Me Chame Pelo Seu Nome
Reta final do mês de Janeiro e de minhas férias e estou aqui
de novo. Sim, voltei para fazer uma pequena resenha sobre o filme que intitula
esse texto. Logo volto a trabalhar, mas
já garanti um tempo para me dedicar mais aos meus feitos “escriativos”. Sim,
até criei uma palavra para manifestar o que queria realmente fazer. E sim, eu
sei que isso é considerado horroroso na nossa língua a não ser que você seja um
escritor ‘phoda’ como Guimarães Rosa ou um intelectual que renegou toda sua
obra acadêmica em função de sua carreira política como o FHC. Mas me deixem...
Tenho direito a digressões e licenças poéticas ou ainda grafias alternativas,
direito este concedido por mim mesmo. <3
E vamos
parar de papo-furado. No filme “Me chame pelo seu nome” (estou mudando também a
grafia dos nomes dos filmes, antes colocava as palavras em maiúsculas, seguindo
um padrão de escrita de sites e afins, agora escreverei só a inicial maiúscula
e todas as demais em minúsculas, salvo nomes próprios) Gente o que está dando
em mim? Que surto gramático-linguístico está me assolando? E essa falsa e
artificial forma de expressar espanto? E essa ironia cínica? Acho que um ser há
muitos anos preso nas masmorras de meu âmago está ressurgindo. Um ser feito de
medo, ironia, sarcasmo, dor de cotovelo, falta de amor e muito ódio, grosseria,
teatralidade, divagações, corrosões, rudeza: o verdadeiro eu!!!! E aquela frase que eu comecei e não
conclui???? E de quem é o tríplex? E cadê a prova? E o ‘helicoca’ de quem é? E
por qual motivo nenhum outro político é julgado tão rápido assim? Quem matou
Odete Roitman? Bom, essa eu sei, foi a Leila...
Quanto
às outras perguntas ficamos sem respostas por hora. Já esse surto
psicótico-gramático-linguístico talvez seja só gases intelectualoides mesmo.
Dando um peido passa...
Em
função desse estado de espírito gaseificado eu já começo falando de como eu
achei chato “Me chame pelo seu nome”... Afff... Que chute no saco dado pelo
tédio. Pelo menos nos 2/3 iniciais do filme. A descoberta da adolescência que
não foi uma descoberta de verdade, a vida perfeita de Elio, jovem rico que tem
acesso aos conhecimentos intelectuais mais amplos possíveis, moradia na Itália
numa propriedade charmosíssima, com toda criadagem necessária, com tudo pronto,
a descoberta da paixão através de um homem mais velho e com uma aparência de
Deus grego, perfeição, beleza, família de boa com mãe e pai abertos e amorosos,
atitudes fofas... Zzzzzzzzzz!
O
filme toma verdadeiro viço no 1/3 final onde as emoções são expostas e
conversas são feitas. Elio está triste com a partida de Oliver. A fala de
conforto do pai de Elio é a melhor do filme todo. Ele, sem entregar muito da
história, vai na jugular de uma mentalidade muito difundida hoje em dia: o não
querer sentir o que nos faça sofrer. A fala é muito pertinente e nos lembra de
que muitas vezes o sentimento “ruim” está atrelado ao bom. Uma má lembrança,
por vezes, carrega consigo uma boa lembrança, se considerar um todo maior. Erradicando
uma também excluímos a outra. Para se entender melhor eu transcrevi a fala: "Nós
tiramos tanto de nós mesmos para nos curarmos das coisas mais rápido que vamos
à falência aos 30 anos... E temos menos a oferecer cada vez que recomeçamos com
uma nova pessoa. Mas forçar a si mesmo a não sentir nada... Para não sentir
nada... Que desperdício!" É desperdício tentar não sofrer, como é tentar
não se alegrar ou ainda não se divertir ou não sentir tédio. Todas são emoções
humanas e todas merecem e devem ser vividas. Mesmo não agradando muito. É o que
nos torna humanizados. Sofrer por um amor “perdido” faz parte do jogo para nos
preparar ao reencontro de um novo amor. Ter saudade de alguém que se foi é algo
bom para não sermos tão egocêntricos e valorizar mais quem ficou ou quem vai
entrar na nossa vida. O problema é ficar preso nessa emoção negativa. Não ressignificar
e não continuar a vida em função disso. Sempre escutei de pessoas que tiveram
cães, por exemplo, que depois da morte de um animalzinho, nunca mais queriam
ter outro, “é muito sofrimento” e que “a vida não é justa”, “é duro eles
morrerem”.
E isso me soa tão estranho. Eu já tive mais de 10 animais de
estimação e todos morreram e eu senti do fundo do coração por cada um. E isso
não me fez querer nunca mais ter outro bichinho na minha vida. Pois apesar do
sofrimento da perda foi ótima a alegria diária de ter um cachorro como
companheiro, as brincadeiras, a beleza de ter um ser ao seu lado numa relação
de confiança. Era chato limpar o cocô, mas era ótimo a lambida que, na
linguagem deles, era puro afeto. Mesmo com tantas perdas de cães que tive isso
me motivou a ter minhas princesinhas comigo hoje, duas Shih-tzus fofas.
Voltando
ao filme... Divaguei um pouco agora. Não é por eu ter achado um pouco chato o
começo que ele não seja um bom filme, acima da média na verdade. A direção se
esmerou a mostrar uma história com um lindo cenário. A Itália sempre é
retratada com uma aura exuberante que também é utilizada neste filme. As
interpretações estão ótimas. Timothée Chalamet convence como Elio, jovem com
vida perfeita que tem acesso ao seu primeiro confronto amoroso. E seu par
romântico Oliver (Armie Hammer) cumpre o papel de galã “deflorador” que vai
embora, bem típico em histórias gays. Talvez ele seja menos FdeP, ou não... O
que quero dizer é que ambos convencem no amor que manifestam e isso é bem
legal. Nada é forçado, tudo é mostrado com delicadeza, lirismo, palavra essa
muito usada para falar do filme. O pai de Elio, Mr. Perlman, interpretado pelo
ótimo Michael Stuhlbarg, é de uma compreensão e de uma sensibilidade incrível.
Esse ator anda me chamando muito atenção. E tudo isso é também obra do roteiro
bem elaborado, baseado no livro de mesmo nome do escritor André Acimam, e do
diretor que consegue executar um ótimo trabalho. O elenco todo está bem
afinado. É no todo um filme bonito que demora um pouco para decolar. Para quem
nunca assistiu outros filmes de temática gay talvez esse pareça ser o mais
bonito, o mais inovador, o mais t
udo. Só lembrando que há outros filmes com
suas especificidades e próprios da época de suas execuções. Para os iniciantes
que gostam do tema vale conferir os outros.
E
lembrete: homofóbicos não assistam, ou melhor, homofóbicos não existam!!!
Beijos de luz!
O filme não me agradou mas assisti até o final e o que ficou foi a tristeza do Élio por saber que jamais teria o seu amado Oliver de volta...
ResponderExcluirGraças a Cher! Já pensou ter um Oliver por perto o tempo todo? Se ele foi capaz de fazer esse estrago em poucas semanas, imagina em uma relação?
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