótimo Michael Stuhlbarg, é de uma compreensão e de uma sensibilidade incrível. Esse ator anda me chamando muito atenção. E tudo isso é também obra do roteiro bem elaborado, baseado no livro de mesmo nome do escritor André Acimam, e do diretor que consegue executar um ótimo trabalho. O elenco todo está bem afinado. É no todo um filme bonito que demora um pouco para decolar. Para quem nunca assistiu outros filmes de temática gay talvez esse pareça ser o mais bonito, o mais inovador, o mais t
udo. Só lembrando que há outros filmes com suas especificidades e próprios da época de suas execuções. Para os iniciantes que gostam do tema vale conferir os outros.

E lembrete: homofóbicos não assistam, ou melhor, homofóbicos não existam!!! Beijos de luz! 

2 comentários:

  1. O filme não me agradou mas assisti até o final e o que ficou foi a tristeza do Élio por saber que jamais teria o seu amado Oliver de volta...

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  2. Graças a Cher! Já pensou ter um Oliver por perto o tempo todo? Se ele foi capaz de fazer esse estrago em poucas semanas, imagina em uma relação?

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